RD (RADL3): por que a primeira grande mudança na gestão em dez anos não assustou os analistas

Analistas destacam mudanças planejadas como fator de maior tranquilidade para o mercado

Felipe Moreira

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A RD (RADL3), antiga Raia Drogasil, anunciou na última sexta-feira (15) que Eugenio de Zagottis, VP de Relações com Investidores e Desenvolvimento de Negócios, deixará seu cargo de gestão e deveres executivos a partir de 30 de abril de 2024, quando será eleito para o conselho de administração, como membro do grupo controlador.

Com a saída do executivo, Flavio Correia se tornará o novo Diretor de Relações com Investidores e Assuntos Corporativos nessa data, enquanto as demais responsabilidades atuais de Zagottis serão redistribuídas entre a equipe de gestão.

“O anúncio é a primeira grande mudança na administração da RD desde a nomeação de Marcilio Pousada como CEO em julho de 2013, com a saída de Claudio Ely, CEO de longa data da Drogasil e CEO da RD nos primeiros dois anos após a fusão”, destaca o JPMorgan, reiterando que essa mudança é a primeira grande na empresa em dez anos.

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Zagottis, cabe destacar, está na empresa há quase 25 anos, tendo começado como diretor comercial em 2000 na Raia. Além de ser a face da empresa no mercado (desde o IPO da RD em 2010), ele tem sido um dos gerentes mais respeitados no universo varejista e de saúde da América Latina, e um membro-chave por trás da estratégia que levou à criação significativa de valor para os acionistas, tornando a empresa a mais bem-sucedida nos últimos 10 anos dentro da cobertura do JPMorgan, aponta o banco.

Uma mudança de gerência desse tipo normalmente levaria à volatilidade do preço das ações, mas o JPMorgan não espera que seja o caso. Embora Zagottis vá fazer falta em interações regulares de mercado, ele deve permanecer como membro ativo (e de longo prazo) no conselho, apoiando a estratégia da empresa como parte do grupo controlador.

Além disso, haverá um período de transição de quatro meses, o que deve evitar interrupções, especialmente considerando que Correia já tem trabalhado de perto com Zagottis nos últimos quatro anos. O banco também pontua que parte de suas responsabilidades já foi delegada recentemente a outros executivos. Em um contexto mais amplo, a sucessão tem sido um tema discutido com a administração e é algo que está em planejamento há anos.

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Diante disso, o JPMorgan comenta que apesar da RD ter uma equipe de gestão de alto desempenho, não ficaria surpreso em ver mais mudanças na administração nos próximos 18 meses, já que a equipe de gestão precisa ser reeleita até maio de 2025, e a maioria dos executivos está no cargo há mais de uma década. “Ainda assim, se isso ocorrer, esperamos um processo de transição tranquilo sem implicações significativas para nossa visão construtiva de longo prazo sobre a empresa”.

Com as ações negociando a 29 vezes/23 vezes Preço/Lucro para 2024 e 2025, o JPMorgan mantém classificação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para RD e preço-alvo de R$ 34.

Na mesma linha que JPMorgan, o Goldman Sachs destaca que Zagottis tem sido um executivo-chave e um representante fundamental da empresa por muitos anos. “A RD tem uma estratégia clara para a expansão contínua por meio da abertura de lojas e consolidação de participação, resultando em uma das narrativas de crescimento mais atraentes em termos de lucro por ação (EPS) no varejo da América Latina”, diz o banco americano.

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O Goldman ainda destaca que essa mudança faz parte de um processo de sucessão planejado, supervisionado pelo Comitê de Pessoal do Conselho de Administração.

O Goldman Sachs também reitera recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 38.