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SÃO PAULO (Reuters) – Uma proposta de distribuição de 50% dos dividendos extraordinários do exercício de 2023 deve ser referendada na assembleia de acionistas da próxima quinta-feira, disse o presidente-executivo da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, em entrevista a jornalistas, nesta segunda-feira.
Segundo ele, esta é a proposta que está na mesa e a única com estudos e pareceres. O pagamento de metade da remuneração extraordinária possível envolveria um montante de cerca de 22 bilhões de reais, beneficiando não apenas acionistas privados, mas também as contas do governo.
A Petrobras publicou na noite de sexta-feira que o conselho de administração da companhia entendeu como satisfatórios esclarecimentos da diretoria financeira da empresa de que a distribuição de dividendos extraordinários de até 50% do lucro líquido de 2023 não comprometeria a sustentabilidade da empresa.
A avaliação do conselho veio após a situação de Prates, que chegou estar ameaçado de demissão por conta da crise em torno dos dividendos, ter se estabilizado. Ao final, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que ele deveria continuar na petroleira.
Neste processo, o governo acabou por reconsiderar a proposta da possibilidade de distribuição de 50% dos dividendos possíveis, feita inicialmente pela diretoria da Petrobras liderada por Prates.
O conselho entendeu no início de março que um montante de 43,9 bilhões de reais deveria ser destinado para uma reserva estatutária da Petrobras, tema que também voltou a ser alvo de comentários nesta segunda-feira.
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Ele lembrou que a reserva garante pagamento de dividendos aos acionistas mesmo em períodos de desempenho mais desafiador, um mecanismo que as empresas SAs possuem.
“Se nós, como gestores do conselho de administração… vislumbramos lá na frente um período onde o dividendo pode ser menor ou ter alguma coisa, você equaliza aquele dividendo lá com a reserva que você fez no período extraordinariamente positivo de hoje.”
MARGEM EQUATORIAL
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A exploração de novas fronteiras petrolíferas é uma decisão que deve ser tomada pelo Estado brasileiro, que pode assumir o risco de importar petróleo no futuro, dependendo dos caminhos tomados, disse o presidente da Petrobras.
Ele ressaltou que a estatal está confiante em realizar a exploração da região com alto potencial petrolífero, que inclui a áreas como a Bacia da Foz do Rio Amazonas, apesar das questões ambientais envolvidas.
Além de dificuldades junto ao órgão federal Ibama, a Petrobras vem enfrentando crescente resistência de grupos indígenas em relação ao seu principal projeto de exploração, que visa abrir uma nova fronteira na parte mais promissora para petróleo da costa norte do Brasil, conforme reportagem da Reuters publicada na semana passada.
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“Há uma discussão com a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) também, com as autoridades, com a própria Funai local do Amapá. Não há grandes estresses, não há nada disso”, afirmou Prates.
Segundo ele, uma sonda que poderia atuar na Foz do Amazonas acabou de perfurar a Bacia Potiguar.
“A sonda deverá vir para o Sudeste, segundo a programação dela, pra ficar livre de novo em outubro. Daqui pra outubro, nós vamos conversar com o Ibama, com o MMA (Ministério de Meio Ambiente), da forma civilizada, ponderada, racional, como a gente sempre teve”, acrescentou.
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Segundo o executivo, “vai ser muito importante que a gente tenha alguma coisa, alguma troca de trabalhos técnicos, e até da própria autorização, pra nós, antes de outubro, conseguirmos fazer a APO, que é a Avaliação Preliminar Operacional”.
Neste evento, a Petrobras poderia mostrar como funcionaria uma operação diante de um eventual incidente ambiental.
“Fizemos isso na Bacia Potiguar com muito sucesso, duas vezes, obtivemos a licença lá…”
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Prates disse ainda que a Petrobras seria a única empresa capaz de garantir com responsabilidade a perfuração na Margem Equatorial, área que vem sendo explorada desde 2015 por países vizinhos, que já produzem na região.