Posse de Trump, Fórum de Davos, leilão do BC, Focus e mais destaques desta 2ª

Confira o que vai mexer com o mercado nesta segunda-feira (20)

Equipe InfoMoney

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, participa de uma cerimônia no Cemitério Nacional antes da posse presidencial em Arlington, Virgínia, EUA, em 19 de janeiro de 2025. REUTERS/Carlos Barria
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, participa de uma cerimônia no Cemitério Nacional antes da posse presidencial em Arlington, Virgínia, EUA, em 19 de janeiro de 2025. REUTERS/Carlos Barria

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Os Estados Unidos celebram o feriado do Dia de Martin Luther King, Jr., nesta segunda-feira (20), enquanto o presidente eleito Donald Trump toma posse para seu segundo mandato. A cerimônia de posse terá início às 11h30 (horário de Brasília), na Rotunda do Capitólio, em Washington, e será acompanhada por uma atenção especial do mercado, que se mostra cauteloso diante das expectativas sobre as primeiras ações do novo governo.

Andressa Durão, economista do Asa, diz que a imigração foi um tema central durante a campanha de Trump e que as disputas no Congresso não devem facilitar a implementação de sua agenda, apesar da vitória republicana. “O mercado estará atento também às medidas de cortes de impostos e desregulamentação que Trump tentará emplacar”, afirma.

Por outro lado, Fabio Kanczuk, diretor de macroeconomia do Asa, aponta que a expectativa é de que o aumento das tarifas de importação leve a mais inflação nos Estados Unidos, resultando em juros mais altos, o que pode impactar negativamente o Brasil, com depreciação do real e inflação mais elevada. O economista também prevê um cenário de juros elevados no Brasil e menor crescimento econômico, caso essas tendências se confirmem.

Investidores também se preparam para o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que acontece esta semana. No evento anual, líderes políticos, empresariais e outros especialistas se reunirão no resort alpino para debater uma ampla gama de temas, desde maneiras de impulsionar o crescimento econômico até os desafios representados pela inteligência artificial. O fórum tem início hoje, mas ganha ritmo a partir de terça-feira.

Enquanto o mercado acompanha o desenrolar da posse e os primeiros passos do governo Trump, no Brasil, a atenção se volta para a divulgação do Relatório Focus, que traz importantes atualizações sobre as expectativas econômicas no país.

O que vai mexer com o mercado nesta segunda

Agenda

Às 9h, o presidente Lula realizará reunião ministerial na residência oficial da Granja do Torto. A reunião foi marcada em meio à expectativa sobre uma reforma ministerial.

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Brasil

08h25 – Focus (semanal)

EUA

Feriado

Das 11h30 às 14h – Cerimônia de posse de Donald Trump

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Zona do Euro

7h – Encontro do Eurogrupo

Internacional

Trump assume a presidência

Donald Trump terá uma agenda intensa hoje, dia em que assume a presidência dos Estados Unidos. Ele começará com um serviço religioso na Igreja Episcopal de São João, em frente à Casa Branca, seguindo a tradição dos presidentes eleitos. Logo depois, Trump e Melania Trump participarão de um chá de despedida com Joe e Jill Biden, na Casa Branca, marcando a transição de poder.

Cerimônia de posse no Capitólio

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A posse oficial, às 14h (horário de Brasília), terá apresentações musicais e religiosas, incluindo participações de Carrie Underwood e Christopher Macchio. O juramento presidencial será feito pelo chefe de justiça John Roberts, seguido do discurso de posse de Trump. A cerimônia será encerrada com bênçãos inter-religiosas e a execução do hino nacional.

Eventos após a posse

Após a cerimônia, Joe Biden e Kamala Harris terão uma despedida formal. Em seguida, Trump assinará suas primeiras ordens executivas na Sala do Presidente, no Capitólio, e participará de um almoço oficial no Statuary Hall, oferecido pelo Comitê de Posse.

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Desfile e bailes presidenciais

Devido ao clima, o tradicional desfile pela Pennsylvania Avenue será realizado na Capitol One Arena, com discursos e bandas marciais. À noite, Trump participará de três bailes de posse: o Baile do Comandante em Chefe, voltado para militares; o Baile da Liberdade, para seus apoiadores; e o Baile Starlight, exclusivo para grandes doadores.

