Queda da inflação no Focus para 2025 reflete possível alta da Selic, diz Megale

Boletim Focus desta segunda elevou projeção para IPCA em 2024, mas reduziu para 2025

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Já é dado como quase certo o aumento da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em setembro. A alta da taxa já parece, inclusive, precificada em alguns indicadores.

Caio Megale, economista-chefe da XP, participou nesta segunda-feira (19) do programa Morning call da XP e disse que o Banco Central (BC) tem dado sinais recentes que talvez precise fazer um ajusto de alta de juros porque a inflação começou a subir.

“Além da inflação mais pressionada, a atividade econômica doméstica está bastante aquecida, sugerindo que a política monetária está restritiva para trazer a inflação para baixo, mas não tanto”, destacou.

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DI precifica aumento da Selic

“Durante esse tempo a gente olhava o cenário de possível recessão global e queda das taxas de juros, o que poderia ser suficiente para o Copom não subir a Selic”, disse, ressaltando em seguida que este cenário agora está distante.

Segundo ele, a curva de juros (DI) mostra o que os membros do Copom vêm sinalizando. “Talvez isso tenha que acontecer (de subir os juros aqui) mesmo com o Fed (Federal Reserve) cortando os juros (lá nos Estados Unidos)”, comentou.

O economista afirmou que se passou a incorporar uma alta de juros no curto prazo, de 0,25 pp em setembro, e duas altas de 0,50 pp, compreendendo um ciclo mais curto.

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“E no começo do ano (de 2025), já sob a direção do novo presidente do Banco Central, faz-se uma transição suave, um último (corte) de 0,25 pp, jogando a taxa para 12%”, afirmou.

“Com os juros mais restritivo, provavelmente a inflação vai inflexionar. A gente começou a ver isso até nas projeções de inflação. Já se vê a inflação de 2025 caindo no Boletim Focus (divulgado nesta segunda). Talvez seja reflexo desta incorporação (da queda da Selic)”, avaliou.

IPCA do Focus mudou

O último Boletim Focus projeta IPCA para 2024 de 4,22% (ante 4,20% da semana passada), mas o índice para 2025 a estimativa caiu de 3,97% para 3,91%. Já o IPCA para 2026 (3,60%) e 2027 (3,50%) não tiveram alteração nas projeções.

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“Uma coisa está ligada à outra. Não é que as projeções de inflação começam a cair que o BC não precise subir (a Selic). Na verdade, essas quedas de projeção têm a expectativa de que o Copom vai reagir agora”, destacou.

“Se isso acontecer, é muito provável que já no final do ano que vem, em algum momento do segundo semestre, ele possa volta a cair. Isso está um pouco longe, é difícil colocar no cenário, mas provavelmente vai acontecer e é o que aparece na curva de juros (futuro)”, complementou.

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Melhor subir os juros agora

Para Caio Megale, é melhor agir agora, abrindo para um cenário mais equilibrado na frente, do que postergar o aumento de juros e acabar tendo que fazer um trabalho muito mais difícil à frente.

“O que está por trás da mudança da Selic é que a atividade econômica no Brasil está bem mais forte do que a maioria dos analistas esperavam – mais uma vez”, ressaltou. A expectativa agora da XP é de que o PIB cresça 2,75% em 2024 –  a projeção anterior era de 2,2%.  

“É um sinal positivo para a economia e é também um sinal de que os juros atuais de 10,5% não seja tão restritivo assim. A gente vê o crédito crescer, o desemprego cair e a atividade forte”, destacou.