Por que o Ibovespa acelerou as perdas e tem baixa de mais de 2% na sessão desta 4ª?

Estresse aumentou com mais um sinal de falta de apetite de investidores por papéis da dívida pública

Equipe InfoMoney

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O Ibovespa intensificou as fortes quedas e perdeu o patamar dos 122 mil pontos após a decisão do Federal Reserve, que cortou os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 4,25% a 4,50%, mas sinalizou redução do ritmo de cortes mais à frente.

A sessão tem sido bem negativa para o índice. Durante a manhã, o índice estava em baixa depois da trégua da véspera, com agentes financeiros analisando texto-base de projeto de ajuste fiscal aprovado pela Câmara dos Deputados, além da espera pelo Fed.

Contudo, no começo da tarde, o índice, que caía entre 0,6% e 0,8%, passou a registrar um desempenho ainda mais negativo, que persistiu durante a sessão e se intensificou após o Fomc. Às 16h45 (horário de Brasília), o Ibovespa caía 2,56%, a 121.510,92 pontos, enquanto o dólar seguia disparava de mais de 2%.

Se o cenário que vem se desenhando já é negativo, o estresse no começo da tarde aumentou com mais um sinal de falta de apetite de investidores por papéis da dívida pública, após um leilão de títulos do Tesouro Nacional terminar sem nenhuma venda, e com recompra de apenas 10% do proposto.

A realização do leilão, fora do cronograma usual do Tesouro, havia sido comunicada na terça-feira para “oferecer suporte ao mercado de títulos públicos, assegurando seu bom funcionamento e o de mercados correlatos”. O tradicional leilão de quinta-feira foi cancelado, pela primeira vez desde a pandemia.

Com isso,  o Tesouro Direto exibiu novamente alta generalizada nas remunerações de títulos públicos em todos os vencimentos nesta quarta-feira (18), mais uma vez em patamares recordes.

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Previsões ruins no mercado

O cenário bastante negativo tem sido reforçado com as novas visões de analistas para a economia brasileira. Em relatório revisando previsões, economistas do Bradesco afirmaram que o pacote fiscal anunciado trouxe medidas do lado da renúncia de receitas que revelam uma preferência por uma convergência ainda mais lenta da dívida pública.

“Sob essas condições, houve importante deterioração e enorme volatilidade dos preços de ativos, sem um vetor claro de melhora no curto prazo”, pontuou a equipe chefiada por Fernando Honorato no documento encaminhado a clientes mais cedo.

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A equipe do Bradesco destacou que o Banco Central decidiu reafirmar seu compromisso com a meta de inflação, procurando influenciar o câmbio e as expectativas.

“Apesar da enorme volatilidade dos preços de ativos nos últimos dias, não há indícios inequívocos de que essa estratégia esteja servindo a esses objetivos, neste momento, dada a ausência de uma política fiscal mais consistente”, observaram.

Nesse cenário, passaram a trabalhar com a hipótese de uma taxa de câmbio constante, próxima aos últimos níveis, de R$ 6 daqui em diante enquanto esperam que a taxa de juros chegue a 15,25% na primeira metade de 2025.

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(com Reuters)