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SÃO PAULO – Passado o susto com a intervenção do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras, que fez a Bolsa cair 2% na sexta, o mercado de ações se recuperou nesta terça-feira (16). No entanto, o dólar não seguiu esse otimismo.
O câmbio comercial teve alta de 0,85%, chegando a R$ 3,90 na compra e a R$ 3,9018 na venda. Para investidores, esse movimento tem a ver com a diferença entre o que é o cenário para a estatal e o que é o horizonte da política.
O analista Reginaldo Galhardo, da Treviso Corretora, explica que a Bolsa sofreu o impacto de uma forte queda das ações da Petrobras na última sexta-feira — movimento que foi corrigido nesta semana –, enquanto o câmbio continua seguindo o mesmo driver de antes: a reforma da Previdência.
“Eu não acredito que o mercado esteja otimista nessa frente. A Bolsa corrigiu o valor, mas o dólar a R$ 3,90 em um dia como hoje mostra que o mercado não acredita na reforma da Previdência no curto prazo”, afirma.
Galhardo comenta que foi uma péssima notícia a inversão da pauta da CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) para votação do Orçamento Impositivo antes da Previdência. “Esse corporativismo político acaba massacrando a população. Não adianta o governo ter o papel escrito sem ter a caneta, que está nas mãos dos congressistas”, avalia.
Vale lembrar que a CCJC era vista como a fase que os investidores julgavam mais fácil para a tramitação da reforma. À Bloomberg, o operador de multimercados da Quantitas Gestão de Recursos, Lucas Monteiro, destacou que os investidores olham para essas dificuldades e temem o que ocorrerá quando for instalada a Comissão Especial.
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Galhardo lembra que muitos investidores montaram posições compradas na Bolsa hoje, mas usaram o dólar como hedge para se protegerem de uma eventual não aprovação da Previdência ou aprovação de um texto muito desidratado. “Nessas horas de insegurança, o investidor compra dólar como um porto seguro”, alerta.
Contudo, o analista ressalta que o governo está empenhado na reforma e que ela é necessária para o País, de modo que havendo alguma contribuição do Congresso, não haveria motivos para a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) não passar. “Se sair a Previdência, será um salto de credibilidade para o Brasil”, diz.
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