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A Cemig (CMIG4), estatal de energia de Minas Gerais, esteve entre as maiores baixas do dia no Ibovespa nesta segunda-feira (18) após a percepção do mercado de que os desafios políticos e legislativos são empecilhos para concretizar a privatização da companhia. Nesta segunda, a ação da ON caiu 4,14%, com ações sendo negociadas a R$ 11,59; fora do índice, CMIG3 caiu 5,80%. Na quinta-feira (14), as ações da Cemig apresentaram alta de 5% com as notícias de que o governo de Minas Gerais encaminhou (e retomou) o projeto de lei para desestatização da companhia – assim como da Copasa (CSMG3).
Nesta data, o presidente da empresa, Reynaldo Passanezi Filho, afirmou, durante teleconferência com analistas e investidores, que a privatização da Cemig continuará condicionada à realização de um referendo popular, mesmo que um projeto de lei sobre o tema seja aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Na última quinta-feira (14), o governo de Minas Gerais apresentou à ALMG projetos de lei relacionados à desestatização da Cemig e da Copasa e, apesar do avanço no debate legislativo, o processo exige uma consulta popular, conforme estabelece a Constituição do Estado.
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A Constituição mineira determina que empresas de setores estratégicos, como energia elétrica, gás canalizado e saneamento básico, só podem ser privatizadas após aprovação em referendo. Em 2023, o governador Romeu Zema (Novo) propôs uma alteração na Constituição para remover essa exigência, mas a mudança não avançou por depender de votação qualificada na Assembleia.
Investidores estão céticos
Os obstáculos têm despertado ceticismo entre analistas e investidores, segundo relatório do Itaú BBA. Conforme o banco, a realização de um referendo tem poucas chances de trazer um resultado favorável ao governo estadual. Por isso, o cenário mais provável seria a tentativa de aprovação tanto da emenda constitucional quanto do projeto de lei na ALMG. No entanto, analistas permanecem céticos quanto às perspectivas de sucesso, considerando o cenário político adverso em Minas Gerais.
Os estrategistas do BBA observam que, enquanto o processo de privatização segue incerto, a Cemig mantém sua estratégia de priorizar investimentos no estado de Minas Gerais. Nos primeiros nove meses deste ano, destaca o banco, a empresa investiu mais de R$ 3 bilhões no segmento de distribuição e prevê aplicar R$ 4,4 bilhões até o final do ano. O montante representa quatro vezes a depreciação regulatória da concessão (QRR).
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De acordo com o BBA, o segmento de comercialização de energia da Cemig apresentou resultados abaixo do esperado no trimestre, impactado por margens de negociação mais apertadas. Os analistas afirmam que a companhia atribuiu o desempenho ao custo de exposição a diferentes submercados. Como detentora de grande parte da energia no submercado do Nordeste, que possui preços inferiores aos do Sudeste, a Cemig absorveu os custos da diferença de preços regionais.
Além disso, o banco lembra que a gestão da estatal relatou problemas com empresas comercializadoras que não cumpriram suas obrigações contratuais, levando ao adiamento de um contrato significativo para 2025, a fim de evitar potenciais litígios.
Atualmente, a dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da empresa, que representa o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, está em 0,9 vez, mas, segundo estimativa do BBA, pode atingir entre 2x e 2,5x até 2027 devido ao aumento dos investimentos. A partir de 2028, com o reajuste tarifário da Cemig Distribuição, a empresa espera iniciar uma trajetória de desalavancagem.
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Em relatório, o BBA diz que apesar do ceticismo em torno da privatização e dos desafios operacionais, a Cemig continua sendo uma empresa estratégica no cenário energético brasileiro, com potencial para atrair investidores devido ao compromisso com investimentos locais e distribuição de dividendos.