Por que a XP prevê corte de 0,25 pp pelo Fed e não 0,50 pp como a maioria do mercado?

Para o Brasil, o economista Francisco Nobre projeta um começo de ciclo de alta dos juros, com o Copom elevando a Selic em 0,25 pp

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Ao invés de Super Quarta, o economista da XP Francisco Nobre projeta para amanhã uma “Hiper Quarta”, dada a grande expectativa em torno do início do ciclo de flexibilização monetária do Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos e do possível retorno da alta da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil.

Para Nobre, que participou nesta terça-feira (17) do Morning Call da XP, a queda dos juros americanos se dará pela primeira vez após mais de 4 anos.

Mercado dividido

“O mercado está bastante dividido se começa (nos EUA) com o ciclo de flexibilização mais gradual de 0,25 pp (ponto percentual) ou 0,50 pp”, disse.

Ele lembra que no final da semana passada, frente aos dados apresentados até então, havia uma aposta de corte de 0,25 pp.  Mas no início dessa semana, o mercado passou a acreditar no corte de 0,50 pp.

“Agora, perto de 70% do mercado está precificando um corte de 0,50 pp e pouco mais de 30%, de 0,25 pp (pelo Fed). Nós estamos na ponta de 0,25 pp”, afirmou.

“Os dados de forma geral mostram uma desaceleração da economia e não uma contração ou sinais muito claros de recessão, e nesse caminho seria mais apropriado começar de forma gradual”, justifica ele, sobre o fato de a XP estimar uma queda inicial dos juros americanos em 0,25 pp.

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“Mantemos nossa previsão de 0,25 pp nas três próximas reuniões (do Fed) esse ano. Não acreditamos que a economia vá entrar em recessão”, reafirmou.

Mas 0,50 pp continua no jogo

“Mas de toda forma, 0,50 pp fica no jogo, principalmente se mercado de trabalho mostrar à frente sinais mais preocupantes de contração”, ressaltou.

Nobre lembra que essa reunião do Fed vai ter atualização das projeções econômicas, que é quando os membros do comitê de política monetária dos EUA estimam o quanto eles acham que vão cortar juros até final do ano. “Vai ser outra sinalização importante”, destacou.

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No relatório anterior, de junho, o Fed apontava apenas 0,25 pp de corte esse ano e, agora, deve fazer um movimento de 0,75 pp ou de 1,00 pp.

No Brasil é necessário aperto monetário

“No Brasil, ao contrário, a discussão é sobre a subida da taxa de juros”, disse. Para o economista da XP, se discute se o Copom sobe 0,25 pp ou 0,50 pp.

“A probabilidade maior é de 0,25 pp, que também é nossa visão. De toda forma, reforça que é necessário apertar um pouco as condições monetários. Olhando para os dados, a gente viu uma depreciação do câmbio e as expectativas de inflação descolando da meta do Banco Central”, afirmou.

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Além disso, ele cita a atividade econômica, que surpreende com forte alta. “A gente crê que o ciclo (no Brasil) comece com 0,25 pp (na reunião dessa semana), duas altas de 0,50 pp (nas duas próximas reuniões) e uma 0,25 pp em janeiro de 2025, terminando a Selic em 12%”, disse.

“É claro que existem algumas incertezas quanto a isso. Na reunião desta semana, eles devem começar (a alta) de forma gradual e deixar as portas abertas. Isso talvez fosse mais apropriado. Se as condições derem uma melhorada, se o câmbio voltar um pouco, as expectativas de inflação derem uma cedida, pode ser que eles possam conduzir essa alta um pouco mais moderada”, complementou.