Rara combinação “10-10” faz Brasil atrativo, mas “outro 10” atrapalha, diz JPMorgan

Para o banco, catalisadores domésticos para as ações do país estão indefinidos

Equipe InfoMoney

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O JPMorgan teve uma série de reunião com investidores institucionais no Brasil na última semana em meio ao cenário de aversão ao risco que tem persistido no país, com os intensos ruídos domésticos, principalmente sobre o fiscal, levando ao forte enfraquecimento do real e à Bolsa nas mínimas do ano.

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Os tópicos mais discutidos foram: (1) As ações brasileiras estão baratas; (2) no entanto, não há fluxo em jogo devido às saídas persistentes de capital, às taxas básicas de juros a dois dígitos e ao momento difícil para catalisadores internos de ações; (3) com relação aos grandes setores, a visão é de que: a posição overweight (exposição acima da média) se concentra no setor financeiro, enquanto visão é neutra para energia/petróleo e underweight (exposição abaixo da média) em matérias-primas; e (4) uma curiosa estratégia se forma dadas as incertezas macro: as ações de concessões de energia e saneamento formam uma visão mais ofensiva dado o cenário de juros altos, enquanto os setores defensivos são basicamente formados em ações de empresas exportadoras.

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Ações brasileiras baratas, mas há desafios…

Quase unanimemente, os gestores de carteiras locais consideram as ações brasileiras baratas. Fora dos momentos de crise, a visão é de ser raro encontrar ações que possam oferecer uma combinação “10 e 10”: (1) avaliação abaixo de 10 vezes o P/L (preço sobre lucro) futuro; e (2) crescimento do lucro por ação de 10% nos próximos 2 a 3 anos, apontam os estrategistas.

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A equipe de estratégia do JPMorgan reforça que o Brasil está sim exposto à história global: a flexibilização da Fed, o desempenho mais forte das ações da China e os PMI globais mais fortes são todos potenciais catalisadores positivos.

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No entanto, há dois principais obstáculos internos: (1) as saídas internas persistentes de capital permanecerão durante as próximas semanas, nomeadamente de fundos multimercados; e (2) há um elevado custo de oportunidade interno resultante de taxas básicas de juros de dois dígitos (ou seja, os 10% que atrapalham).

Para o JPMorgan, o momento certo para os catalisadores domésticos são indefinidos. No centro da discussão interna estão as perspectivas fiscais, particularmente no que diz respeito à tendência dívida/PIB e suas implicações nas perspectivas de inflação, na política monetária, no câmbio e no crescimento.

Os catalisadores nacionais mais frequentemente discutidos para uma melhor percepção são ações críveis para ancorar as metas fiscais.

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As visões de consenso para os maiores setores são: (1) overweight no setor financeiro, com o Itaú Unibanco emergindo como o consenso com uma boa combinação de P/L, dividend yield (rendimento de dividendos) e resiliência diante das incertezas macro; (2) neutro em petróleo, mas ponderando que, “apesar das incertezas sobre a política de preços, estratégia de investimentos e política de dividendos, os investidores locais poderiam ser compradores marginais da Petrobras (PETR3;PETR4) devido ao alto rendimento do fluxo de caixa livre”; e (3) materiais básicos como underweight – notavelmente na Vale, os catalisadores parecem estar atrasados ​​em liquidações de passivos ambientais, mudança de CEO, integração ferroviária e capacidade da China de suavizar o declínio da atividade de construção.

No caso de utilities, os nomes mais discutidos são Copel (CPLE6), Eletrobras (ELET3), Equatorial (EQTL3) e Sabesp (SBSP3), enquanto os exportadores mais discutidos são Suzano (SUZB3), Gerdau (GGBR4), Klabin (KLBN11), Embraer (EMBR3), WEG (WEGE3) e JBS (JBSS3).