Por que a indicação do secretário do Tesouro por Trump animou o mercado?

O veterano de Wall Street é considerado um conservador fiscal, o que reduzia temores dos investidores com o aumento do déficit da maior economia do mundo

Equipe InfoMoney

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Os ativos americanos e muitos brasileiros reagiram positivamente à indicação do investidor Scott Bessent como secretário do Tesouro do governo de Donald Trump.

O dólar recuava frente ao real nesta segunda-feira, em linha com a perda de força da moeda norte-americana em mercados emergentes, após a indicação.

Nesta sessão, os mercados globais reagiam pela primeira vez à indicação de Bessent. O veterano de Wall Street é considerado um conservador fiscal, o que reduzia temores dos investidores com o aumento do déficit da maior economia do mundo.

O dólar vinha acumulando ganhos desde a vitória de Trump na eleição, uma vez que suas medidas prometidas durante a campanha, como tarifas e cortes de impostos, levaram operadores a projetar uma inflação mais alta nos EUA, além de aumento da dívida pública, elevando os rendimentos dos Treasuries.

Os rendimentos dos títulos dos EUA também cediam durante a manhã. O rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 5 pontos-base, a 4,355%.

Com isso, o dólar recuava ante moedas de países emergentes, perdendo frente ao peso mexicano, ao rand sul-africano e ao peso chileno.

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“O dólar está sofrendo com a notícia da escolha ortodoxa de Trump para o cargo-chave de secretário do Tesouro. A nomeação de Scott Bessent, um conhecido ‘fiscal hawk’ que não gosta de déficits e que critica a política do Fed como sendo muito branda, coloca em questão o grau exato de inflação no segundo mandato de Trump”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

Investidores aguardavam os primeiros comentários de Bessent pós nomeação, uma vez que, apesar de ser um conservador fiscal, ele tem defendido ao longo do último ano as medidas mais expansionistas de Trump.

Bessent indicou que apoiará os planos de corte de tarifas e impostos, mas espera-se que priorize a estabilidade econômica e de mercado em vez de obter pontos políticos. “Essa nomeação alivia possíveis preocupações sobre as políticas protecionistas do novo presidente, que ameaçavam reacelerar a inflação, piorar as tensões comerciais e amplificar a volatilidade dos ativos”, avalia a Ágora.

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Trump pôs fim a semanas de especulação ao nomear seu escolhido na sexta-feira, com alguns estrategistas de investimento dizendo que Bessent poderia tomar medidas para restringir os empréstimos do governo, mesmo que ele cumpra as promessas fiscais e comerciais do presidente eleito.

“A beleza dessa indicação é que Bessent é um conservador fiscal. Isso prepara o terreno para uma maior disciplina fiscal, o que o mercado realmente receberá bem”, disse Joe McCann, presidente-executivo da Asymmetric.

O futuro do S&P 500 subia 0,75%, enquanto o contrato futuro do Nasdaq 100 tinha alta de 0,86%, e o futuro do Dow Jones avançava 0,91%.

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Os grandes bancos ganhavam, com o Wells Fargo subindo 1,1% e o Morgan Stanley em alta de 1,2% nas negociações de pré-abertura, enquanto a Tesla avançava 2%. Entre as megacaps, a Alphabet e a Amazon.com subiam 0,75% cada.

As expectativas para a decisão de juros do Federal Reserve em dezembro têm oscilado recentemente. A ferramenta FedWatch da CME mostra uma probabilidade de 56% de que o banco central reduza os custos de empréstimos em 25 pontos-base.

(com Reuters)