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SÃO PAULO – Quem acompanhou o programa Roda Viva da última segunda-feira (30) até o fim ficou sabendo qual é o “livro de cabeceira” do candidato Jair Bolsonaro: “A Verdade Sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça“, escrito pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Apesar de estar em sua 14ª edição e chegar a ficar esgotado por um tempo, o livro lançado em 2006 conta com 657 páginas e já não é tão fácil de ser encontrado. O livro estava custando R$ 90,00 no site da Livraria Cultura, mas se esgotou durante a tarde. Agora é possível encontrá-lo apenas no Mercado Livre, Estante Virtual, na Amazon ou clicando aqui para o arquivo em PDF gratuitamente.
O livro traz o ponto de vista dos militares sobre o que ocorreu durante a ditadura, focando sua maior parte no atentados que eram praticados por grupos da esquerda durante aquele período. “Além dos relatos, procuro desfazer mitos, farsas e mentiras divulgadas para manipular a opinião pública e para desacreditar e desmoralizar aqueles que as venceram”, diz o coronel na descrição da obra.
Apenas pela sua proposta, o livro já é bastante polêmico, já que tem a intenção de mostrar uma visão completamente diferente sobre o que ocorreu entre 1964 e 1985 no Brasil. Na escola, aprendemos que este foi um período de grande repressão, com prisões aleatórias e torturas por parte dos militares. Porém, a versão de Ustra para o período é diferente.
Além da grande quantidade de páginas, o livro não é tão simples de se ler por apresentar um aspecto mais técnico do cenário político, uma vez que foi escrito com a colaboração da esposa de Ustra, que é historiadora. O volume apresenta uma narrativa histórica e uma série de dados para oferecer ao leitor uma versão distinta sobre o período militar, dando grande ênfase ao contexto de disputa hegemônica entre os EUA e a OTAN de um lado e a URSS e o Pacto de Varsóvia de outro.
Além dessa contextualização sobre a guerra fria, o coronel apresenta dados e documentos para justificar que o regime militar não estava enfrentando pessoas que desejavam derrubar um regime autoritário para substituí-lo por uma democracia, mas terroristas que desejavam implementar uma ditadura comunista.
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Ustra comandou o DOI-Codi, um dos principais órgãos de repressão, e foi “homenageado” por Bolsonaro em 2016, durante o seu voto pelo impeachment de Dilma Rousseff. Em 2008, o coronel se tornou o primeiro militar a ser reconhecido pela Justiça como torturador durante a ditadura.
Em sessão da Comissão Nacional da Verdade, em 2013, ele negou ter cometido crimes e disse que recebeu ordens de seus superiores no Exército para fazer o que foi feito, e que suas ações à frente do órgão tinham como objetivo o combate ao terrorismo, reafirmando a tese do seu livro.
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Ustra faleceu em 15 de outubro de 2015, mas a memória dele segue bem viva tanto para quem repudia os seus atos quanto para quem o defende, caso de Bolsonaro. A fala do deputado da última segunda apontando o livro do coronel como o seu preferido deve elevar ainda mais a temperatura do debate sobre o assunto – e a campanha mal começou.
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