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SÃO PAULO – Depois de um forte rali em poucas semanas, o dólar se fixou há cerca de quinze dias no patamar entre R$ 4,19 e R$ 4,25, mas isso não significa que não há espaço para que o real se desvalorize ainda mais, segundo o Credit Suisse.
“Destacamos que o real não está tão barato quanto [a cotação do] dólar, perto das máximas históricas, sugere”, avalia o banco em relatório divulgado na quarta-feira (4). Diante disso, os analistas, considerando ainda as expectativas de intervenção do Banco Central, projetam a moeda americana entre R$ 4,18 e R$ 4,35.
Segundo o Credit, o REER (taxa efetiva real de câmbio) – que leva em conta as taxas de câmbio nominais, perfil do comércio exterior e inflação -, está no meio de sua faixa média de 20 anos e os sinais comuns associados a uma moeda desvalorizada, como superávit da conta corrente, baixo desemprego e mercado imobiliário aquecido, não estão presentes.
“Por fim, o CDS (ou seguro contra calote) sugere que as expectativas de uma elevação no rating já estão precificadas, o que torna o real vulnerável a frustrações no campo politico”, alertam os analistas.
Em um cenário mais amplo, o banco diz que sua estratégia para América Latina dá preferência pra moedas com taxas reais e nominais altas, balança de pagamentos estável e riscos políticos precificados.
Neste cenário, para o real, os estrategistas afirmam que o baixo carry trade (operação para ganhar com o diferencial de juros dos países desenvolvidos e emergentes) em meio ao cenário de queda da Selic tem permitido usar o câmbio dólar/real como hedge (proteção) para posições compradas no mercado brasileiro e que isso não deve se alterar no curto prazo. Assim, a moeda americana deve seguir forte.
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Em entrevista ao InfoMoney, Márcio Appel, um dos principais gestores de fundos do país, fundador da Adam Capital, mostrou uma opinião parecida com a do Credit, afirmando que a tendência continua sendo de depreciação do real. “Não deverá ser um movimento explosivo, mas a tendência é essa”, afirmou.
Sua previsão é que o dólar chegue a R$ 4,50 em 2020. “Quando o Brasil cresce e o mundo arrefece, como agora, o normal é que haja desvalorização da moeda. Surpresa seria o inverso”, explicou. Nesse cenário, as exportações costumam diminuir e as importações, aumentar, o que eleva o déficit em conta corrente.
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