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Este ano, até agora, não está sendo nada positivo para o Ibovespa, que cai mais de 8,5% no acumulado do ano. Perspectiva de atraso do início do ciclo de queda de juros nos Estados Unidos (ao menos na comparação com o que era esperado até o final de 2023) e problemas fiscais no Brasil, principalmente, vêm afastando investidores da renda variável. Mas algumas ações se destacam entre as baixas, despencando mais de 40%.
No top cinco de quedas do principal índice da Bolsa brasileira, até o fechamento de quarta-feira (dessa terça-feira (28), estavam os papéis da Cogna (COGN3), Magazine Luiza (MGLU3), CVC (CVCB3), Yduqs (YDUQ3) e Azul (AZUL4). As baixas são de, respectivamente, 45,5%, 43,7%, 43,4%, 42,8% e 42%.
Em comum, todas elas sofrem forte influência das taxas de juros, sendo que os contratos futuros (DIs) voltaram a subir por pressão do cenário norte-americano e por influência da questão fiscal brasileira.
Quais ações se destacam entre as altas do Ibovespa em 2024?
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Essas empresas são altamente expostas às taxas de juros. No lado do faturamento, impacta o consumo, por conta do crédito mais caro. Já no balanço, impacta nos gastos financeiros, que ficam mais elevados, encarecendo a dívida.
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Educação na lista de baixas do Ibovespa
A Cogna e a Yduqs, companhias do setor de educação que figuram na lista, por exemplo, acabam tendo linhas de crédito estudantis mais caras, o que limita as novas matrículas.
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Fora isso, os juros mais altos também tendem a impactar a economia, desacelerando-a, o que diminui o apetite das pessoas com gastos em “aprendizado”.
Segundo um analista, no lado macroeconômico, o cenário de queima de caixa das empresas do setor, combinado com as altas taxas de juros, tem pressionado ainda mais o desempenho financeiro dessas companhias e aumentado a inadimplência.
O setor de educação também é, historicamente, conhecido por ser de capital intensivo e com concorrência elevada.
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Assim, a necessidade demandada pelo setor educacional, em um ambiente de juros altos, aumenta o custo do capital e reduz a rentabilidade.
Fora isso, a alta da concorrência é um fator significativo, especialmente no ensino remoto, onde muitos cursos são oferecidos a preços baixos.
Se não fosse o bastante, os resultados recentes das duas, tanto do quarto trimestre de 2023 como do primeiro de 2024, foram mal recebidos pelo mercado.
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Setor aéreo e de viagens também sofre
Enquanto isso, CVC e Azul também entram em um pacote parecido – de problemas. As duas empresas, ligadas ao setor de viagens, sofrem com os juros mais altos, o que diminui a demanda por mais clientes. Fora isso, elas são também companhias com custo operacional alto e alavancadas.
Tanto a empresa de turismo como a companhia aérea estão em meio a processos de reestruturação.
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A primeira anunciou um novo CEO no ano passado, mudou sua estrutura de capital e vem focando na digitalização do seu negócio. Já a segunda renegociou dívidas e contratos de leasing.
As dívidas, no entanto, continuam elevadas. Fora isso, os custos dessas empresas, com dólar mais alto e preço do petróleo subindo, também avançaram, diminuindo margens. Tudo isso levou ao aumento da alavancagem.
Varejo se destaca em quedas do Ibovespa
Por fim, a queda de Magazine Luiza – que puxa a fila das perdas das varejistas (Casas Bahia vem logo atrás, com retração de 37,5% em 2024) – também é explicada por motivos que vão na mesma linha de Cogna, CVC, Yduqs e Azul (AZUL4).
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Do lado do faturamento, os juros mais altos inibem o consumo e diminuem receitas. Do lado dos gastos, a dívida continua cara.
Apesar de ter trazido avanços operacionais nos seus últimos resultados, a mudança de percepção, de que os juros brasileiros podem continuar nos dois dígitos até o final do ano, minguou o ânimo do mercado.
Segundo um analista, a nova previsão “desacelera as expectativas e torna o cenário menos favorável para bens duráveis”. E isso afeta em cheio Magalu.