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O Ibovespa teve um mês de ganhos, de 6,16%, sendo o grande destaque as “ações de crescimento”, com as maiores altas percentuais, beneficiadas em um cenário de queda de juros.
Apesar da inflação brasileira seguir resiliente em seu núcleo, os sinais do fim do ciclo de alta de juros no Brasil preponderam para o bom desempenho dos ativos. Isso ainda que as preocupações sigam no radar nos mercados internacionais, o que inclusive levou a uma perda de ímpeto do mercado nacional no final do mês.
Na ponta oposta, companhias de commodities tiveram queda em meio à baixa dos preços, mas poucos ativos tiveram baixas muito expressivas, com os maiores destaques ficando para Braskem (BRKM5) e, fora do setor de commodities, IRB (IRBR3), únicos ativos do índice com queda superior a 10%. Já entre as maiores altas, três delas tiveram ganhos superiores a 40%.
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Confira os destaques:
Maiores altas
Positivo (POSI3): alta de 73%
Além da tese de ações de “crescimento”, o papel da companhia também disparou na esteira da divulgação de resultados, com o lucro líquido ajustado alcançando R$ 90,489 milhões no segundo trimestre de 2022, cifra 75,6% maior que a do mesmo período do ano passado. A empresa desenvolvedora e fabricante de tecnologia informou que o crescimento foi resultado de uma estratégia de diversificação que impactou, positivamente, outras linhas do balanço.
“A empresa continua se beneficiando de sua maior diversificação, compensando a desaceleração do segmento de varejo. A receita líquida ficou 32% acima das nossas estimativas, apresentando um forte crescimento de 108% na base anual. A empresa reportou um sólido crescimento de Ebitda de 82% na base anual, 0% acima das nossas estimativas. Além disso, a Positivo aumentou seu guidance de receita bruta para R$ 5,5-6,5 bilhões (acima de nossa estimativa de R$ 5,2 bilhões). Em suma, reiteramos nossa recomendação de compra e preço-alvo para o final de 2022 de R$ 16 por ação para POSI3”, apontaram os analistas da XP após a divulgação de resultados.
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Após o balanço, o Bradesco BBI elevou as suas estimativa para a companhia e elevou o preço-alvo de R$ 9 para R$ 12 por ação e mantendo recomendação equivalente à compra, apontando que as perspectivas positivas para a empresa não estavam precificadas. “Acreditamos que a Positivo continuará apresentando bons resultados ao longo de 2022, beneficiados por um sólido pipeline de projetos especiais para o setor público e beneficiados pela sazonalidade do 2S22”, avaliaram.
Magalu (MGLU3) e Via (VIIA3): avanços de 65% e 34%
“Estrelas” dos últimos meses, ainda que com forte volatilidade, as ações de varejistas de e-commerce como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) tiveram um mês especialmente positivo, ainda que longe das máximas registradas em 2020, quando as vendas online ganharam um impulso com as restrições sociais.
Neste mês, o cenário macroeconômico se mostrou favorável para as companhias do setor, com sinais do fim do ciclo de alta de juros, após a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de subir os juros em 0,5 ponto percentual, a 13,75% ao ano, mas indicar o fim do ciclo (com algum eventual ajuste de menor magnitude), e na sequência o IPCA apontar deflação (ainda que com núcleos pressionados).
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Como a taxa de juros elevada pressiona muito as varejistas, sinais de que ciclo de alta pode acabar melhoram consideravelmente as projeções para o setor.
“Os resultados operacionais apresentados ainda vieram impactados por conta da inflação mais elevada, que prejudica o poder de compra da população. Isso afeta o rendimento dessas companhias”, explicou Carlos Daltozo, head de research da Eleven Financial, em fala recente ao InfoMoney. Ele também destacou que os juros elevados (atualmente a Selic está no patamar de 13,75%) pressionaram o consumo e pesaram negativamente no resultado financeiro das varejistas. “Esses dois fatores, com menor crescimento e resultado financeiro negativo, levam as empresas a registrarem prejuízos”.
Ao traçarem um panorama após os resultados, os analistas do Morgan Stanley mantiveram recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado) para Magazine Luiza, com preço-alvo de R$ 4, e underweight (exposição abaixo da média do mercado) para Via, com preço-alvo de R$ 2,50. Os analistas destacaram que, para o Magalu, as vendas em lojas ficaram abaixo do esperado, mas as margens se mantiveram. Via, enquanto também teve vendas abaixo do esperado, teve uma alta além da projetada de suas margens (com controle de despesas), mas não o suficiente para mudar a recomendação do banco para as suas ações.
