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FLORIANÓPOLIS – O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil deve crescer 0,7% este ano e interromper um período de 2 anos de recessão, na opinião do ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola. “Nós já vemos sinais de que a atividade econômica parou de cair. A confiança começou a melhorar, as vendas de veículos mostram alguma estabilização e a produção industrial também já tem setores mostrando recuperação”, disse Loyola durante o Data Driven Brasil, evento de Big Data realizado pela Neoway na capital catarinense.
As projeções de Loyola são mais otimistas do que a média das expectativas do mercado, que prevê um crescimento de 0,48% este ano, de acordo com o último Boletim Focus. No ano passado, o PIB recuou 3,6% e em 2015 a queda foi de 3,8%.
De acordo com ex-presidente do BC, uma parte do crescimento de 2017 deve vir por conta da disponibilização do FGTS inativo, que começou na última sexta-feira (10). “O saque das contas inativas do FGTS deve gerar 0,3 [ponto percentual] de crescimento a mais do PIB este ano”, acredita. Ele ressalta que a recuperação da economia ainda deve ser lenta, mas que quando alguns indicadores econômicos mostram sinais positivos e outros negativos, costuma ser um sinal de inflexão.
Loyola também lembra que as famílias continuam muito endividadas, mas que o processo de queda da geração de renda já começa a se inverter. Além disso, com a queda do juro, começa a ficar mais fácil renegociar e pagar as dívidas acumuladas. “A economia está se desalavancando, mas esse é um processo que leva tempo”, destaca.
Inflação, juros e câmbio
O sócio da Tendências prevê uma inflação de 4,3% este ano, pouco acima do consenso do mercado, de 4,19%, também segundo o último Boletim Focus. Os juros devem continuar no processo de queda, com a Selic encerrando o ano em 9% ou 9,25%. “Pode ser até um pouco além disso. A inflação baixa em fevereiro pode levar o Banco Central a acelerar os cortes. Podemos até ter queda de um ponto percentual, o que abre espaço para aceleração do crescimento em 2017”, afirma. Loyola ainda estima que o dólar encerre o ano cotado a R$ 3,35, pouco acima das estimativas do mercado, de R$ 3,30. “O que está por trás disso não é a expectativa de piora dos fundamentos do Brasil, mas sim a política monetária norte-americana, que tende a puxar o dólar para cima, e a tendência de queda das commodities, que também afeta a moeda dos países que são produtores, como o Brasil”, destaca. *O jornalista viajou a convite da Neoway