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A Rede D´Or (RDOR3) e a Atlântica, da Bradesco Seguros, anunciaram ontem (8) a criação de uma parceria (joint venture, JV) que será proprietária de hospitais selecionados. Inicialmente, três greenfields que já estavam em construção no plano de expansão da D’Or (Macaé, Alphaville e Guarulhos) serão detidos pela JV, todos a serem lançados em breve, com 620 leitos.
O investimento inicial de R$ 1,16 bilhão (R$ 1,8 milhão por leito), que parcialmente já ocorreu por meio da D’Or, será dividido pelas partes (50,01% da JV pertence à D’Or e 49,99% à Atlântica). Outros ativos poderão ser acrescentados, sendo Taubaté e Ribeirão Preto citados no edital como possibilidades. A mudança não é uma verticalização, pois a empresa mencionou que os hospitais ficarão à disposição de outros pagadores.
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Analistas receberam bem a notícia principalmente para Rede D’Or, com as ações fechando em alta de 2,54%, a R$ 30,27, entre os destaques de ganhos do Ibovespa em uma sessão de aversão ao risco do mercado, com o índice fechando em baixa de 1%. O Morgan Stanley avalia o movimento como positivo, pois pode acelerar o ramp-up de greenfields, diminuir o atrito comercial e ajudar ligeiramente a estrutura de capital da D’Or.
Segundo analistas, o acordo é imprevisto, pois a Rede D’Or está firmando parceria com um grande concorrente de seu negócio de pagadores. No entanto, ao fazer isso para greenfields não lançados, a D’Or está facilitando a construção de novos hospitais e reduzindo potencialmente o estresse comercial futuro.
O Morgan lembra que hospitais são empresas de custos fixos e esta ajuda crescente é bem-vinda. A empresa detém atualmente uma capacidade ociosa significativa (83% em operação contra total de leitos). O banco ainda disse enxergar positivamente a expansão do modelo JV pagador-provedor no Brasil como uma forma de contornar as pressões sistêmicas.
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A XP Investimentos, por sua vez, comenta que o acordo aproxima o gigante Bradesco da SulAmérica e pode aumentar a influência da Rede D’Or em todo o setor, ao mesmo tempo que proporciona um fluxo adicional de pacientes, o que pode impulsionar ainda mais o crescimento orgânico da Rede D’Or.
Nesse contexto, a corretora vê o acordo como positivo para a Rede D’Or e negativo para todos os outros prestadores – mesmo aqueles que têm parcerias semelhantes com a Atlântica.
O Itaú BBA também avalia a transação como positiva, uma vez que a D’or fechou parceria com seu maior cliente e aumento a confiança na sua capacidade de expansão leitos.
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Em primeiro lugar, o BBA cita que o anúncio foi uma surpresa. Com os esforços da Bradesco Saúde para aumentar a eficiência de custos, o banco identifica o pagador como uma das principais pressões sobre o setor hospitalar em termos de negociação de preços, credenciamento de capacidade e ciclo de conversão de caixa – aumentando o risco de tensão no relacionamento entre RDOR3 e BBDC4. Contudo, este anúncio demonstra que ambas as empresas optaram por fortalecer sua parceria por meio da participação acionária do Bradesco em hospitais.
Além disso, o BBA frisa que neste negócio o Bradesco adquiriu cerca de 50% dos hospitais pelo valor contábil. No entanto, o benefício intangível de melhorar o relacionamento com o seu cliente mais importante (que deverá representar cerca de 25% das receitas hospitalares) e o maior pagador no mercado endereçável da Rede D’or tem uma vantagem potencial muito maior, na opinião do banco.
Para o Bradesco, o BBA considera positivo por dois motivos. A participação confere ao Bradesco uma participação significativa em resultados hospitalares, proporcionando hedge à sua operação pagadora na região durante períodos de alta taxa de sinistralidade.
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Além disso, de forma mais intangível, indica que ambas as partes se entendem melhor, o que pode implicar preços e pacotes melhores para ambas as partes.