Bolsonaro fala em criação do “peso real”, moeda comum entre Brasil e Argentina; Guedes e BC esclarecem

BC afirmou que não tem projetos ou estudos sobre o assunto, enquanto Paulo Guedes apontou que assunto ainda é especulação

Lara Rizério

(Marcos Corrêa/PR)
(Marcos Corrêa/PR)

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SÃO PAULO – Em visita à Argentina, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes afirmaram na última quinta-feira (6) que o Brasil e o país vizinho pretendem avançar com a proposta de criação de uma moeda comum,  que se chamaria “peso real”.

A moeda seria resultado da intensificação do processo de integração de dois países que adotam políticas econômicas semelhantes.

Desde o início do Mercosul, no início dos anos 90, existe a intenção de se criar uma moeda única. No entanto, choques econômicos, como a desvalorização do real, em 1999, impediram a concretização do plano. A discrepância entre as inflações de Brasil e Argentina, porém, seria um grande desafio.

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“Paulo Guedes (ministro da Economia) nada mais fez do que dar um primeiro passo no sonho de ter uma moeda única na região do Mercosul, o peso real. Como aconteceu com o euro lá trás pode acontecer com o peso real aqui, pode… meu forte não é economia” disse Bolsonaro após o encontro com empresários: “Nós acreditamos no feeling, na bagagem e conhecimento e no patriotismo do Paulo Guedes nessa questão também. Em todo casamento todo mundo perde alguma coisa e ganha outras, eu sou pelo casamento”, afirmou o presidente. 

A questão da moeda comum também foi apresentada por Guedes aos argentinos e foi bem recebida. 

Sobre a iniciativa de moeda única, o Banco Central (BC) afirmou que não tem projetos ou estudos sobre o assunto.

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“O Banco Central do Brasil não tem projetos ou estudos em andamento para uma união monetária com a Argentina. Há tão somente, como é natural na relação entre parceiros, diálogos sobre estabilidade macroeconômica, bem como debates acerca de redução de riscos e vulnerabilidades e fortalecimento institucional”, destaca a nota.

Guedes, por sua vez, informou que o BCB não tem projeto em relação ao tema por que a “ideia” era dele. O ministro da Economia ainda falou que o “peso real” é, por enquanto, somente uma “especulação”. De acordo com Guedes, “isso é algo que poderia acontecer em um prazo de 20 anos” e que ele mesmo vem defendendo como possibilidade desde a década de 80. 

Pelo Twitter, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou a ideia: “será? Dólar valendo R$ 6,00? Inflação voltando? Espero que não”, disse o deputado.

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A divulgação da informação de que Bolsonaro estava disposto a fazer parte de uma união monetária seria uma ferramenta para impulsionar a popularidade de Macri, que tenta a reeleição neste ano e teve sua imagem golpeada pela recente crise no País vizinho.

Ontem, o presidente brasileiro quebrou protocolos diplomáticos e anunciou apoio à reeleição de Macri. Mesmo não citando nomes, Bolsonaro afirmou que “pedia a Deus” que iluminasse os argentinos para que “votassem com a razão e não com a emoção” nas próximas eleições.

Ainda sobre as relações Brasil-Argentina, Guedes afirmou que os países estão unindo esforços para se tornarem “a maior potência agroindustrial do mundo”, mencionando um “choque de energia barata”, com produção de petróleo e gás nas reservas do pré-Sal, no Brasil, e de Vaca Muerta, na Argentina.

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O ministro também comentou brevemente sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia, dizendo que “estamos a três semanas de fazer algo que não se fez em 30 anos”.

Já Bolsonaro publicou em sua conta oficial no Twitter que, durante as reuniões oficiais que teve com o presidente argentino, foram definidas ações concretas para aprofundar a parceria Brasil-Argentina em diversas áreas.

O presidente brasileiro também citou as negociações sobre a modernização do Mercosul e negociações do bloco com outros parceiros, em especial, a União Europeia. “Estamos empenhados em fazer com que nossa relação seja fonte de prosperidade”, disse Bolsonaro na mensagem.

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(Com Agência Brasil e Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.