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SÃO PAULO – Demorou, mas a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) agora tem chapa completa. Segundo aliados, a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) aceitou, nesta quinta-feira (2), o convite do tucano para ser a vice-candidata à presidência da República. A decisão ocorre uma semana após os partidos do chamado “blocão” (DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade) formalizarem apoio ao ex-governador de São Paulo. Ana Amélia era o nome predileto de Alckmin para ocupar a posição e pode ajudar na reconquista de votos perdidos pelos tucanos nos últimos anos. Mas quem é ela?
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Ana Amélia nasceu em 23 de março de 1945, na pequena cidade de Lagoa Vermelha (RS), e iniciou sua carreira como jornalista na RBS em 1977, atuando como repórter de economia, produtora e apresentadora do programa “Panorama Econômico”. Dois anos depois transferiu-se para Brasília, atuando no Zero Hora. Em 1982 foi nomeada diretora da RBS na capital federal, cargo que manteve até 2003. Ela foi jornalista do grupo por 33 anos.
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Em 2010, foi eleita com 3.401.241 votos, ocupando a segunda vaga ao Senado pelo Rio Grande do Sul. Sua campanha recebeu R$ 2.938.952,02 em doações legalmente registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Entre os maiores doadores constam Telemont (R$ 300 mil), Bracol (R$ 200 mil), Gerdau (R$ 100 mil), Itaú Unibanco (R$ 100 mil) e JBS (R$ 100 mil). Naquela época, o financiamento empresarial de campanha era permitido.
No exercício do mandato que se encerra em dezembro deste ano, ganhou destaque como debatedora na casa e uma ferrenha crítica ao governo de Dilma Rousseff. É membro titular das comissões de Constituição, Justiça e Cidadania; Assuntos Sociais; Agricultura e Reforma Agrária; Relações Exteriores e Defesa Nacional; Mista Orçamentária; Educação, Cultura e Esporte; Direitos Humanos e Legislação Participativa. Entre os temas em que mais atua, destaque para as pautas de combate à corrupção, agronegócio e saúde, além de questões femininas.
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Ana Amélia também é autora de uma proposta de emenda constitucional que torna o voto facultativo e outra que trata de novos critérios para a escolha de ministros do Supremo Tribunal Federal. A ideia da última é constituir uma comissão de autoridades do Judiciário para elaborar uma lista tríplice para a definição de membros para a Corte. Caberia ao presidente a indicação de um desses nomes para o cargo. A PEC também define mandato de dez anos para os magistrados.
Como pensa?
A senadora esteve no InfoMoney em abril para uma entrevista sobre o cenário eleitoral nacional e gaúcho. Na ocasião, ela criticou as medidas adotadas pelo Congresso para mudar as regras eleitorais e manifestou preocupação com eventual explosão do crime de caixa dois e financiamento de campanhas pelo crime organizado em função das restrições impostas a doações de empresas.
“A estrutura que foi montada não vai permitir muita renovação, porque quem vai chegar precisará ter uma base de apoio e a legislação foi montada para que não tivesse financiamento privado de campanha, o que acho um equívoco. Hoje está faltando tanto dinheiro no Orçamento da União para saúde, segurança pública, para transportes e educação, e vão jogar uma montanha de dinheiro na campanha eleitoral”, afirmou.
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Ana Amélia também chamou atenção para a necessidade de participação da sociedade no processo político. “Em um regime democrático, você só pode pensar em um projeto para mudar o Brasil através do voto, através da democracia, através da escolha de pessoas adequadas. É injusto colocar todos no mesmo balaio”, disse. Naquele momento, ela demonstrava preocupação com o que vislumbrava como tendência de consolidação de Jair Bolsonaro no segundo turno, em função do forte apoio recebido por eleitores jovens a um radicalismo. Confira a íntegra do bate-papo pelo vídeo abaixo:
O que Ana Amélia tem a oferecer?
Para o economista e cientista político Ribamar Rambourg, o nome de Ana Amélia como vice é boa notícia para Alckmin, já que pode ajudar o tucano na reconquista de eleitores que votaram no PSDB nas últimas disputas presidenciais e hoje se dividem entre Jair Bolsonaro (PSL) e Álvaro Dias (Podemos) ou não declaram voto em nenhum candidato.
“A indicação da senadora pode ajudar Geraldo a conquistar o eleitor mais conservador, do Sul do País e meio rural, que acabou se afastando do partido. O movimento também pode ser visto como positivo no sentido de que ela não tem denúncias de corrupção e mostrou-se defensora fervorosa da Operação Lava Jato”, observa.
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Para ele, a escolha pode ajudar a dividir a bancada gaúcha do PP, que no momento apoia Jair Bolsonaro na corrida presidencial, a despeito da aliança nacional firmada pelo partido. “A escolha pela senadora pode ajudar a rachar a base do PP gaúcho e fazer com que pelo menos parte do partido caminhe com o PSDB”, projeta o especialista.
Ao decidir compor chapa com o tucano, a senadora abre mão de uma disputa com grandes chances de êxito pela reeleição. Esta poderia ser uma sinalização de confiança no projeto de Alckmin. Hoje, a parlamentar lidera as pesquisas para a disputa por um assento no Legislativo. De acordo com levantamento realizado pelo instituto Paraná Pesquisas em junho, ela tem a preferência de 44,5% dos eleitores, seguida pelo senador Paulo Paim (PT), com 28,7%. Como são duas vagas nesta disputa, a pesquisa permite que cada entrevistado escolha até dois candidatos.
Conforme observa a equipe de análise política da XP Investimentos, a estratégia do PP nesta novela consiste em garantir a vaga de vice na chapa como escolha pessoal de Alckmin, sem que isso entre para a cota de indicações do partido em um eventual governo. O PP faz de tudo para ter mais poder em 2019, mantendo o comando da Caixa Econômica Federal, do Ministério das Cidades e do Ministério da Saúde, além de buscar ampliar terreno na Esplanada.