Prefeito de cidade no Líbano morre após ataque israelense, dizem autoridades

Militares israelenses disseram que atingiram dezenas de alvos do Hezbollah na região de Nabatieh e desmantelaram a infraestrutura subterrânea

Reuters

Fumaça perto de Nabatieh, no Líbano
 16/10/2024   REUTERS/Karamallah Daher
Fumaça perto de Nabatieh, no Líbano 16/10/2024 REUTERS/Karamallah Daher

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Um ataque aéreo israelense na quarta-feira contra o prédio municipal de Nabatieh, uma importante cidade do sul do Líbano, que funciona como capital de província, matou o prefeito Ahmed Kahil e pelo menos cinco outras pessoas, segundo duas fontes de segurança.

O ataque ocorreu apesar das preocupações dos Estados Unidos com o aumento do número de mortos e do temor de uma guerra total na região, no momento em que Israel luta contra o Hezbollah, apoiado pelo Irã, no sul do Líbano e na capital Beirute, e contra os militantes palestinos do Hamas em Gaza.

Os militares israelenses disseram que atingiram dezenas de alvos do Hezbollah na região de Nabatieh e desmantelaram a infraestrutura subterrânea.

As forças da Marinha israelense, por sua vez, atingiram dezenas de alvos do Hezbollah no sul do Líbano, em cooperação com as tropas em terra, disseram os militares de Israel na quarta-feira.

Horas antes, pelo menos um ataque israelense atingiu os subúrbios do sul de Beirute, segundo testemunhas da Reuters, depois que os EUA disseram que se opunham ao escopo dos ataques israelenses na capital do Líbano.

Testemunhas da Reuters ouviram duas explosões e viram nuvens de fumaça saindo de dois bairros diferentes. Isso ocorreu depois que Israel emitiu uma ordem de retirada no início da quarta-feira, que mencionava apenas um prédio.

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Nas últimas semanas, os militares israelenses realizaram ataques nos subúrbios ao sul de Beirute, reduto do Hezbollah, sem avisos prévios, ou com um aviso para uma área, enquanto atacavam de forma mais ampla.

As Forças Armadas israelenses disseram que realizaram um ataque a um estoque subterrâneo de armas do Hezbollah no subúrbio de Dahiyeh, ao sul de Beirute.

“Antes do ataque, várias medidas foram tomadas para mitigar o risco de ferir civis, incluindo avisos antecipados à população da área”, disseram os militares israelenses.

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Um quarto do Líbano sob ordens de retirada

As ordens de retirada militar israelense agora afetam mais de um quarto do Líbano, de acordo com a agência de refugiados da ONU, duas semanas após Israel ter iniciado incursões no sul do país que, segundo Israel, têm como objetivo afastar o Hezbollah.

Alguns países ocidentais têm pressionado por um cessar-fogo entre os dois vizinhos, bem como em Gaza, embora os Estados Unidos digam que continuam a apoiar Israel e que estavam enviando um sistema antimísseis e tropas.

Na terça-feira, o porta-voz do Departamento de Estado Matthew Miller disse que os EUA haviam expressado suas preocupações ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sobre os recentes ataques.

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“No que diz respeito ao escopo e à natureza da campanha de bombardeio que vimos em Beirute nas últimas semanas, deixamos claro ao governo de Israel que estamos preocupados e que nos opomos a isso”, afirmou ele aos repórteres, adotando um tom mais duro do que o adotado por Washington até agora.

Israel também está sob escrutínio pelo modo como lida com a força de paz da ONU, a Unifil, no sul do Líbano.

Desde o início de uma operação terrestre israelense contra os militantes do Hezbollah, em 1º de outubro, as posições da Unifil foram atacadas e dois tanques israelenses romperam os portões de uma de suas bases, segundo a ONU. Cinco membros da força de paz ficaram feridos.

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Conflito

Desde 7 de outubro de 2023, o conflito entre Israel, Hamas e Hezbollah escalou dramaticamente após um ataque surpresa do Hamas a Israel, que resultou em centenas de mortes e sequestros de civis. O Hamas lançou uma série de foguetes e infiltrou militantes em território israelense, levando a uma resposta militar significativa por parte de Israel. O governo israelense declarou estado de guerra e iniciou uma campanha de bombardeios em Gaza, visando a infraestrutura do Hamas e suas capacidades militares. Esse ataque marcou um dos piores episódios de violência na região em anos, exacerbando as tensões já existentes e gerando uma crise humanitária em Gaza.

Além disso, o Hezbollah, que opera no Líbano e é apoiado pelo Irã, começou a intensificar suas atividades na fronteira com Israel, realizando ataques e disparando foguetes em apoio ao Hamas. A situação se tornou ainda mais complexa com o envolvimento de grupos militantes e a possibilidade de uma guerra em múltiplas frentes. A comunidade internacional expressou preocupações sobre a escalada do conflito e suas consequências para a estabilidade regional, enquanto esforços diplomáticos para um cessar-fogo enfrentam desafios significativos. A crise humanitária em Gaza se agrava, com milhares de deslocados e um acesso limitado a alimentos e serviços básicos, enquanto as tensões entre Israel e seus vizinhos permanecem altas.