Locaweb (LWSA3): avanço mensal de 38%
Ainda com expressiva queda no acumulado do ano de 29%, a Locaweb teve recuperação em agosto na Bolsa, ainda “no combo das ações de crescimento”, beneficiadas com a queda das taxas de juros.
Além disso, a expectativa e depois os resultados da companhia referentes ao segundo trimestre, apresentados na primeira quinzena do mês, contribuíram para maior ânimo no mercado. Contudo, em meio à forte valorização, alguns analistas já mostram maior cautela com os ativos.
A Locaweb reportou seus resultados do 2T22 com seu Ebitda (ajustado) de R$ 40 milhões, ficando em grande parte em linha com as expectativas do consenso, com ligeira melhora sequencial de margem, assim como também esperavam os analistas do BBI, destacou o banco em relatório.
O principal destaque positivo foi o desempenho da receita do ecossistema de comércio, ganhando maior participação no mix, apesar da forte desaceleração do GMV para 10% na comparação anual (ficando abaixo da inflação de 12 meses no período). “Em nossa opinião, o mercado já precificou em grande parte a melhora”, avaliaram os analistas do banco, que mantêm recomendação equivalente à neutra para os ativos.
Na última semana, o Credit Suisse elevou preço-alvo para Locaweb de R$ 9,50 para R$ 11, levando em conta o forte crescimento de receitas no segundo trimestre. No entanto, dada a valorização das ações no mês, o banco suíço rebaixou a ação de outperform para neutra por motivos de valuation.
A equipe de research do Credit Suisse mantém uma visão estrutural muito positiva sobre as perspectivas da empresa. No entanto, avalia que o preço atual das ações está esticado.
Os analistas elevaram em 2% a estimativa para a receita em 2022 e e em 4% para 2023, mantendo as premissas de vendas de mercadorias brutas (GMV, na sigla em inglês).
A maior receita vem do resultado de crescimento muito forte Bling (ERP), Melhor Envio (Logística) e Vindi (Pagamentos) assim como uma leitura positiva de Squid no trimestre. Os analistas veem como um fator positivo o fato da companhia não depender só do crescimento de e-commerce, tendo outras alavancas.
“Além disso, nos chamou a atenção o crescimento da plataforma de e-commerce da Locaweb em 10% quando o mercado em geral caiu 4%, reforçando nossa visão de um produto bastante competitivo por parte da Locaweb. As margens devem voltar pra um nível de 20%, mas deve demorar alguns anos. A sinergia de fusões e aquisições recentes deve demorar 3 anos”, avalia.
Azul (AZUL4): alta de 40%
Fora do circuito das “empresas de crescimento”, a Azul conseguiu despontar entre as maiores altas do índice, ainda que também com forte volatilidade, em meio à queda de commodities como o petróleo no mês (que impactam os custos de combustíveis da companhia) e também na esteira dos resultados do segundo trimestre de 2022, apresentados em meados de agosto.
A Azul surpreendeu positivamente com uma boa margem Ebitda, que superou o consenso, “apesar dos preços de combustível 81% mais altos em relação ao ano anterior”, destacou o Itaú BBA na ocasião. “Além disso, a relação dívida líquida/Ebitda melhorou para 6,2 vezes (abaixo de 7,7 vezes no 1T22) com uma geração de fluxo de caixa positiva em torno de R$ 800 milhões”.
O Bradesco BBI e o Credit Suisse mantiveram recomendação equivalente à compra para as ações, ainda que cortando o preço-alvo. O BBI cortou o preço-alvo de R$ 40 para R$ 30 para o fim de 2022, destacando ainda a visão de combustíveis mais altos para aviação.
O Credit, por sua vez, cortou o preço-alvo de R$ 42 para R$ 22, levando em conta o maior custo de capital e a visão de combustíveis mais altos entre 2023-2025, ainda que sem mudar a projeção de longo prazo do petróleo de US$ 65 por barril, além de aumentar a projeção de custo sobre o capital próprio.
Contudo, a recomendação para os ativos seguiu outperform (desempenho acima da média do mercado) apontando que, após a significativa liquidação do preço das ações, “o pior parece já ter passado”.
