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Após reuniões com investidores locais de São Paulo e Rio de Janeiro, o Goldman Sachs observou que a alocação geral no setor de varejo brasileiro permanece relativamente baixa, à medida que a maioria dos investidores mantém uma postura defensiva em seus portfólios.
Segundo o banco, a principal preocupação é até que ponto uma possível desaceleração econômica pode impactar a demanda e, portanto, levar a revisões para baixo nos lucros. Assim, enquanto os investidores geralmente sentiram que as taxas de juros mais altas já estão em grande parte precificadas, a preocupação é que os múltiplos ainda podem não estar baixos o suficiente para refletir o risco de revisões significativas na receita e nas margens, especialmente para o 2º semestre de 2025.
Nesse contexto, o Goldman Sachs aponta que os investidores mostraram preferência por nomes que são relativamente mais defensivos em seus perfis de demanda, mas também notaram a escassez de opções que eles considerariam como “casos de investimento seguros”.
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Nomes que, teoricamente, estão posicionados para se beneficiar de perfis de demanda defensivos estão altamente alavancados, como Assaí (ASAI3) e Carrefour (CRFB3), ou vistos como suscetíveis a revisões para baixo devido a dinâmicas setoriais desfavoráveis (RADL3).
Diante disso, o banco comenta que a recente elevação de recomendação de ações da Natura&Co (NTCO3) para compra feita pelo banco e a recomendação reiterada de compra para Azzas 2154 (AZZA3) pareceram ressoar com investidores em busca de perfis de demanda que tendem a ser menos cíclicos por natureza.
Segundo o relatório, alguns investidores expressaram preferência por esses nomes, pois oferecem uma demanda mais protegida, além de iniciativas próprias que poderiam amortecer quaisquer pressões macroeconômicas e fornecer catalisadores no curto a médio prazo.
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No entanto, outros investidores expressaram preocupações contínuas sobre riscos de execução relacionados à integração de fusões (Azzas 2154), simplificação corporativa (Natura) ou recuperação de certos segmentos operacionais (ambos).
Para os varejistas de alimentos brasileiros, embora tenham notado que o sentimento negativo com o Assaí pode ter atingido seu pico, alguns investidores mencionaram terem fechado suas posições vendidas, enquanto estavam considerando abrir posições compradas nessa ação.
Embora as ações do atacarejo tenham se recuperado com a curva de juros e superado amplamente o Ibovespa no acumulado do ano (alta de 27% contra 4% para IBOV), o feedback desses investidores foi de que as revisões para baixo nos lucros provavelmente ficaram para trás, criando um bom risco-retorno com os múltiplos atuais de 9 vezes Preço/Lucro para 2026.
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Para Lojas Renner (LREN3), a visão foi considerada mista, com alguns investidores acreditando que fatores microeconômicos poderiam ajudar a empresa a entregar um conjunto de trimestres relativamente sólidos no curto prazo, além de ajudar a compensar potenciais ventos contrários macroeconômicos.
Por outro lado, outros expressaram preocupação com as perspectivas de demanda (especialmente para o 2º semestre de 2025), a capacidade de proteger a margem bruta de uma moeda mais fraca e o potencial de ganhos gerais de margem.
Já a Smart Fit (SMFT3), segundo o relatório, surgiu em várias conversas como uma das histórias de crescimento mais simples ainda remanescentes no setor.
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Por último, o Mercado Livre (BDR, ou recibo de ações negociado na B3: MELI34) foi, como de costume, um foco de muitas discussões, embora o feedback tenha sugerido um posicionamento relativamente leve entre os investidores brasileiros.
“A avaliação continua sendo o principal ponto de resistência dos investidores locais, que também compartilharam preocupações sobre os riscos para a qualidade do crédito em um cenário macroeconômico mais fraco, alinhando-se com o que ouvimos de investidores internacionais no acumulado do ano”, comenta o Goldman Sachs.
Os investidores locais também foram enfáticos sobre o risco potencial de queda no crescimento do volume bruto negociado (GMV) em moeda local no Brasil em 2025, mas também observaram que isso poderia ser compensado por uma possível revisão para cima no crescimento do volume da Argentina. E os investidores concordaram, de forma unânime, que a força competitiva do Mercado Livre continua forte em seus principais mercados, embora alguns levantaram preocupações sobre quando a Shopee pode começar a impactar o momento de crescimento do GMV do Mercado Livre no Brasil.
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