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SÃO PAULO – Imagine receber um valor que poderia resolver boa parte dos problemas do seu país. Que poderia resolver a crise da saúde, construir casas e até pagar boa parte da dívida. Pois este é um dinheiro que a Irlanda tem a chance de ganhar, mas não quer receber.
Atualmente a Apple tem uma dívida bilionária por conta de impostos atrasados, e o valor de US$ 14,5 bilhões seria suficiente para cobrir todo o orçamento anual de saúde irlandês, construir cerca de 100 mil casas para os pobres ou pagar uma parte da dívida do país. Apesar disso tudo, o ministro das Finanças irlandês Michael Noonan disse nesta terça-feira (30) que irá lutar contra a decisão da Comissão Europeia de forçar a empresa a pagar este valor.
O atual regime de tributação de empresas da Irlanda tem atraído grande corporações como Google e Facebook para o país. Mesmo quando eles foram forçados a buscar um resgate internacional, há seis anos, houve um resistência à pressão para mudar a forma como o país tributa as empresas.
Para se ter uma ideia, a quantia é mais que o dobro de toda a arrecadação em imposto do país e equivale a cerca de US$ 3.000 para cada homem, mulher e criança da Irlanda. Os políticos do país estão loucos para conseguirem este dinheiro, mas o ministro afirma que os riscos são maiores.
Para a Apple, os atrasos nos pagamentos não são nada perto da quantidade enorme de dinheiro que a empresa tem. No mês passado, a Apple tinha US$ 232 bilhões, com cerca de US$ 214 bilhões estando no exterior. A empresa registrou em torno de US$ 4,45 bilhões por mês no ano passado de lucro, ou seja, seriam necessários apenas três meses para pagar esta dívida toda com a Irlanda.
“É tudo sobre a nossa reputação”, disse Peter Vale, “parceiro de imposto” da Grant Thornton Irlanda, para a Bloomberg. “Não é o número que é o problema, é a implicação de que a Irlanda se envolve em algum tipo de negócio que gira em torno de imposto, a ideia de que nós damos ofertas especiais e assim por diante”, explicou.
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O governo “vai tentar ativamente evitar recuperar receitas fiscais em dívidas para o povo irlandês”, disse Matt Carthy, membro do Sinn Fein do Parlamento Europeu, em comunicado. “Não há justificativa para impugnar uma decisão contra este acordo, e que o governo tente apelar imediatamente se quiser”.