Ray Dalio diz que possui Bitcoin, mas alerta que reguladores vão matar a criptomoeda se ela for bem-sucedida

"Eu acredito que eles vão matá-lo porque eles têm maneiras para isso”, afirmou o fundador da Bridgewater

Rodrigo Tolotti

(Kimberly White/Getty Images)
(Kimberly White/Getty Images)

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SÃO PAULO – Aos poucos, Ray Dalio, fundador do maior hedge fund do mundo, Bridgewater Associates, tem se mostrado mais aberto ao Bitcoin (BTC). Depois de muitas críticas, ele passou a elogiar alguns aspectos da criptomoeda e nesta quarta-feira (15) admitiu que tem “uma certa quantia” da moeda.

Em entrevista para a CNBC, Dalio afirmou que o Bitcoin é uma boa alternativa ao dinheiro e que tem um pouco em carteira, apesar de ser uma quantia menor do que sua exposição ao ouro.

“Acredito que vale a pena considerar todas as alternativas ao dinheiro e todas as alternativas aos tipos de ativos financeiros. O Bitcoin é uma possibilidade. Tenho uma certa quantia em Bitcoin”, disse.

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Por outro lado, o gestor alertou para a atuação dos reguladores, dizendo que esses agentes podem matar a moeda digital ao longo do tempo.

“Acho que, no fim do dia, se for realmente bem-sucedido, eles vão matá-lo e tentarão matá-lo. E eu acredito que eles vão matá-lo porque eles têm maneiras para isso”, afirmou ele ao site durante a conferência Salt em Nova York.

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Recentemente alguns órgãos reguladores têm fechado o cerco contra o mercado de criptoativos, sendo que na última terça, o presidente da Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), Gary Gensler, voltou a falar em criar um ambiente regulatório robusto para criptomoedas, mirando principalmente nos ativos digitais que se enquadrariam como valores mobiliários.

Em 2017, Dalio chegou a chamar o Bitcoin de bolha, dizendo que esse era um “mercado altamente especulativo”, sendo esse um dos maiores problemas para a criptomoeda não conseguir ser uma moeda.

Em outra ocasião, ele chegou a chamar o Bitcoin de “invenção infernal” e achava um desafio atribuir um valor aos ativos digitais, já que investir em Bitcoin significa reconhecer a possibilidade de perder cerca de 80%.

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Com o tempo, porém, ele começou a apontar alguns méritos da tecnologia, apesar de ainda ver um grande risco nas moedas digitais. Em janeiro desse ano, Dalio disse que estudava as criptomoedas como investimentos para novos fundos que ofereceriam proteção aos clientes contra a desvalorização de moedas fiduciárias. Em maio o gestor disse que preferia comprar bitcoins do que títulos.

Na entrevista dessa quarta, apesar de seguir mostrando um otimismo maior com a criptomoeda, Dalio seguiu com algumas críticas. Desta vez, ele voltou a afirmar que o Bitcoin não tem valor intrínseco, algo recorrente em seu discurso.

“Existem tantas coisas em uma perspectiva histórica que não tinham valor intrínseco e tinham valor percebido”, disse o gestor, citando o caso das tulipas na Holanda, que ficaram conhecidas como a primeira bolha do mercado financeiro.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.