“Posto Ipiranga” de Bolsonaro, Paulo Guedes lucrou R$ 600 mil com fraude na Bolsa, diz revista

Em esquema usando o fundo de funcionários do BNDES, corretora teria beneficiado o economista e futuro ministro da Fazenda em um governo de Bolsonaro

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Chamado de Posto Ipiranga por Jair Bolsonaro (PSL), o economista Paulo Guedes – já cravado como ministro da Fazenda em um eventual governo dele – é citado em um esquema de fraude julgado recentemente na Justiça Federal do Rio de Janeiro, em que ele ganhou R$ 600 mil em dois dias com operações na bolsa em 2004. As informações são da revista Crusoé, que teve acesso ao processo.

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De acordo com a publicação, que cita um relatório da CVM (Comissão de Valorer Mobiliários), o esquema envolveu a Fapes, fundo de pensão dos funcionários do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e a corretora Dimarco, que já teve três diretores condenados a quatro anos e oito meses de prisão pela justiça.

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A Crusoé afirma que Paulo Guedes é citado, nominalmente, quatro vezes na sentença que condenou os dirigentes da corretora, enquanto a sua empresa, a GPG, é mencionada 27 vezes. O economista, porém, não foi denunciado, sendo que o foco do processo fica todo sobre a corretora Dimarco.

Guedes lucrou R$ 600 mil em 17 operações realizadas nos dias 16 e 18 de agosto de 2004 usando operações com contratos futuros de Ibovespa. Junto com outros citados no processo, o lucro dos beneficiados foi de R$ 5 milhões. No mesmo período, o fundo do BNDES registrou um prejuízo de R$ 12 milhões.

Por outro lado, o juiz Tiago Pereira, da 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, afirma que os lucros de Paulo Guedes e de seu irmão não são frutos de seu conhecimento em investimentos, mas sim porque por detrás do pano, havia a ação criminosa da corretora.

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O esquema usava o dinheiro da Fapes para realizar operações e, se desse lucro, a ordem era redirecionada para os beneficiados da corretora, explica a revista. Por outro lado, se desse prejuízo, as perdas ficavam com o fundo. Isso só era possível de ser feito porque os registros da corretora eram feitos à mão e ficavam uma bagunça, com poucas informações, que muitas vezes eram trocadas na hora de registrar a ordem oficialmente.

A Crusoé entrou em contato com Paulo Guedes, que explicou que seus operadores tinham autonomia para distribuir as ordens de investimento entre diversas corretoras e que é normal ter lucros e perdas expressivas em diferentes corretoras. Ele ressaltou ainda que não tem relação com a Dimarco e que desconhecia o processo.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.