“Reconhecemos um ambiente de yield mais forte para a Azul no 2S22, pois lembramos que geralmente há uma defasagem de 4 a 6 meses para fazer o repasse de preços de combustível mais altos aos clientes finais. O ambiente de melhor rentabilidade, combinado com um ambiente de preço do petróleo mais baixo, deve ser o principal fator para um forte impulso de ganhos no 2S22, levando as margens operacionais de volta a dois dígitos baixos (entre 10% e 14%)”, apontam.
Os analistas acreditam que a Azul se tornou um concorrente mais forte no Brasil, com a estrutura de custos mais enxuta entre seus pares brasileiros, impulso positivo de ganhos à frente em meio a uma recuperação e controle de custos mais fortes e sua boa execução de gestão.
Confira as maiores altas do Ibovespa em agosto:
Maiores baixas
Braskem (BRKM5): maior queda, de 17%
Agosto não contou com tantas quedas expressivas do índice, mas a maior delas ficou com a Braskem, com queda dos preços de commodities e também com as idas e vindas dos rumores sobre a venda de participação da Petrobras (PETR4) na companhia.
Além disso, no início do mês, a Câmara de Comércio Exterior, vinculada ao Ministério da Economia, anunciou a redução do Imposto de Importação para cinco insumos industriais, incluindo resinas plásticas. O corte foi feito via inclusão dos produtos na lista de exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul.
O órgão disse em comunicado que a redução tarifária levou em consideração problemas de abastecimento em certas cadeias produtivas e aumentos nos custos dos insumos. O governo vem realizando nos últimos meses cortes em diversas alíquotas de importação na tentativa de reduzir preços em geral.
A Braskem destacou em fato relevante que três produtos da companhia foram impactados: copolímeros de etileno e alfa-olefina, resina PVC-S e resina PP. As alíquotas de importação caíram de 11,2% para 4,4% no caso das duas resinas, e a 3,3% para os copolímeros.
O Morgan Stanley estima que o corte do imposto de importação pode levar a um impacto máximo no lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de US$ 200 a US$ 250 milhões nos próximos 12 meses. “No entanto, achamos que há uma chance muito provável de que nem todos os produtos sejam importados, o que resultaria em uma quantidade menor do que a estimativa citada”, apontaram os analistas do banco. Eles destacaram que o risco de redução do imposto de importação está no radar há muito tempo, mas o momento da decisão foi inesperado pelo mercado, pois tem um perfil temporário, e não de aumento de concorrência.
Além disso, na sequência, a companhia divulgou seus números do segundo trimestre de 2022, revertendo lucro e registrando prejuízo de R$ 1,4 bilhão no período.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), por sua vez, caiu 19%, para R$ 3,9 bilhões, resultado de menores volumes dos principais produtos químicos no Brasil, PP na Europa e PE no México, bem como de menores spreads de PVC no Brasil e de PP na Europa, e da apreciação do real.
O Safra destaca que o resultado ficou 4% abaixo da sua estimativa devido ao fato de as despesas terem superado o previsto, com o prejuízo explicado principalmente pelo resultado financeiro negativo sobre as perdas cambiais e a provisão de R$ 1,166 bilhão para o acidente de Alagoas.
“Esperamos margens mais apertadas à frente, à medida que os spreads petroquímicos caem das máximas históricas”, destacou o Safra. Contudo, o banco seguiu com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 78 para os ativos.
O Bradesco BBI também apontou a piora do Ebitda devido a um efeito de transferência dos custos de matéria-prima (com estoques agora contabilizados a preços mais altos de matéria-prima) e paradas de fábrica na Petchem Básicos. Contudo, manteve recomendação de compra para os ativos, com preço-alvo de R$ 62 para 2023. O valuation deriva de um desconto de 15% sobre o que a LyondellBasell – LYB (concorrente da Braskem) negociaria em seu valor justo consensual.
“O risco-chave [para a ação] seria uma mudança de governo que poderia retomar grandes complexos petroquímicos no Brasil, o que poderia reduzir o rendimento médio de dividendos estimado da empresa de 13% para os próximos 3 anos”, avaliam os analistas do BBI.
IRB (IRBR3): mais um mês de baixa, de 14%
As ações do IRB voltaram ao radar dos investidores neste mês de agosto, com os rumores dos últimos meses sobre o aumento de capital para enquadramento regulatório tornando-se um fato concreto com o anúncio da companhia da realização da operação.
