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O quarto trimestre de 2024 (4T24) promete ser positivo para a maior parte das construtoras brasileiras, com a expectativa de fortes números operacionais que devem impulsionar a expansão do Lucro por Ação (LPA) e o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) das companhias. Segundo as prévias divulgadas por analistas, as empresas do setor devem continuar a se beneficiar de boas vendas e lançamentos, mesmo em um ambiente econômico considerado difícil por especialistas.
A XP Investimentos aposta no segmento de baixa renda, conforme destacou em relatório. A corretora afirma que a Direcional (DIRR3) se destaca com um crescimento de 67% no lucro líquido, impulsionado por um aumento de 49% na receita e melhora na margem bruta. A Cury (CURY3) mantém forte rentabilidade, com margem bruta de 39%, enquanto a Tenda segue trajetória ascendente, ampliando sua margem bruta ajustada.
Já a MRV (MRVE3), para os analistas da XP, pode enfrentar dificuldades por causa das despesas financeiras mais altas e perdas com a venda do último projeto da Resia. Mas eles também afirmam que, apesar de um volume menor de lançamentos, as vendas líquidas no setor avançaram 11% em média na comparação anual, sustentando o crescimento da receita.
No segmento de média e alta renda, a XP diz que a Cyrela (CYRE3) deve reportar um avanço de 43% na receita e 80% no lucro líquido, apoiado por margens consistentes e diluição de despesas. A Lavvi também segue forte, com um salto de 39% no lucro líquido, impulsionado pelo aumento de 122% na receita. A Eztec (EZTC3) deve ser beneficiada por uma expansão na receita e ganhos financeiros. Em sentido oposto, os estrategistas afirmam que a Even (EVEN3) tende a ter um desempenho mais fraco, impactada por vendas líquidas inferiores, que pressionam sua receita e lucro.
De acordo com o BTG Pactual, as construtoras que trabalham com o segmento de média e alta renda devem continuar apresentando bons resultados. A Cyrela e Lavvi (LAVV3) devem surpreender com bons números. A previsão de ambas as empresas é de uma receita bruta de 23% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado por volumes sólidos de vendas e margens brutas saudáveis. O lucro líquido dessas empresas deve crescer 54% no comparativo anual, com o ROE da Cyrela, por exemplo, se mantendo acima de 20%.
Por outro lado, as construtoras de baixa renda devem continuar aproveitando a forte demanda por moradias no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Cury (CURY3), Direcional (DIRR3) e Plano & Plano (PLPL3) devem registrar crescimento forte tanto na receita quanto no lucro, com ROE que varia entre 33% e 59%.
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O BTG ainda destaca que a Tenda (TEND3), embora enfrente uma reestruturação, deve continuar sua trajetória positiva com margens brutas mais fortes e ROE de 20%. A MRV (MRVE3), apesar de números positivos no Brasil, poderá enfrentar entraves com um grande prejuízo líquido, reflexo da venda de ativos no mercado dos Estados Unidos.
Ponto de atenção
O Goldman Sachs mantém um olhar otimista para as construtoras brasileiras, com destaque para Cyrela e Direcional, que, segundo os analistas, continuam demonstrando crescimento no ROE e poder de precificação. Segundo o Goldman, a Cyrela atrai cada vez mais atenção dos investidores, registrando vendas recordes de R$ 4,9 bilhões no 4T24, um avanço de 90% em relação ao ano anterior.
O banco estima uma receita de R$ 2,4 bilhões no período, impulsionada pelo volume elevado de lançamentos, que superou em 70% as projeções iniciais. A margem bruta da companhia deve alcançar 34%, enquanto o lucro líquido esperado é de R$ 436 milhões, resultando em um ROE anualizado de 19%.
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Entre os principais temas a serem acompanhados nos resultados, conforme os analistas, é o aumento dos custos de construção, que se tornou um ponto de atenção, com o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) atingindo 7,1% em janeiro, o maior nível desde abril de 2023. Esse fator pode afetar especialmente as empresas voltadas ao segmento de baixa renda.
Para o mercado de média e alta renda, o foco está no acesso ao crédito e no custo do capital, considerando a elevação da taxa Selic e a projeção da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) de uma redução de aproximadamente 17% no financiamento via Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) neste ano.
O Bank of America (BofA), por sua vez, projeta um desempenho mais misto entre as construtoras de baixo custo e as de alto custo. As empresas de baixo custo, como MRV e Tenda, devem continuar com uma recuperação gradual das margens brutas, enquanto as construtoras de médio e alto custo, como Cyrela, Eztec e Even, devem se beneficiar de vendas altas de lançamentos, especialmente em projetos de alto padrão. Cyrela, em particular, se destaca por ter registrado vendas muito fortes em um de seus empreendimentos de luxo em São Paulo.
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Expectativa para construtoras no 4T24
Cyrela (CYRE3)
O BTG espera que a Cyrela tenha uma receita líquida de R$ 2,7 bilhões no primeiro trimestre, com crescimento de 58% em relação ao ano passado, impulsionada por fortes vendas. A margem bruta projetada é de 33,7%, com uma redução de 170 bps em relação ao ano passado. O lucro líquido deve alcançar R$ 500 milhões, com um ROE anualizado de 21%. O BofA projeta um crescimento de 21% na receita em relação ao trimestre anterior, com a margem bruta em 32,1%, impulsionada por joint ventures. A XP projeta receita de R$ 2,45 bilhões (+43% ano a ano), com uma margem bruta de 31,9%. O lucro líquido deve atingir R$ 445 milhões (+80% ano a ano), com vendas de alto padrão. Goldman Sachs espera uma receita líquida de R$ 2,4 bilhões (+20% trimestre a trimestre), com margem bruta de 34% e um ROE de 18,8% em 2024.
