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Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar sofreu na última sessão de março a maior queda percentual em três semanas, puxado por desmonte de posições em meio à correção da moeda no exterior e a ajustes ligados à formação da Ptax de fim de mês, repercutindo ainda falas de líderes do Congresso a respeito do combate à pandemia.
Mas o câmbio continua cercado de fatores de incerteza que podem se estender para o novo trimestre. O mercado segue incomodado com o sinal negativo emitido pelo imbróglio orçamentário e, apesar de aguardar aceleração da vacinação local, agora tem de lidar com surgimento de mais variantes do coronavírus num país que hoje é, de longe, o epicentro da pandemia no mundo.
O dólar à vista fechou esta quarta em queda de 2,23%, a 5,6304 reais na venda, após oscilar entre 5,778 reais (+0,33%) e 5,6224 reais (-2,37%%).
A cotação teve a maior baixa percentual diária desde o último dia 10 (-2,39%).
No mês, o dólar subiu 0,50%, depois de chegar a acumular alta de 3,39% até 9 de março, quando a moeda fechou perto de 5,80 reais.
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Março foi marcado por aumento de dúvidas acerca da situação fiscal do Brasil e por incertezas relacionadas à postura do Banco Central no mercado de câmbio, mesmo depois de o BC elevar a Selic em ritmo mais forte para conter a inflação, num momento em que a alta de preços no mundo empurra as taxas de juros nos países desenvolvidos para cima, pressionando moedas de mercados emergentes.
Em 2021, o dólar salta 8,45%, o que deixa o real na terceira pior posição entre 33 pares do dólar –melhor apenas que peso argentino e lira turca.
Nesta quarta, operadores de câmbio venderam dólares seguindo a fraqueza da moeda no exterior, sobretudo contra pares emergentes. O dólar caía 1,9% ante o peso colombiano e cerca de 1% contra peso chileno, rand sul-africano e lira turca, por exemplo.
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As rolagens de contratos futuros de câmbio na esteira da disputa mensal pela formação da Ptax de fim de mês também puxaram o dólar para baixo. Embora alguns analistas avaliem que o preço do dólar tenha ficado esticado ao se aproximar de 5,80 reais, há pouca convicção de que as pressões sobre a moeda vão diminuir no curto prazo.
O Bradesco elevou nesta quarta sua expectativa para o dólar ao fim de 2021, de 5,30 reais para 5,60 reais. “As incertezas fiscais têm elevado os prêmios de risco, piorado as condições financeiras e impedido que haja estabilização da taxa de câmbio, adicionando incerteza ao cenário”, disse o banco em nota na qual comunicou corte na projeção para o desempenho do PIB e aumento nas estimativas para inflação e juros.
O banco ressalvou, porém, que os números pressupõem a manutenção formal e o cumprimento das regras fiscais, além do manejo apropriado da pandemia, que possibilitará a reabertura de boa parte dos setores ainda neste semestre. A discussão recente no mercado é sobre risco de descumprimento do teto de gastos diante da confusão criada em torno do Orçamento de 2021, considerado inexequível.
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O relator-geral do Orçamento, senador Marcio Bittar (MDB-AC) decidiu que irá cancelar as emendas de sua autoria, num total de 10 bilhões de reais, assim que a Lei Orçamentária de 2021 for sancionada.
Enquanto no exterior especialistas veem a continuação da recuperação do dólar –o que seria um revés adicional ao real–, aqui o UBS BB vê drivers domésticos como mais relevantes.
“Se a inflação provar ser mais persistente do que o consenso e o BCB esperam atualmente e as expectativas de inflação para 2022 começarem a subir acima da meta de 3,5%, então a independência do novo BC vai ser testada pelos mercados”, disse em nota recente o economista Fabio Ramos, na qual elevou a projeção para o dólar ao fim de 2021 de 4,95 reais para 5,30 reais.
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“Esperamos que as condições financeiras se tornem menos amigáveis para os emergentes no segundo semestre, e o ponto de partida para o real enfrentar esse ambiente externo mais desafiador no segundo semestre provavelmente dependerá do progresso da agenda de reformas”, completou.
Algumas casas têm um cenário ainda mais pessimista para o real –caso do Société Générale, que prevê dólar de 6,20 reais ao término do segundo trimestre, por “fracos elementos domésticos” e “ambiente externo menos favorável”.
A equipe de estratégia do Credit Suisse no exterior acredita que o dólar testará patamares em torno da faixa de 5,87-5,97 reais. “Apenas um claro rompimento desses níveis, porém, sugeriria uma retomada da tendência de alta e confirmaria um grande padrão de continuação de ‘triângulo’ de alta, com a próxima resistência em 6,31 reais e, depois, em 6,50 reais”, disse o banco.
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A máxima recorde do dólar para fechamento é de 5,9012 reais e foi alcançada em 13 de maio do ano passado.
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