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SÃO PAULO – Em meio a volatilidade da corrida eleitoral, os Treasuries norte-americanos ganham protagonismo no noticiário financeiro. Os juros futuros norte-americanos enfrentam seu maior rali de alta desde 2016 (naquele ano registrada em meio à turbulência após a vitória do presidente Donald Trump).
Os Treasuries de 10 anos, títulos da dívida pública dos Estados Unidos, atingiram 3,232% na manhã desta quinta-feira (4) e alcançaram o maior patamar desde maio de 2011. A escalada dos Treasuries está relacionada à melhora do mercado de trabalho após os dados do ADP, indicador do setor privado, apontarem a criação de 230 mil vagas em setembro, bem acima dos 168 mil empregos gerados em agosto.
Os números contribuíram para a percepção de que o mercado de trabalho está próximo ou além do pleno emprego e que a expansão da economia dos Estados Unidos, que já dura nove anos, não dá sinais de desaceleração.
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O crescimento contínuo da economia dos Estados Unidos eleva a expectativa por maior pressão inflacionária por lá. Com isso, cresce a probabilidade do Federal Reserve elevar os juros norte-americanos mais rapidamente e reduzir a liquidez no mercado.
Flertando com essa possibilidade, na quarta-feira (3), o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que o banco central tinha um longo caminho a percorrer antes de as taxas de juros se tornarem neutras, sugerindo aos mercados que mais aumentos poderiam estar no horizonte, além dos três já precificados para 2018. Agora, o mercado passa a incorporar a possibilidade de elevação de juros por mais de três vezes em 2019.
E o que isso tem a ver com o Brasil?
A alta dos títulos norte-americanos reduz o apetite dos investidores por outros ativos de risco, e derrubam Bolsas, especialmente a de países emergentes. Isto porque, em meio a qualquer situação de insegurança nos mercados, desta vez trazida pela possibilidade de uma elevação de juros a um ritmo mais intenso do que anteriormente precificado, os títulos dos Estados Unidos podem ser chamados, sem risco de exageros, de mais seguros do mundo. Podem não oferecer a maior remuneração, mas o risco de um calote dos Estados Unidos é praticamente nulo e, se seu rendimento aumenta, fica ainda mais atrativo.
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Os títulos são divididos em 3 tipos: Treasury Bills (T-Bills), que vencem em até um ano; Treasury Notes (T-Notes), que vencem entre 2 e 10 anos; e os Treasury Bonds (T-Bonds), que vencem entre 10 e 30 anos. O penúltimo, mais especificamente com vencimento de 10 anos, é o principal referencial de juro a longo prazo no mercado financeiro e referência de risco e é por isso que sua oscilação impacta tanto os mercados globais.
Os Treasuries normalmente têm demanda elevada em períodos de maior instabilidade nos mercados acionários e, vale lembrar, o Brasil vive período de elevada volatilidade e incerteza diante da corrida eleitoral. Quando o investidor vai tomar a decisão de comprar (ou vender) um ativo, uma das variáveis mais importantes a avaliar é o risco daquela operação – justamente neste quesito que esses títulos são importantes.
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