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A entrevista do presidente da PRIO (PRIO3), Roberto Monteiro, feita ao Estadão/Broadcast na terça-feira (20), trouxe algumas sinalizações importantes para a petroleira.
A empresa, apontou Monteiro, participará do próximo leilão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o que gerou reações mistas entre analistas de mercado.
A companhia, que tradicionalmente se concentra no redesenvolvimento de campos maduros, agora quer adotar uma abordagem inédita ao disputar blocos exploratórios na região do pré-sal. O movimento foi considerado estratégico e com potencial para destravar valor, mas carrega incertezas e riscos que levantam questões sobre seu impacto nos resultados futuros do negócio.
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Para o Bradesco BBI, a participação no leilão representa uma mudança notável na estratégia da PRIO, que sempre priorizou investimentos em ativos com produção comprovada. A recomendação é observar atentamente o capital alocado (capex) e o cronograma de desembolsos, uma vez que valores moderados podem sinalizar prudência e um bom uso dos recursos da empresa.
Ou seja, o relatório do banco aponta que o sucesso dessa iniciativa dependerá do equilíbrio entre o apetite ao risco e a manutenção da saúde financeira da companhia.
Já a Genial Investimentos considera a decisão “interessante”, diz que vê um “grande potencial de geração de valor”, desde que as campanhas exploratórias sejam bem-sucedidas, e mantém recomendação de compra. Segundo os analistas, a descoberta de volumes comerciais de petróleo e gás pode multiplicar consideravelmente o valor investido.
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O problema é que a possibilidade de insucessos, como não encontrar reservas economicamente viáveis, é um fator que não pode ser descartado, especialmente considerando os custos irrecuperáveis (sunk costs) que a empresa pode enfrentar.
Um novo capítulo
A participação no leilão também é simbólica, segundo a corretora. Desde sua criação, a PRIO não havia demonstrado interesse em blocos exploratórios, concentrando-se na reestruturação de ativos adquiridos de outras empresas. Esse modelo, lembra a Genial, foi um dos fatores que ajudaram a consolidar a posição da Prio no mercado de petróleo e gás. Com a entrada em um segmento mais arriscado, a companhia aposta em diversificar suas operações e expandir o alcance de suas atividades, especialmente em áreas próximas aos ativos já operados.
Os analistas ponderam que a entrada no leilão ocorre em um momento oportuno, já que o fluxo de caixa acima da média e o nível atual de endividamento da empresa permitem investimentos mais ousados. Contudo, o mercado ainda avalia como a PRIO lidará com as incertezas inerentes às campanhas exploratórias, lembrando casos de outras empresas que enfrentaram dificuldades ao investir em ativos semelhantes.
Enquanto a PRIO inicia sua primeira incursão em blocos exploratórios, ela também mantém o foco em outros projetos relevantes, como a entrada operacional dos campos de Wahoo e Albacora Leste. A produção do campo de Tubarão Martelo, por sua vez, segue impactada pela demora na emissão de licenças ambientais.
O principal alvo de interesse da empresa, segundo Monteiro disse em entrevista, é a aquisição dos 60% remanescentes do campo de Peregrino, o que resultaria na consolidação de 100% da operação sob a gestão da Prio. Com base no valor pago anteriormente pelos 40% (aproximadamente US$ 1,9 bilhão), a Genial estima que a parcela restante deve alcançar até US$ 2,9 bilhões.
Adicionalmente, foi sinalizado o interesse da PRIO em ativos no Golfo do México. No entanto, a corretora analisa que o foco da empresa deve permanecer no Brasil, especialmente considerando a recente compra de 40% de Peregrino e o impacto dessa aquisição no nível de endividamento projetado até o final deste ano.