Por que julho vai ser um mês crucial para 2 empresas de saneamento na Bolsa

Privatização da Sabesp caminha para reta final e precatórios da Sanepar pode ter data definida

Felipe Moreira

Água é tratada na Companhia Ituana de Saneamento (Divulgação/Prefeitura)
Água é tratada na Companhia Ituana de Saneamento (Divulgação/Prefeitura)

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O mês de julho promete ser decisivo para as companhias de saneamento Sabesp (SBSP3) e Sanepar (SAPR11), com eventos cruciais que podem impactar o desempenho e a direção dessas empresas no mercado.

A primeira caminha para a finalização do projeto de privatização, com etapas fundamentais já concluídas e os termos da oferta pública de ações divulgados. A operação envolverá a venda entre 191,7 milhões a 220,5 milhões de ações do acionista controlador implicando em uma operação com volume de até R$ 16,5 bilhões.

A Companhia de Saneamento do Paraná, por sua vez, tem a expectativa pela votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias no dia 17 de julho, que pode definir se o precatório da empresa será inserido no orçamento de 2025 ou não.

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Sabesp (SBSP3)

Após uma longa jornada, foi dada a larga para o processo de privatização da companhia paulista Sabesp, com data esperada para conclusão em 22 de julho deste ano.

Outro evento importante foi a respeito da escolha do acionista de referência, sendo que apenas a Equatorial (EQTL3) formalizou o interesse. O preço oferecido foi de R$ 67 por ação, implicando em um valor de R$ 6,9 bilhões por uma fatia de 15% na Sabesp. Conforme estabelecido nos termos da oferta, a Equatorial terá o direito de escolher o presidente da empresa e três membros do seu conselho. Ainda de acordo com os termos da oferta, o conselho terá outros três membros independentes e outros três membros indicados pelo Governo do Estado de São Paulo.

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Nesse contexto, a Genial disse gostar da Sabesp, devido ao seu “excelente track-record [histórico] na gestão de concessões de serviço público”.

A Genial entende que o preço ofertado pela Equatorial pode ser considerado baixo se considerado o preço de fechamento da ação nessa última sexta feira (cerca de R$ 74 por ação). Para os analistas da casa, tal situação pode frustrar investidores da Sabesp por não trazer prêmio para as ações da empresa de imediato – o que julga equivocado.

“Primeiramente, é importante lembrar que o processo de decisão do investidor de referência da empresa é o primeiro passo da oferta, restando ainda o segundo passo da oferta. Nesse segundo passo, existirá o processo de bookbuilding referente a fatia remanescente da oferta que contará com apenas um book: o da própria Equatorial, por se tratar da única ofertante. Ou seja, imaginamos que o processo de bookbuilding possa ser bem competitivo e, eventualmente, puxar para cima as cotações da SBSP3”, avalia a Genial.

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Por se tratar de uma empresa com valor de mercado relevante (valor de mercado de quase US$ 10 bilhões) e no segmento de saneamento, a Genial imagina que a demanda de capital estrangeiro pela oferta deva ser não-desprezível tendo em vista a percepção que o negócio é “do bem” e fazer parte de uma agenda positiva de ESG.

Sendo assim, vê que alguma reprecificação no case antes mesmo da oferta ser concluída não pode ser descartada. Por último, é importante mencionar que o verdadeiro valor a ser destravado pela empresa está nas medidas a serem tomadas pela nova empresa após a sua privatização.

A Genial prefere se ater à materialização da oferta de privatização da empresa (que deve ser concluída ate dia 22) do que se apegar ao preço de tela do dia de hoje. Por último, é importante mencionar que o nome vencedor do processo para acionista de referência é um dos melhores executores/operadores na área de concessão de serviços públicos de todo o Brasil, o que abrilhanta em muito o otimismo da casa com o case.

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Sanepar (SAPR11)

A Genial Investimentos manteve recomendação neutra para Sanepar, pois vê a ação negociando com limitado potencial de valorização em relação ao preço-alvo de R$27.

A Genial destaca que sua recomendação não considera o pagamento do tão esperado precatório (requisição de pagamento a ser realizado por um ente público) de R$ 3,9 bilhões – o que pode ser um erro, principalmente por ser um gatilho de valor tão expressivo e com potencial de ser destravado no curto prazo.

Entretanto, a casa de análise disse não se ser sentir confortável em recomendar o ativo somente por causa dessa variável tendo em vista o risco de volatilidade pós-votação das leis de diretrizes orçamentárias que decidirá se o pagamento será realizado ou não ainda em 2025.

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Precatórios

Em maio deste ano, a empresa anunciou que houve o envio ao Conselho de Justiça Federal (CJF), pelo Tribunal Regional Federal da 1º Região (TRF1) da relação de precatórios para inclusão no Orçamento Geral da União do Exercício de 2025 no valor de R$ 3,9 bilhões.

Na interpretação da Genial, a “cereja do bolo” diz respeito ao requerimento já ter sido enviado pelo TRF para inclusão no Orçamento Geral da União. Ou seja, o TRF enviou o processo para o cumprimento de sentença. Falta para o recebimento dos recursos a inclusão dos valores incontroversos dentro do orçamento para pagamento até Dezembro de 2025.

Sendo assim, a casa de análise classifica o dia 17 de julho como muito importante para tese da empresa tendo em vista a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025. Nesse momento será possível saber se o valor dos precatórios será inserido no orçamento de 2025 ou não. “Caso não seja inserido no orçamento de 2025, poderá ser inserido no orçamento de 2026 (a ser votado apenas em 2025)”, destaca.

Por se tratar de um valor muito relevante (praticamente 50% do atual valor de mercado da Sanepar), chama a atenção o fato da ação ter se movido muito pouco, como se o mercado não acreditasse na inserção do precatório no orçamento de 2025.

Em relação a essa incerteza, segundo a Genial, pesa a atual situação fiscal do Brasil, possivelmente ocasionando a postergação desse pagamento: inserção no orçamento em 2025 e pagamento em 2026.

Com relação ao pagamento de dividendos, a Genial acha pouco provável, uma vez que a companhia de saneamento deve investir R$ 11,2 bilhões entre 2023 e 2028. Em 2024, a empresa deve investir o relevante montante de R$ 2,4 bilhões contra expectativa de R$ 3 bilhões de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações).