Pimco pode emitir dívida garantida pela primeira vez desde 2006

Afastada do mercado de hipotecas nos últimos anos, gestora californiana volta a olhar para o segmento, hoje mais voltado à pessoa jurídica

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(Bloomberg) — O colapso do mercado de hipotecas de segunda linha (subprime) nos EUA afastou a Pacific Investment Management Co. (Pimco) das obrigações com empréstimos garantidos durante uma década. Agora a crise do coronavírus está atraindo a gigante de investimentos de volta.

A firma ficou longe do negócio de estruturar e vender essas obrigações (conhecidas pela sigla CLO) nos últimos anos devido aos padrões negligentes de concessão de empréstimos e às margens cada vez menores.

O quadro pode mudar à medida que a pandemia desencadeia uma onda de inadimplência e enxuga os excessos do mercado de empréstimos, disse Josh Anderson, diretor-gerente da firma sediada em Newport Beach, na Califórnia.

Depois disso, credores com poder de fogo conseguirão cobrar taxas mais elevadas, tornarão os padrões de originação mais rigorosos e ficarão mais seletivos em suas compras. Segundo Anderson, a Pimco pode emitir uma CLO ainda este ano, pela primeira vez desde 2006.

“Estamos nos posicionando para uma chacoalhada no mercado de CLO, considerando as semelhanças com o subprime”, disse ele. “Estamos aumentando o quadro de pessoal há anos, mas finalmente chegamos aqui. Espero que nossa paciência e nossos recursos sejam recompensados.”

Anderson explica que a rápida ascensão das CLOs na última década foi uma receita para o desastre. Com a disparada das vendas, as salvaguardas nos empréstimos foram corroídas, apesar dos alertas de autoridades reguladoras de que o mercado estava acumulando dívidas crescentes sobre balanços patrimoniais frágeis. Para alguns, isso lembra a situação que antecedeu a crise financeira, quando Wall Street alimentou a expansão do mercado imobiliário com seu empenho na venda de dívidas garantidas.

As dívidas garantidas (CDOs) que explodiram o sistema financeiro global em 2007 e 2008 eram agregados de empréstimos a consumidores — não empréstimos a empresas, que sustentam CLOs atualmente. No entanto, da mesma forma, uma crise econômica ameaça expor os problemas criados ao se permitir a proliferação do endividamento nos segmentos mais vulneráveis da economia.

Algumas das maiores CLOs estão altamente expostas a setores como lazer, varejo e energia, que, segundo alertas de estrategistas do UBS Group, provavelmente continuarão parados mesmo após a flexibilização das medidas de isolamento social.

Na nova era de austeridade trazida pela pandemia do coronavírus, Anderson espera que os tomadores de empréstimos reforcem cláusulas contratuais e proteções nas operações que levam ao mercado.

“Com prêmios de risco mais amplos, provavelmente não será preciso esticar a corda e comprar créditos mais fracos para fazer com que as operações funcionem”, afirmou ele.

“As CLOs serão mais exigentes no futuro.”

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