Recuperação de reservatórios vai demorar mesmo que chova forte este ano

O representante do MMA, Marcelo Medeiros, explicou que o adensamento populacional concentra o consumo em um determinado ponto, o que compromete a qualidade da água

Equipe InfoMoney

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A escassez atípica de chuvas e a cada vez mais frequente concentração da população em grandes centros urbanos são fatores determinantes para a falta de água enfrentada nos últimos meses, em regiões como o Sudeste e o Nordeste. A afirmação é do diretor do Departamento de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Marcelo Medeiros, que participou hoje (3), no Senado, de audiência pública sobre o assunto.

O representante do MMA ressaltou que no Sudeste, por exemplo, não há registro de secas tão fortes como as de 2013 e 2014 . “Até 2013, dizíamos que o pior ano do Sudeste era 1953. Hoje em dia, o patamar mudou, é 2014. E o ano de 2015 começou pior que 2014: em fevereiro e março subiu a vazão [das represas que abastecem a região], só que estamos em junho e as vazões continuam menores do que em 1953”. Marcelo Medeiros ressaltou que a recuperação dos reservatórios deve “levar alguns anos” mesmo que chova muito no final do ano.

Ele explicou que o adensamento populacional concentra o consumo em um determinado ponto, o que compromete a qualidade da água. O lançamento de esgoto e de lixo industrial nas fontes de abastecimento agrava ainda mais a situação, destacou Medeiros na Comissão de Meio Ambiente.

O coordenador nacional do Programa Uma Terra e Duas Águas, Antônio Gomes Barbosa, alertou para o desperdício da água e a necessidade de desenvolvimento tecnológico que permita aproveitar a água das chuvas.

“Existe um desperdício muito grande de água. Não adianta discutir apenas a ideia das fontes, mas a questão do desperdício como na lavagem de carros e na bacia de descarga dos sanitários. Precisamos colocar em debate formas de guardar e usar a água das chuvas que pode ser usada inclusive nesses casos de lavagem de carro”, disse Antônio Gomes.

O assessor especial do Ministério da Pesca, Luiz Alberto de Mendonça, destacou o fato de as mudanças climáticas terem impactado a aquicultura. Esse problema decorre da influência do aquecimento global sobre os oceanos. Ele defendeu a necessidade de pesquisas para melhorar o aproveitamento da água. “Temos que ampliar investimentos em ciência, tecnologia e inovação para aproveitar a água para consumo humano, para adubagem de lavouras e também na produção de pescado”.