Ray Dalio alerta para “bolha” de IA, apontando semelhança com crise das pontocom

Megainvestidor afirma que as ações dos EUA estão em uma posição “muito semelhante” à que precedeu a crise da internet no final da década de 1990

Gabriel Garcia

Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, fala no Festival Future of Everything do The Wall Street Journal em Nova York, EUA, em 22 de maio de 2024. REUTERS/Andrew Kelly/Foto de Arquivo
Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, fala no Festival Future of Everything do The Wall Street Journal em Nova York, EUA, em 22 de maio de 2024. REUTERS/Andrew Kelly/Foto de Arquivo

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O megainvestidor Ray Dalio levantou preocupações sobre uma possível “bolha” nas ações de inteligência artificial (IA) nos Estados Unidos, comparando a situação atual ao período que antecedeu a bolha das pontocom no final dos anos 1990.

Em entrevista ao jornal Financial Times, o fundador do hedge fund Bridgewater Associates, destacou que os preços das ações atingiram níveis elevados, enquanto o risco de aumento nas taxas de juros persiste, o que poderia estourar essa bolha.

“Os preços atingiram níveis que são altos ao mesmo tempo em que há um risco de taxa de juros, e essa combinação pode estourar a bolha”, afirma.

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Dalio observou que a atual fase do ciclo econômico é muito similar à de 1998 e 1999, quando a valorização das ações de tecnologia subiu rapidamente, impulsionada por taxas de juros baixas e pela crescente adoção da internet.

Ele enfatizou que, embora exista uma nova tecnologia promissora que certamente mudará o mundo, muitos investidores estão confundindo essa inovação com o sucesso financeiro das empresas.

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“Em outras palavras, há uma nova tecnologia importante que certamente mudará o mundo e será bem-sucedida. Mas algumas pessoas estão confundindo isso com o sucesso dos investimentos”, disse Dalio.

O alerta vem em um momento em que o índice Nasdaq 100, que é fortemente influenciado por ações de tecnologia, dobrou desde o início de 2023, impulsionado por empresas como a Nvidia, focada em chips para IA.

No entanto, a recente queda nas ações de Wall Street, após a publicação de um artigo pela DeepSeek, uma empresa chinesa de IA, levantou questionamentos sobre os investimentos maciços feitos por empresas do Vale do Silício em infraestrutura de IA.

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A DeepSeek afirmou que seu novo modelo de IA rivaliza com os da OpenAI e Meta Platforms, mas a um custo menor e com hardware menos sofisticado.

Essa revelação provocou uma perda significativa no valor de mercado da Nvidia, que viu sua capitalização diminuir em quase US$ 600 bilhões em um único dia.

O sucesso da empresa chinesa pode desafiar a visão de retorno sobre os investimentos em IA, especialmente em um contexto de restrições à importação de chips de alta tecnologia para a China.

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Dalio também comentou sobre a crescente rivalidade tecnológica entre os Estados Unidos e a China, afirmando que a disputa pela liderança em IA vai além da lucratividade, envolvendo questões de superioridade econômica e militar.

Ele alertou que a abordagem puramente capitalista pode não ser suficiente para vencer essa competição, sugerindo que o apoio estatal e políticas industriais serão fundamentais para o futuro dos desenvolvimentos em IA.

“Aqueles que vão prestar atenção à lucratividade com uma visão muito detalhista não vão vencer essa corrida”, acrescentou Dalio. “O capitalismo por si só — o motivo do lucro por si só — não pode vencer essa batalha.”