As ordens

Trump prepara ordens executivas para implementar rapidamente suas prioridades após a posse nesta segunda-feira (20). Entre os planos estão declarar emergência nacional na fronteira com o México, revogar políticas de diversidade de Biden e eliminar limites à perfuração de petróleo em áreas federais. Trump também quer reinstaurar o Anexo F, que facilita a demissão de funcionários públicos, e relançar a política “Permanecer no México”, obrigando migrantes a aguardarem processos fora dos EUA. Além disso, ele planeja designar cartéis como organizações terroristas e realizar batidas imigratórias em grandes cidades como Nova York e Miami. Outra medida discutida é a decretação de emergência energética para acabar com incentivos a veículos elétricos e cortar gastos climáticos, revertendo políticas da gestão Biden.

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Guerra fiscal

As ameaças tarifárias do presidente eleito Donald Trump colocam a Europa diante de um dilema: aceitar o impacto econômico mantendo tarifas baixas ou adotar barreiras para proteger suas indústrias. A União Europeia (UE), defensora do livre comércio, prepara incentivos e sanções para lidar com o uso de tarifas como ferramenta política pelos EUA. Enquanto tenta evitar uma guerra comercial, o bloco avalia propostas como aumentar a compra de gás natural e suprimentos de defesa americanos e assumir mais custos com a Ucrânia. Caso não obtenha avanços, a UE pode retaliar com tarifas direcionadas a estados americanos estratégicos.

Moeda de Trump

A criptomoeda $TRUMP, lançada pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, registrou uma valorização de 137% em 24 horas, sendo negociada a US$ 67,47 no domingo (19) conforme dados do CoinMarketCap. Desde o anúncio oficial na sexta-feira (17), o ativo acumula alta de 940%. Em publicação no X, Trump promoveu a moeda como símbolo de vitória e revelou que 80% do suprimento é controlado por entidades ligadas à Trump Organization. Após a posse, Trump planeja emitir ordens executivas relacionadas ao bitcoin e à indústria de criptografia, incluindo a proposta de criar uma reserva estratégica de bitcoin.

De volta, mas com uma condição

Trump anunciou que reverterá a proibição do TikTok nos Estados Unidos após sua posse, por meio de uma ordem executiva, desde que pelo menos 50% da plataforma seja controlada por investidores norte-americanos. O aplicativo deixou de funcionar no país no sábado, afetando 170 milhões de usuários, após uma lei de segurança nacional entrar em vigor. Autoridades temiam o uso indevido de dados por parte da ByteDance, empresa controladora chinesa. Trump indicou que estenderá o prazo da proibição para negociar um acordo que garanta a segurança nacional, propondo uma joint venture com participação majoritária americana.

Economia

Solução

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que o Brasil é uma “solução” para os Estados Unidos no comércio bilateral, destacando que o fluxo comercial entre os países atingiu quase US$ 80 bilhões em 2023, com saldo favorável aos americanos. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Alckmin apontou oportunidades em áreas como inteligência artificial, energia renovável e semicondutores, ressaltando que a relação comercial pode se fortalecer mesmo com a volta de Donald Trump à presidência. Ele frisou que o Brasil mantém laços históricos e econômicos estreitos com os EUA, maior investidor no país, e que o presidente Lula, um “homem de diálogo”, já governou com George W. Bush. Apesar da cautela nas questões tarifárias, Alckmin disse que será preciso aguardar os primeiros passos de Trump para avaliar possíveis impactos.

Leilão do BC

O Banco Central realizará dois leilões de linha, hoje, com oferta total de US$ 2 bilhões. O leilão A será das 10h20 às 10h25, com recompra em 4 de novembro de 2025, e o leilão B, das 10h40 às 10h45, com recompra em 2 de dezembro de 2025. A taxa será definida pelo Ptax das 10h. Essa é a primeira operação extra de 2025, além das rolagens de swaps cambiais usuais. Em dezembro, o BC já havia vendido US$ 32,6 bilhões para atender à demanda de fim de ano. Os leilões coincidem com a posse de Donald Trump, que movimenta os mercados.

