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SÃO PAULO – Enquanto era iminente a ida de Luiz Inácio Lula da Silva para a Esplanada dos Ministérios, o “imponderável” da Lava Jato atuou mais uma vez. Desta vez, com a homologação da delação premiada do senador Delcídio do Amaral e a gravação de uma conversa do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, com o assessor do senador, em que destaca que o ministro propôs ajuda financeira para evitar a delação, conforme revelado pela Veja.
Desta forma, o que se observa é que, “por mais poderosa que seja a última cartada do governo [com a entrada de Lula no governo], ela será inexpressiva em meio às novas revelações de Delcídio, uma hecatombe cujos efeitos ainda não terminaram”. É o que aponta o analista político Gabriel Petrus, da Barral M. Jorge.
Com isso, o governo pode até mesmo adiar o anúncio de Lula como ministro, ou seja, o uso da última cartada. “Mas isso também é muito ruim para a estratégia do governo, pois faz com que o Planalto perca totalmente o timing da reação, num contexto em que cada segundo é valioso para se evitar que a situação chegue de fato a um ponto irreversível (por melhor que seja cartada). É uma difícil escolha para a presidente”.
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Petrus ressalta que os novos fatos também jogam um balde de água fria sobre os movimentos sociais que sairão às ruas na próxima sexta-feira (18) em defesa do governo, que eram um passo fundamental da estratégia de reação do Planalto. Até mesmo entre eles, fica cada vez mais difícil defender a administração.
Conforme destaca o analista, a delação de Delcídio expõe em detalhes um modelo de relacionamento pernicioso entre políticos de todos os partidos com parte do mundo empresarial. “Nesse ambiente, é muito difícil o governo fazer qualquer defesa, pois todo esse sistema entrou em colapso”.
Por outro lado, não é apenas o governo que está sendo afetado pela delação de Delcídio, uma vez que Michel Temer, Aécio Neves, Renan Calheiros, entre outros, estão implicados na delação. Assim, afirma Petrus, a delação de Delcídio tem o potencial de encerrar a carreira de muitos dos quadros políticos da nova república (que nasceu em 1988). “É o fim de um ciclo”, ressalta, o que eleva a incerteza política, pois há um vácuo geracional de lideranças políticas.
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“A república pós-Lava Jato será marcada por incertezas, pulverização partidária, e ciclos casuísticos de poder, até que o país volte a construir coesão social e e econômica em torno de novos atores políticos”, ressalta o analista.
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