A companhia lançou uma oferta primária com esforços restritos de, inicialmente, 597 milhões de ações, no final do mês e, com base no preço de fechamento dos ativos do último dia 24, de R$ 2,01, o que levaria a uma capitalização de R$ 1,2 bilhão. Contudo, o montante pode ser elevado em até 200%, quase 1,2 bilhão de ações, prevendo assim a possibilidade de um desconto significativo para os ativos. A definição do preço por ação da operação ocorrerá na quinta-feira.
Conforme destacado no resultado do segundo trimestre, o IRB registrou insuficiência do patrimônio líquido ajustado em relação ao capital mínimo requerido no montante de R$ 614 milhões. Também houve não enquadramento da cobertura de provisões técnicas e liquidez regulatórias de R$ 730 milhões. Assim, a oferta é importante para o enquadramento nos padrões da Susep, órgão regulador do setor.
“A sinalização é de que eles estão esperando um desconto relativamente alto para conseguir captar esses recursos, o que faz sentido já que a companhia continua queimando caixa. Mesmo com o resultado financeiro mais favorável e mais robusto [do segundo trimestre], o operacional ainda está muito ruim, abaixo do que esperávamos para este ano”, avalia Carlos Daltozo, head de renda variável da Eleven Financial.
A necessidade de capital ficou mais latente após os resultados do segundo trimestre, quando a companhia registrou prejuízo 80,4% maior no 2º trimestre de 2022, para R$ 373,3 milhões. A companhia destacou em teleconferência de resultados que o período foi “drasticamente impactado” pela seca histórica que afetou a região Sul, levando a um índice de sinistralidade que foi o principal detrator do prejuízo no trimestre, acima de 100%. “O impacto não ocorreu por conta de contratos antigos e sim de contratos novos, rurais, trazendo um sinal amarelo na nossa avaliação sobre a qualidade da originação deles”, ressalta Daltozo.
Em meio ao cenário complicado para a companhia, o volume de posições “vendidas’ em ações do IRB alcançou um nível recorde nesta terça-feira (30), muito próximo do limite autorizado pela B3, com os olhos voltados para a capitalização.
Num cenário de operacional ainda bastante afetado e com os constantes aumentos de capital, a visão dos analistas de mercado ainda é de bastante ceticismo sobre a companhia, com recomendações para os investidores seguirem cautelosos em IRBR3.
“Uma questão é de se realmente esses valores de R$ 1,2 bilhão vão resolver o problema da companhia, uma vez que o operacional ainda não mostrou sinais de melhora, a sinistralidade segue elevada para os padrões da própria companhia, com índice combinado acima de 100%. O resultado operacional ainda é deficitário e provocando os prejuízos, mesmo com a tendência mais favorável do resultado financeiro por conta da alta da Selic”, avalia Daltozo. Atualmente, a Eleven tem a recomendação do IRB em revisão.
O BTG Pactual também destaca estar cauteloso com o ativo. “É certo que esperávamos que o IRB estivesse em uma situação mais confortável agora e sinalizamos que nossa capacidade de prever resultados até agora se mostrou muito baixa”, apontou a equipe de análise da instituição.
Suzano (SUZB3): queda de 8%
Nas últimas semanas, analistas e gestores destacaram um cenário de queda para os preços de papel e celulose, após meses de reajustes para cima nos preços das commodities nos mercados internacionais.
A diminuição da atividade econômica na Europa, por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, e um crescimento tímido da China no consumo de papel e celulose colocam o setor sob pressão. Além disso, há um esperado incremento de oferta de celulose nos próximos meses.
Há sinais de melhora da cadeia de suprimentos, depois de um longo período enfrentando gargalos logísticos resultantes da pandemia. Isso deve liberar estoques grandes de celulose em 2023 suficientes para recompor o armazenamento do produto que andou em baixa nos últimos tempos. Além disso, dois grandes projetos no setor, um da Arauco (Projeto Mapa) e outro da UPM no Uruguai, entrarão em operação, depois de sofrerem atrasos na construção, gerando novas oportunidades de oferta de celulose no mercado.
O BBI avalia excesso de oferta de celulose de cerca de 1,1 milhão de toneladas em 2023 e de aproximadamente 2,1 milhões de toneladas em 2024. O BofA relatou que a preocupação dos investidores é com aumento da oferta no setor.