Agro

Os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o agronegócio em 2024 cresceram 26% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 52,3 bilhões, segundo a instituição. O banco realizou 191.231 operações, um aumento de 27,9% comparado a 2023. Os recursos foram destinados a produtores rurais, cooperativas e agroindústrias, com foco em custeio e investimentos em tecnologia e infraestrutura. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ressaltou a importância do crédito agrícola aliado a políticas de baixo carbono e preservação ambiental. O banco também destinou 5,9 bilhões de reais para ajudar o Rio Grande do Sul, afetado por enchentes em 2024.

Medicamentos

O BNDES anunciou na sexta-feira (17) a aprovação de um financiamento de R$ 650 milhões à Bionovis para a instalação de uma linha de produção de insumos e medicamentos biotecnológicos em Valinhos, São Paulo. A produção será focada no desenvolvimento de medicamentos terapêuticos para o tratamento de câncer, doenças raras e autoimunes. A Bionovis, empresa de biotecnologia farmacêutica, terá sua linha voltada para medicamentos de alto valor agregado. Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, destacou que o projeto amplia a fronteira tecnológica brasileira e fortalece a produção nacional de medicamentos essenciais ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Usinas eólicas

A instalação de novas usinas eólicas no Brasil registrou 3,3 GW (gigawatts) em 2024, uma queda de 31,25% em relação ao ano anterior, refletindo a crise de demanda devido à sobreoferta de energia. A ABEEólica prevê que a recuperação do setor ocorra a partir de 2027, impulsionada pelo crescimento econômico e novos motores de demanda, como data centers e hidrogênio verde. A energia solar, por outro lado, segue em expansão acelerada, com um crescimento de 37,8%, somando 14,3 GW em 2024, e deve superar 50 GW até 2029. O avanço das fontes renováveis levou a um recorde de expansão da matriz elétrica, com um acréscimo de 10,8 GW, enquanto as hidrelétricas continuam sendo a principal fonte de geração, com 52,6% do total.

Política

Pix, juros e imposto mínimo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sugeriu que Jair Bolsonaro estaria por trás das notícias falsas sobre a taxação de transações via Pix, após investigações da Receita Federal sobre sua família. Haddad citou um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL) e afirmou que os ataques à Receita são motivados por episódios anteriores envolvendo o ex-presidente. Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, negou a acusação e anunciou que processará Haddad. O ministro também defendeu a revogação da norma e comparou a desinformação a um vírus. Por fim, Haddad negou que suas declarações estivessem ligadas a uma candidatura em 2026.

Medidas

Haddad destacou a necessidade de criar condições para evitar que os juros no Brasil permaneçam elevados por muito tempo, em meio ao aumento da dívida pública. Ele acredita que a política monetária será eficaz contra a inflação, enquanto a fiscal precisa ser mais persistente. Sobre o endividamento público, afirmou que está trabalhando para ajustar a situação herdada e melhorar o ambiente de negócios. Haddad também mencionou que o Brasil deve ter crescimento de 3,5% em 2024 e que novas medidas de ajuste fiscal ainda estão em discussão, com foco em não penalizar os mais pobres.

Ricos pagam mais

Haddad defendeu a criação de um imposto mínimo sobre a renda total de pessoas físicas na reforma do Imposto de Renda, com foco em aumentar a cobrança sobre os mais ricos e garantir isenção para quem ganha até 5 mil reais mensais. Ele explicou que o governo estuda manter a isenção de dividendos, desde que a empresa de origem pague os tributos corretamente. A medida, segundo ele, atingiria apenas 0,1% da população e visa corrigir distorções. Haddad também afirmou que o projeto será apresentado nos próximos meses e pode ser aprovado para vigorar em 2026.

Zema quer ser presidente

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que pode ser escolhido como candidato à Presidência em 2026, mas destacou que a indefinição sobre a elegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) adia essa decisão. Em entrevista, Zema explicou que Bolsonaro será o candidato mais viável se puder concorrer; caso contrário, outros nomes, incluindo o próprio Zema, serão considerados. O governador também mencionou que a falta de clareza sobre a situação de Bolsonaro está retardando a construção de uma candidatura da direita. Ele evitou comentar sobre o indiciamento de Bolsonaro, mas afirmou ser favorável a investigações. Zema ainda citou outros nomes para 2026, como Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior, e se declarou favorável ao apoio de bolsonaristas à presidência.

(Com Reuters)