MRV (MRVE3)
O BTG prevê que a MRV registre uma receita líquida de R$ 2,4 bilhões, com crescimento de 24% em relação ao ano passado. A margem bruta estimada é de 30,3%, com lucro líquido de R$ 156 milhões, refletindo perdas nos EUA. O fluxo de caixa da empresa foi de R$ 370 milhões, sendo R$ 296 milhões no Brasil e R$ 75 milhões nos EUA. O BofA prevê estabilidade na receita, com aumento de 50 pontos-base na margem bruta e lucro de R$ 45 milhões, sem incluir swaps de dívida. A XP projeta receita de R$ 2,34 bilhões (+20% ano a ano) e prejuízo de R$ 76 milhões, impactado pela venda do Hutto Square e pressão financeira no Brasil. Goldman Sachs revisa a receita para R$ 2,4 bilhões (+4% trimestre a trimestre), mas projeta prejuízo de R$ 40 milhões no 4T24, devido a perdas nos EUA.
Eztec (EZTC3)
O BTG estima que a Eztec tenha uma receita líquida de R$ 407 milhões, com crescimento de 20% sobre o ano anterior. A margem bruta projetada é de 36,3%, com uma leve redução de 10 bps em relação ao trimestre anterior. O lucro líquido deverá ser de R$ 117 milhões, com ROE de 10%, e consumo de caixa de R$ 30 milhões. O BofA projeta desaceleração na receita, devido a vendas mais fracas, mas espera margens mais altas impulsionadas por novos lançamentos. A XP, por outro lado, espera receita de R$ 410 milhões (+21% ano a ano) e margem bruta de 35%, com lucro líquido de R$ 110 milhões (+32% ano a ano). Goldman Sachs projeta receita de R$ 387 milhões (+14% ano a ano) e lucro líquido revisado para R$ 237 milhões em 2025, com um ROE de 4,5%.
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Cury (CURY3)
O BTG projeta uma receita líquida de R$ 1,0 bilhão, com crescimento de 27% em relação ao ano anterior. A margem bruta ajustada deve ser de 39,2%, com leve aumento sobre o trimestre anterior. O lucro líquido deve crescer 5%, atingindo R$ 169 milhões, com um ROE robusto de 59%. A geração de fluxo de caixa é projetada em R$ 150 milhões. O BofA, por sua vez, espera uma desaceleração na receita da Cury, com um crescimento mais modesto e estabilidade nas vendas e produção. No entanto, o lucro líquido deve permanecer estável, beneficiado pela redução de despesas gerais e administrativas. A XP Investimentos é otimista, projetando uma receita líquida de R$ 1,04 bilhão (+27% A/A), com aumento da margem bruta para 39% e lucro líquido de R$ 168 milhões (+4% A/A), apesar das despesas financeiras.
Direcional (DIRR3)
O BTG projeta uma receita líquida de R$ 945 milhões, com crescimento de 49% em relação ao ano passado. A margem bruta estimada é de 38,9%, com um aumento significativo de 320 bps. O lucro líquido deve crescer 74%, atingindo R$ 174 milhões, com ROE anualizado de 33%. O fluxo de caixa projetado é de R$ 159 milhões. O BofA espera um aumento no lucro líquido devido à receita mais alta e margens estáveis, com forte momentum operacional. A XP Investimentos também vê um desempenho positivo, com previsão de receita de R$ 944 milhões (+49% A/A) e lucro líquido de R$ 163 milhões (+67% A/A), beneficiado pela equivalência patrimonial. O Goldman Sachs revisou os lançamentos de 2025 para R$ 5,2 bilhões (+4%), com margem bruta estimada em 36,8% no 4T24, e geração de caixa projetada em R$ 588 milhões.
Tenda (TEND3)
O BTG prevê uma receita líquida de R$ 875 milhões, com crescimento de 16% sobre o ano anterior. A margem bruta deve crescer 100 bps, atingindo 33,2%, e o lucro líquido deve ser de R$ 52 milhões, com ROE anualizado de 21%. O fluxo de caixa deve ser de R$ 150 milhões. O BofA projeta uma redução na receita, dada a queda nas vendas, mas espera que a margem bruta continue a se recuperar trimestre a trimestre. A XP Investimentos vê um desempenho positivo, com uma receita estimada de R$ 894 milhões e lucro líquido ajustado de R$ 74 milhões, revertendo o prejuízo do 4T23.
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Even (EVEN3)
A expectativa do BTG é que a Even registre uma receita líquida de R$ 457 milhões, com uma queda de 51% em relação ao ano passado. A margem bruta projetada é de 33%, com uma melhora de 700 bps sobre o ano passado. O lucro líquido deve ser de R$ 53 milhões, com um pequeno decréscimo de 8%, e a geração de fluxo de caixa será de R$ 60 milhões. O BofA também projeta que a Even recupere a receita, com vendas mais fortes, mas prevê uma “normalização” nas margens após ganhos pontuais no terceiro trimestre.
Plano & Plano (PLPL3)
Segundo o BTG, a receita líquida deve ser de R$ 671 milhões, com um crescimento modesto de 5% sobre o ano anterior. A margem bruta ajustada é projetada para ser de 34,4%, com um leve aumento de 40 bps sobre o trimestre anterior. O lucro líquido deve crescer 12%, atingindo R$ 93 milhões, com um ROE forte de 40%. O fluxo de caixa já divulgado foi de R$ 94 milhões. O BofA também projeta uma desaceleração na receita devido a vendas mais baixas. As despesas devem aumentar devido à reversão não recorrente de provisões.