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SÃO PAULO – O lucro líquido da Companhia Providência (PRVI3) no terceiro trimestre do ano superou aquele visto no trimestre anterior, ao atingir R$ 14,2 milhões, surpreendente alta de 98,3%, segundo dados divulgados pela empresa na última terça-feira (9). Em comparação ao terceiro trimestre de 2009, a elevação do lucro foi de 33,1%.
Resultados
Outros números também chamaram a atenção: a receita líquida atingiu R$ 116,6 milhões no último trimestre, o que equivale a um aumento de 12,2% em comparação com igual período do ano passado, em função do aumento no volume de vendas e realinhamento de preços. Além disso, o Ebitda ajustado (geração operacional de caixa) totalizou R$ 30,1 milhões, correspondendo a elevação de 21,1% em relação ao segundo trimestre do ano e 15,6% acima da cifra atingida entre julho e setembro de 2009.
Por outro lado, a dívida líquida também apresentou acréscimo, de R$ 69,3 milhões, ou de 43%, em relação ao terceiro trimestre do último ano. Frente ao segundo quarto de 2010, houve aumento de 19,7% na dívida líquida, ou R$ 37,9 milhões, em decorrência da captação para financiamento do projeto nos Estados Unidos.
Outros pontos positivos dos resultados ficaram com a aprovação da distribuição de dividendos referente a 100% do lucro líquido ajustado auferido pela empresa no período findo em 30 de junho de 2010. O montante é R$ 11,1 milhões, o que equivale a R$ 0,13884220 por ação ordinária pago aos acionistas. Acrescenta-se ainda, o contrato de financiamento à exportação junto ao BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) no valor de R$ 150 milhões, com taxa de juros pré-fixada de 7% ao ano e prazo de pagamento de 18 meses, cujos recursos foram recebidos pela companhia em outubro.
Em entrevista à InfoMoney, o CFO (Chief Finantial Officer) da Providência, Eduardo Feldmann, destacou a importância da captação de recursos para a manutenção das atividades rotineiras da empresa. Acrescentou, ainda, o impacto da flutuação do preço do dólar sobre a produção da empresa e as previsões para a conclusão da nova planta de fábrica nos Estados Unidos.
Confira abaixo a entrevista completa concedida pelo CFO da Providência à InfoMoney:
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Infomoney: Como essa questão da flutuação do dólar afeta os resultados da empresa?
Eduardo Feldmann: A questão da taxa do dólar nos resultados da Providência não é tão forte como para outras exportadoras porque hoje nós temos um “hedge natural” na companhia, já que o nosso principal componente de custo é dolarizado. Quando retira-se do custo do produto vendido a depreciação, verifica-se que cerca de 85% do custo é o polipropileno. Assim, se há uma flutuação na exportação, flutua também o preço do polipropileno, esse é o hedge natural. O que nos prejudica são os 15% restantes, destinados a gastos com folha de pagamento, energia elétrica, gastos com manutenção e comissões. Esses valores não estão atrelados ao dólar e nós tentamos dentro do possível repassar esses custos ao mercado.
“Dentro da cadeia do petróleo, |
O mercado observa uma forte alta nos preços das commodities. Isso traz pressão de custos para a empresa, no caso do algodão, por exemplo?
Feldmann: Em relação ao algodão não, porque são mercados distintos do nosso. A principal commodity que influencia nossos custos é o petróleo. Dentro da cadeia do petróleo, um aumento no preço reflete, dentro de 3 a 5 meses, no preço do polipropileno, que é um derivado.
Ainda assim, o polipropileno tem uma dinâmica própria de mercado, ele depende do preço do petróleo, mas também depende de outros fatores, como para onde é direcionada a produção de petróleo e assim, mesmo que o preço da commodity não suba há variações nos preços das resinas.Isso axconteceu no início desse ano, quando o preço do petróleo ficou mais comportado e mesmo assim o preço de seu derivado subiu, porque se direcionou mais para o setor de energia. Nossa perspectiva para o próximo trimestre é de preço estável para o polipropileno.
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Esse financiamento junto ao BNDES já estava previsto pela empresa?
Feldmann: Nós tomamos junto ao BNDES cerca de 150 milhões para financiamento à exportação a um juro atrativo de 7% fixo. Isso vai nos ajudar no dia-a-dia, com compra de matéria prima e com a questão de capital de grio destinado à exportação. O BNDES anunciou o financiamento em maio e o nosso acordo foi liberado em outubro. Já havia uma previsão sim, mas o desembolso ocorreu realmente em outubro.
“… a fábrica nos EUA representará aumento |
A entrega da fábrica nos EUA está dentro do cronograma. Quando deve ficar pronta?
Feldmann: A fase de montagem já está bastante acelerada. Anunciamos anteriormente que começaríamos as vendas ao longo do primeiro semestre. Já podemos falar com segurança que o início das vendas será ao longo do primeiro trimestre de 2011.
E isso afetará de maneira positiva a empresa. A capacidade de produção da companhia é de 80 mil de toneladas ao ano. Estamos instalando 20 mil toneladas lá, ou seja, a fábrica nos EUA representará aumento de 25% na capacidade de produção.
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Em relação aos dividendos, foi anunciada uma antecipação de pagamento e o valor pago também será maior. A que vocês atribuem esse fato?
Feldmann: Até 2008 vínhamos com pagamento na faixa de 25% do lucro distribuível, em 2009 já avançamos pagando 50% com uma antecipalção dentro do ano e agora em 2010 estamos fazendo um pagamento de 100% do lucro do primeiro semestre. Isso ocorre em função da nossa geração de caixa operacional, que está se mostrando muito robusta. Estamos otimistas em manter nossos programas de investimentos dentro da empresa, gerando um valor maior aos nossos acionistas.
Além disso, a nossa expectativa no próximo trimestre é que o mercado continue aquecido. Não posso falar em crescimento da margem antes dos resultados, mas certamente o volume de vendas está aquecido e continuará assim.
Quando a fábrica dos Estados Unidos estiver pronta, como será feita a operação em relação a divisão dos mercados ?
Feldmann: Uma grande parte da nossa exportação vai para o mercado norte-americano hoje. Com a planta lá, o mercado americano vai ser atendido localmente. Aqui no Brasil, o volume que nós enviávamos nos ajudará a atender o crescimento do mercado local. É como se um investimento nos EUA se convertesse em um investimento no Brasil, pois libera capacidade para atender o crescimento do mercado brasileiro e parte da América Latina.
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A tendência da exportação para os EUA é diminuir, pois o mercado será atendido localmente. A capacidade que sobrar no Brasil atende a demanda do local. Hoje, o mercado americano é nosso principal mercado externo, apesar de que a América Latina também é um mercado importante, como Argentina, Chile, Peru, Colômbia e Venezuela.