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Não foi só Luiza Trajano, do Magazine Luiza (MGLU3), que deixou a lista de bilionários da Forbes de junho. Outros três empresários brasileiros deixaram a lista, com a perda de patrimônio bastante relacionada à forte queda das ações de suas empresas.
Além de Luiza, aponta a publicação, o cofundador e CEO da construtora MRV (MRVE3), Rubens Menin deixou o rol de bilionários, assim como Candido Koren de Lima Junior e seu irmão Jorge Koren de Lima, filhos do fundador e integrantes do conselho da Hapvida (HAPV3). Agora, suas fortunas são inferiores a US$ 1 bilhão (equivalente a mais de R$ 5 bilhões).
Segundo a Forbes, o CEO da MRV chegou a atingir US$ 3,9 bilhões de patrimônio em julho de 2021. No mesmo ano, Candido e Jorge registravam fortuna de US$ 2,1 bilhões. Já Luiza Trajano havia alcançado a fortuna de US$ 5,6 bilhões.
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A perda de fortuna ocorre em meio à queda acumulada das ações do Magalu de 67% até o dia 17 de junho, enquanto as ações da Hapvida acumulavam baixa de 43% e, as da MRV, de 32%.
Em relatório, a XP destacou os motivos para a queda das três ações, que impactaram o patrimônio dos agora ex-bilionários, assim como a perspectiva da casa para os ativos.
Magazine Luiza: pressão continua
Um dos setores que mais têm sido penalizados na Bolsa desde a mudança de humor do mercado em junho do ano passado é o de e-commerce, aponta a equipe de análise, em meio ao cenário de deterioração macroeconômica, inflação mais persistente que o projetado, além do conflito de Rússia e Ucrânia e da continuidade de lockdowns na China.
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“Temos visto uma forte redução do poder de compra do brasileiro o que, aliado a um cenário de forte alta de juros, se traduz em uma demanda altamente fragilizada para bens de consumo, especialmente os discricionários e de preço médio mais alto”, destacam os analistas. Além disso, pesam para o setor o aumento do custo de capital e da competição e, ainda, a mudança do foco do mercado.
No primeiro trimestre de 2022, o Magalu apresentou resultados mistos, com o crescimento pressionado pelo cenário macro e queima de caixa, enquanto a rentabilidade apresentou sinais de melhora.
A XP destaca que, mesmo com a queda recente das ações, ainda têm recomendação neutra para os papéis MGLU3, assim como para o segmento como um todo. “Ainda não recomendamos compra dos papéis de e-commerce por esperarmos uma dinâmica macro bastante desafiadora pela frente, tanto do ponto de vista de inflação (que deve se manter próxima a patamar de duplo dígito ao longo do ano) como de taxa de juros (com pelo menos mais uma alta esperada no Brasil e um ciclo ainda por vir nos EUA).”
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A visão da XP está em linha com a de muitos analistas de mercado, que apontam que, mesmo com a queda recente das ações, tanto o cenário macro quanto a maior competição no setor devem seguir pressionando o papel.
Hapvida: expectativas mais positivas com sinergias
A Hapvida também sofre uma queda expressiva de suas ações. Conforme destacou a XP em análise do balanço do primeiro trimestre da empresa, o crescimento orgânico ainda é problema.
A sinistralidade em nível elevado também contribuiu para os dados negativos no período, “ainda pressionada pelos custos relacionados à Covid-19, a aquisições e ao reajuste negativo de preços dos planos individuais”.
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Priscila Araújo, da Macro Capital, destacou no evento Super Clássicos da Bolsa 2022 que a Hapvida apresentou tickets baixos, influenciados pelos reajustes de planos da ANS e que impactaram fortemente a empresa até o primeiro trimestre de 2022, o aumento de custos e as sinergias da fusão com o GNDI anunciadas pela companhia.
Para Rafael Barros, analista do setor de saúde do XP, “a fusão com o GNDI deve criar sinergias consideráveis”, o que reforça a recomendação de compra para as ações da empresa.
Em relatório desta semana, o Itaú BBA reforçou visão positiva para a ação, com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para o papel HAPV3, ainda que reduzindo o preço-alvo de R$ 17 para R$ 10.
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Embora os analistas do banco reconheçam que a dinâmicas de curto prazo provavelmente permanecerão desafiadoras, ainda destacam confiança com as perspectivas de longo prazo para a Hapvida, pois acreditam que será o player com melhor capacidade de controlar custos médicos assim que a inflação voltar aos níveis normais.
“Olhando para além do atual cenário turbulento (mas temporário) de aumento dos custos unitários na saúde, acreditamos que a tese de o Hapvida ter o modelo vencedor no setor de saúde brasileiro ainda é válida”, aponta o BBA.
MRV: opcionalidades no radar tornam ação mais atrativa
Já no caso da MRV, a XP destaca que os resultados dos últimos anos têm sido prejudicados pela margem bruta abaixo do esperado para a operação principal da companhia (operação brasileira), devido aos custos sob pressão, afetados principalmente pelo forte aumento do preço do aço. Dessa forma, lucro líquido da empresa tem ficado abaixo das estimativas da casa.
Conforme destaca análise de Ygor Altero, do head de Real Estate da XP, diante do cenário inflacionário mais desafiador, com juros mais altos, a maioria das empresas do setor de construção civil teve dificuldade em repassar os preços, dado o poder de compra mais limitado do consumidor.
Do lado positivo para a empresa, de acordo com o analista, a dinâmica de custos mais desafiadora dentro do programa Casa Verde e Amarela (CVA) aumentou, principalmente, a dificuldade na operação dos pequenos operadores, que tem uma relevante participação no programa.
“Isso, consequentemente, deve diminuir a competição dentro do segmento. Dessa forma, a MRV deve se beneficiar ganhando participação dentro do CVA”, informou. Além disso, a AHS (subsidiária norte-americana da MRV) tem demonstrado uma performance positiva, o que tem apoiado os resultados da companhia.
“Dito isso, vemos o preço da ação da MRV como descontado e temos recomendação de compra para a empresa com preço-alvo de R$ 19 por ação.”
A MRV vem sendo constantemente apontada como uma oportunidade no setor, principalmente por conta de sua operação americana, ainda que com revisões para baixo nas expectativas de lucro. No começo do mês, o Credit Suisse havia reforçado a companhia como a sua top pick (preferida) do segmento de construção.
Já o Bradesco BBI apontou a MRV entre as preferidas do setor, mas não “a preferida”, que é a Cyrela (CYRE3). Os analistas mantiveram a recomendação de compra para MRVE3 pois ainda gostam das opcionalidades, liquidez das ações, execução positiva na AHS (operação americana da MRV, a ser renomeada Resia) e o desconto no valuation (múltiplo de preço sobre o valor patrimonial por ação, ou P/VPA, de 0,8 vez).
Contudo, uma queda mais acentuada do que o esperado nas margens da MRV Brasil, no 4T21 e no 1T22, levou o BBI a cortar sua estimativa de lucro para 2022 em 35% (21% abaixo do consenso) e aumentou a dependência para uma capitalização da até agora AHS como um gatilho para as ações (o que espera ajudar a lançar uma luz sobre o valor potencial da AHS), destacaram.
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