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Já é dado como quase certo o aumento da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em setembro. A alta da taxa já parece, inclusive, precificada em alguns indicadores.
Caio Megale, economista-chefe da XP, participou nesta segunda-feira (19) do programa Morning call da XP e disse que o Banco Central (BC) tem dado sinais recentes que talvez precise fazer um ajusto de alta de juros porque a inflação começou a subir.
“Além da inflação mais pressionada, a atividade econômica doméstica está bastante aquecida, sugerindo que a política monetária está restritiva para trazer a inflação para baixo, mas não tanto”, destacou.
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DI precifica aumento da Selic
“Durante esse tempo a gente olhava o cenário de possível recessão global e queda das taxas de juros, o que poderia ser suficiente para o Copom não subir a Selic”, disse, ressaltando em seguida que este cenário agora está distante.
Segundo ele, a curva de juros (DI) mostra o que os membros do Copom vêm sinalizando. “Talvez isso tenha que acontecer (de subir os juros aqui) mesmo com o Fed (Federal Reserve) cortando os juros (lá nos Estados Unidos)”, comentou.
O economista afirmou que se passou a incorporar uma alta de juros no curto prazo, de 0,25 pp em setembro, e duas altas de 0,50 pp, compreendendo um ciclo mais curto.
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“E no começo do ano (de 2025), já sob a direção do novo presidente do Banco Central, faz-se uma transição suave, um último (corte) de 0,25 pp, jogando a taxa para 12%”, afirmou.
“Com os juros mais restritivo, provavelmente a inflação vai inflexionar. A gente começou a ver isso até nas projeções de inflação. Já se vê a inflação de 2025 caindo no Boletim Focus (divulgado nesta segunda). Talvez seja reflexo desta incorporação (da queda da Selic)”, avaliou.
IPCA do Focus mudou
O último Boletim Focus projeta IPCA para 2024 de 4,22% (ante 4,20% da semana passada), mas o índice para 2025 a estimativa caiu de 3,97% para 3,91%. Já o IPCA para 2026 (3,60%) e 2027 (3,50%) não tiveram alteração nas projeções.
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“Uma coisa está ligada à outra. Não é que as projeções de inflação começam a cair que o BC não precise subir (a Selic). Na verdade, essas quedas de projeção têm a expectativa de que o Copom vai reagir agora”, destacou.
“Se isso acontecer, é muito provável que já no final do ano que vem, em algum momento do segundo semestre, ele possa volta a cair. Isso está um pouco longe, é difícil colocar no cenário, mas provavelmente vai acontecer e é o que aparece na curva de juros (futuro)”, complementou.
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Melhor subir os juros agora
Para Caio Megale, é melhor agir agora, abrindo para um cenário mais equilibrado na frente, do que postergar o aumento de juros e acabar tendo que fazer um trabalho muito mais difícil à frente.
“O que está por trás da mudança da Selic é que a atividade econômica no Brasil está bem mais forte do que a maioria dos analistas esperavam – mais uma vez”, ressaltou. A expectativa agora da XP é de que o PIB cresça 2,75% em 2024 – a projeção anterior era de 2,2%.
“É um sinal positivo para a economia e é também um sinal de que os juros atuais de 10,5% não seja tão restritivo assim. A gente vê o crédito crescer, o desemprego cair e a atividade forte”, destacou.