Quem é o general Mourão, o polêmico vice de Bolsonaro que já falou sobre possível intervenção militar

General é conhecido por suas declarações que já lhe custaram diversos cargos

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Escolhido aos 45 do segundo tempo, o general do Exército Antonio Hamilton Martins Mourão (PRTB) é o vice de Jair Bolsonaro (PSL). A escolha, feita às pressas, veio após o deputado receber o “não” de Magno Malta (PR), Augusto Heleno (PRP) e Janaína Paschoal (PSL).

Natural de Porto Alegre, Mourão nasceu em 1953 e é conhecido por dar declarações polêmicas, sempre enaltecendo o regime militar. Em palestra no ano passado, falou sobre a possibilidade de uma intervenção militar no país em eventual situação de “caos” nacional e crise política. O tom de seus discursos e posteriores críticas ao governo Michel Temer acabaram custando a ele, no final do ano passado, o cargo de secretário de Economia e Finanças do Exército (veja mais clicando aqui).

Esta não foi a primeira vez que ele causou polêmica. Em outra ocasião anterior, em 2015, Mourão fez uma homenagem ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido torturador da ditadura militar, chamando-o de “herói”. A atitude somada ao seus posicionamentos polêmicos sinalizando defesa da ditadura fizeram com que ele fosse removido naquele ano do CMS (Comando Militar do Sul), onde atuava há cerca de um ano e meio.

Questionado sobre a possibilidade de intervenção militar no país, Mourão afirmou que “ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós [Exército] teremos que impor isso”. Segundo ele, o objetivo deve ser alcançado “de qualquer maneira”: “Então, se tiver que haver, haverá”, frisou.

Tais declarações foram criticadas pelo comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, que afirmou que a instituição defende “a manutenção da democracia e a preservação da Constituição”. Bolsonaro, por outro lado, defendeu a fala do general.

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Posteriormente, Mourão negou que tivesse defendido “uma tomada de poder” por parte dos militares e disse ter sido mal compreendido em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “Não existe nada disso. [A intervenção] é simplesmente alguém que coloque as coisas em ordem, e diga: atenção, minha gente vamos nos acertar aqui e deixar as coisas de forma que o país consiga andar e não como estamos. Foi isso que disse, mas as pessoas interpretam as coisas cada uma de sua forma. Os grupos que pedem intervenção é que estão fazendo essa onda em torno desse assunto”, disse.

Logo após ser escolhido como vice, ele reafirmou que não foi “feliz na forma como disse” sobre intervenção militar e que deu “margem para outras interpretações”.

Com Mourão vice de sua chapa, Bolsonaro reforça o seu discurso para o público que já vota nele, mas pode afastar novos eleitores. Desta forma, o efeito da escolha do vice – não só de Bolsonaro, mas de outros candidatos à presidência – serão observados de perto pelo mercado. 

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