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SÃO PAULO – Há exatos dois anos, a TAM (TAMM4) vivia um dia histórico na bolsa. Não era por conta do prejuízo de R$ 154 milhões naquele segundo trimestre de 2010. Muito menos pela reação negativa do mercado aos números, levando as ações à maior queda do Ibovespa no dia.
O surpreendente era que, naquele mesmo pregão, quem tivesse uma ação da empresa veria seu investimento dar um retorno de mais de 27%. Apenas nos dez minutos finais de negociações, o salto foi de quase 20%. Assim, a série de reportagens Pregões Incríveis volta dois anos para contar como isso foi possível.
TAM dá prejuízo e decepciona
Na véspera de um dos mais importantes pregões na história da TAM, a empresa havia anunciado um prejuízo inseperado, guiado por uma despesa financeira de meio bilhão de reais.
Entre todas as empresas do índice, apenas quatro mostraram perdas naquela época. E a TAM foi a que mostrou os maiores números negativos – mesmo se somar o prejuízo de Gol (GOLL4), MMX (MMXM3) e LLX Logística (LLXL3), o da TAM foi maior.
Portanto, como era de se esperar, o fato desagradou os investidores e a sessão parecia que seria de fortes perdas. Por volta das 13h50 o papel atingiu a sua mínima naquele dia. Em desvalorização de 5,14%, era cotado a R$ 26,90.
O momento da virada
E essa seria a tendência. Isso se, por volta das 16h00, rumores de que a TAM uniria forças com a LAN não começassem a circular nos jornais. E, exatamente às 16h20, as ações da companhia aérea passaram para o campo positivo pela primeira vez naquele 13 de agosto.
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Mas a alta era gradual, sem grandes saltos. Assim foi até às 16h52, quando o papel valia R$ 30,20. Foi naquele momento que a companhia divulgou, oficialmente, o fato ao mercado.
“O novo grupo latino-americano de linhas aéreas estaria entre os maiores do mundo”, começava o anúncio sobre a assinatura de um memorando de entendimentos, recheado de otimismo. O documento de divulgação previa sinergias de US$ 400 milhões na operação. E tão logo o anúncio foi feito, o papel entrou em leilão.
O desfecho foi uma valorização de 27,64%, aos R$ 36,20. O otimismo também podia ser visto nos dias seguintes, quando analistas recomendavam aos acionistas que aceitassem a oferta pública de ações para trocar os papéis da TAM pelos da LAN, enquanto corretoras como o Citi adicionavam o papel à carteira Top Picks e agências de classificação de risco como a Fitch elogiavam a companhia.
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Movimento gerou desconfiança
Contudo, essa história não passou sem escândalos e desconfiança. Muitos questionaram a alta momentos antes do anúncio oficial da empresa, apesar da própria presidente da CVM à época, Maria Helena Santana, revelar não acreditar em informação privilegiada. “Toda oscilação que precede a divulgação de uma informação relevante é sempre seguida de uma análise da CVM”, declarou.
Meses depois, já em setembro, a autarquia confirmou que não houve informação privilegiada nas negociações, já que nenhuma pessoa física ou jurídica com conhecimento da negociação participou das operações.
O volume também chamou atenção. No dia 12, a ação movimentou R$ 13,5 milhões, valor que disparou para R$ 265,3 milhões no dia do anúncio. Entretanto, a CVM alertou que mais de 30% desse volume foi movimentado apenas depois do anúncio oficial. Isto é, cerca de R$ 80 milhões – ou aproximadamente seis vezes o volume da véspera – foram movimentados apenas naqueles útlimos 10 minutos de negociações.