Preços de celulose aumentam no 1º mês do ano, mas alta vai se sustentar?

Analistas destacam que alta ocorreu principalmente por "fator Chenming", com paralisação de uma das maiores fabricantes de papel da China, mas há riscos no radar

Felipe Moreira

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Uma recuperação está no radar? Os preços de importação de celulose de fibra curta – muito utilizada na indústria de papel e higiene – na China subiram US$ 17 por tonelada (t) na semana passada, para US$ 563/t, enquanto os preços domésticos de revenda também subiram. No caso da fibra longa – usadas para subir embalagens e sacos de papel – , o preço de importação FOEX subiu US$ 9/t, para US$ 782/t, enquanto os preços domésticos de revenda aumentaram.

Segundo o Goldman Sachs, o movimento de alta foi impulsionado pela paralisação de capacidade integrada relevante de celulose e papel da Chenming, uma das maiores fabricantes de papel da China.

O banco americano considera este o evento isolado mais importante que impulsionou o momentum dos preços de celulose e papel em dezembro e janeiro, recomendando que os investidores acompanhem de perto os desdobramentos sobre um possível reinício das operações.

Olhando para frente, o Goldman acredita que há espaço para novos aumentos de preços para celulose de fibra curta e longa em fevereiro. Os produtores provavelmente anunciarão outro aumento de preços, apoiado pela contínua paralisação da Chenming, bem como por interrupções temporárias de oferta, já que uma série de paradas para manutenção está programada na América Latina para o primeiro trimestre.

“Especificamente para a fibra curta, o prêmio elevado da fibra longa continuará favorecendo a substituição e a demanda [entre esses tipos de fibras], o que deve sustentar um melhor momentum no curto prazo (apesar de acréscimos significativos na oferta nos próximos anos)”, comentam analistas do Goldman.

Por outro lado, a tese do Goldman Sachs permanece de que uma recuperação sustentável nos preços da celulose depende de os preços alcançarem o custo marginal antes que haja cortes de oferta e a recomposição de estoques seja desencadeada.

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De acordo com o Goldman, o grande evento de oferta (a paralisação da Chenming) evitou, até o momento, que os preços alcançassem o custo marginal.

No entanto, o reinício das operações da Chenming ainda representa um risco, e o banco disse não estar vendo compradores na China dispostos a recompor estoques, provavelmente devido ao risco de reinício, às expectativas de crescimento da oferta de celulose e ao sentimento macroeconômico negativo.

A visão é de que o aumento das compras de celulose nas últimas semanas foi impulsionado por ganhos de participação de mercado da Chenming, e não pela recomposição de estoques, na avaliação do banco.

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O Bradesco BBI, por sua vez, comenta que o aumento de preços confirmou sua visão de que as recentes iniciativas de aumento de preços devem ser implementadas com sucesso em janeiro — US$ 20/t para celulose de fibra curta e US$ 10/t para celulose de fibra longa, respectivamente.

O BBI também considera positivo o aumento semanal nos preços de revenda. Apesar das incertezas macroeconômicas em andamento (como a guerra comercial e o desempenho das moedas dos consumidores — renminbi e euro), analistas continuam a esperar que os preços da celulose avancem em direção ao patamar de US$ 600/t em 2025.