Com isso, há uma revisão para baixo nos preços. No caso da celulose, que chegou a US$ 790/t, o Bradesco BBI estima agora, para 2023, queda para US$ 610/t e em 2024, redução para US$ 500/t. Já o papel krafliner (usado para embalagens), a instituição vê retração de cerca de US$ 200 no preço atual nos próximos 12 a 18 meses.
Em meio ao cenário de previsível queda de preço de celulose e papel, o BBI fez ajuste no preço-alvo da Suzano, de R$ 80 para R$ 56 por ação. Além disso, reclassificou a companhia de outperform para underperform.
Vivo (VIVT3): baixa de 7,7%
Empresas consideradas “portos seguros”, mas que não tiveram resultados tão expressivos no trimestre, também acabaram em queda no mês, como foi o caso da Vivo. A companhia divulgou seus números no final do mês passado, com receita de R$ 11,8 bilhões, representando um crescimento de 11% na comparação anual, positivamente impactado pela consolidação dos ativos da Oi móvel, enquanto o crescimento orgânico foi de 7,6% na mesma base de comparação, acelerando de 4,6% na comparação anual no trimestre anterior.
O Ebitda, por sua vez, ficou em R$ 4,6 bilhões, ficando bastante em linha com o consenso, em alta de 8,3% na comparação anual no 2T22, sustentado pelo crescimento da receita, embora as margens tenham diminuído ante igual período do ano anterior. Os analistas do BBI viram os resultados como neutros para a empresa, “pois as tendências de receita melhoraram no trimestre, embora o Ebitda tenha ficado bastante em linha com as expectativas devido à pressão de custos.”
“Daqui para frente, acreditamos que a atenção do mercado deve estar voltada para potenciais sinergias a serem capturadas com a consolidação dos ativos da Oi, o que pode ser o gatilho para uma reclassificação mais acentuada dos atuais múltiplos”, avalia o banco, que tem recomendação neutra para o papel.
O Credit Suisse e a XP, por exemplo, estão entre as casas que mantêm preferência pelas ações da TIM (TIMS3) às da Vivo. A XP apontou também os números do 2º trimestre da Vivo como neutros, enquanto TIM superou as projeções, com destaque para a receita acima do esperado.
Natura&Co (NTCO3): queda de 7,45%
As ações da Natura&Co foram das poucas do setor de consumo que tiveram baixa no Ibovespa no mês. Os resultados do segundo trimestre não empolgaram, além de sinalizarem os desafios para a companhia.
No trimestre, novamente, a rentabilidade foi o principal destaque negativo, apontaram os analistas da XP, com a margem Ebitda (Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita líquida) ajustada em 6,3% (queda de 2,3 pontos percentuais na base anual e queda de 1 ponto na trimestral), puxada pela The Body Shop (TBS) em 3,4% (-9,7p.p.) e a Natura&Co LatAm em 9,0% (-1,1p.p.).
A Natura reportou resultados fracos frente à deterioração macro, apreciação cambial, conflito entre Ucrânia x Rússia e pressão de custos, destacou a XP, com a venda consolidada em queda de 9% na base de comparação anual.
O Bradesco BBI, por sua vez, descreveu os resultados como uma “montanha-russa”. Para os analistas, existem grandes destaque positivos, com as vendas Natura Brasil crescendo 14%, as vendas Avon Brasil 5% maiores na categoria Beleza e mercados hispânicos crescendo bem com câmbio constante.
Contudo, também há algumas grandes frustrações, caso da contração da margem bruta, uma margem Ebitda dolorosamente baixa de apenas 3% na TBS e Avon International fraca, embora com deterioração limitada quando excluídas Ucrânia e Rússia.
“É justo dizer que o ‘motor’ da Natura & Co na América Latina, particularmente a Natura – parece melhor do que há vários trimestres, com forte crescimento e uma margem EBITDA estável de 10,8%”, aponta o BBI. No entanto, avalia, o ponto de interrogação sobre a TBS cresceu (os canais de varejo estão lutando com menor tráfego, mas outros canais não estão mais acelerando), com a fraqueza nesse negócio elevando a lista de problemas que precisam ser corrigidos.
Um passo positivo neste sentido foi comunicado – a administração espera poder cortar as despesas da sede corporativa em pelo menos 40%, o que equivale a quase 6% do Ebitda do ano passado – e os analistas esperam notícias adicionais sobre a nova estrutura corporativa nos próximos meses.
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