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O médico e neurocientista Miguel Nicolelis explica que todos os atributos cognitivos, inclusive inteligência, são uma propriedade orgânica analógica de nosso conjunto biológico. “As pessoas tentam forçar a analogia de que o cérebro é um computador”, diz.
O especialista preside hoje o Instituto Nicolelis de Estudos Avançados do Cérebro, que tem como objetivo tratar mais de um bilhão de pessoas que sofrem de doenças neurológicas. Reconhecido internacionalmente, ele foi apontado em 2004 pela Revista Scientific American como um dos 20 maiores cientistas da atualidade.
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Ele falou sobre este e outros temas relacionados à neurociência durante o episódio 8 do programa AcelerAI, no canal XP Educação, apresentado por Diogo França, CTO e head de produtos da Faculdade XP.
“O cérebro não é um computador. Ele não tem hardware nem software, ele computa com a estrutura dele. E ele computa em contínuo. O campo eletromagnético do cérebro é um campo contínuo”, acrescenta. “Essa estrutura contínua do cérebro é impossível de ser reproduzida em uma lógica digital. A lógica digital tenta é aproximar, copiar”, afirma.
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Impossível reprodução
“Quando a gente aprender algo novo, por exemplo, como a nossa conversa, ela está alterando literalmente a microestrutura dos neurônios de nossos cérebros”, comenta Nicolelis sobre o quanto é dinâmica o órgão do sistema nervoso central e o quão é impossível reproduzi-lo tecnologicamente.
“É óbvio que se quiser aplicar big data ou data mining para melhorar diagnóstico médico, estimar a chance de poder ter diabetes, cânceres, todos esses avanços computacionais matemáticos são bem-vindos”, explica.
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Próxima deep tech
“Mas tenho objeções de quando começa a ter sistemas de processamento de textos onde se começa a sugerir palavras e sistemas baseados no seu histórico”, diz. “Para nós, que já escrevemos há anos, tudo bem, não vai mudar porque já estamos com o nosso universo gramatical e de vocabulário formado. Mas para uma criança que está aprendendo a escrever ou a ler, isso vai ser detrimental porque vai restringir”, explica.
Nicolelis afirma ainda que o cérebro humano é extremamente dependente, tanto no seu desenvolvimento quanto na sua manutenção, do convívio social. “Nós dependemos disso para mantermos a nossa saúde mental”, afirma.
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Além disso, ele acha que a neurociência vai dar muito mais o que falar do que a inteligência artificial. “A próxima grande onda de deep tech é o cérebro humano. É a conexão de várias áreas do conhecimento: neurociência, ciência da computação, engenharia, engenharia mecânica, engenharia elétrica, mecatrônica e até mesmo a matemática de ponta”, afirma.
“A gente tem várias ideias de como o cérebro pode se realmente a fronteira de múltiplas industriais, que nem se deram conta de que a neurociência está permeando os seus planos de negócios”, ressalta.
Para o cientista, “a neurociência pode influenciar de forma definitiva várias indústrias vitais do futuro da humanidade”.
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