PetroRecôncavo: por que o JCP de R$ 410 mi foi mais que uma distribuição de proventos

Petrolífera anunciou na última quarta-feira (29) pagamento de juros sobre o capital próprio (JCP) no valor de R$ 410 milhões

Felipe Moreira

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A PetroRecônvaco (RECV3) anunciou na última quarta-feira (29) o pagamento de juros sobre o capital próprio (JCP) no valor de R$ 410 milhões, correspondente ao valor bruto de R$ 1,398827 por ação ordinária. Os recursos serão depositados na conta dos acionistas em 18 de junho.

O pagamento será feito para a base de acionistas do dia 5 de junho. As ações serão negociadas “ex-juros” a partir de 06 de junho de 2024.

O JPMorgan acredita que o pagamento não estava incluído nas expectativas dos investidores, o que sustenta a visão do banco de que a ação está descontada e os retornos são atrativos na avaliação atual.

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Segundo cálculos do JPMorgan, a RECV3 está sendo negociada a 3,2 vezes Valor da Firma (EV)/EBITDA para 2024, com um potencial de valorização implícito de 50,7% em relação ao valor justo. Dessa forma o banco considera o anúncio positivo e espera uma reação positiva do mercado.

O Itaú BBA também classifica o anúncio como positivo, pois reforça o compromisso da empresa em abordar a remuneração dos acionistas no curto prazo, ao mesmo tempo que procura melhorar a resiliência da operação.

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De acordo com BBA, a distribuição de JCP reforça a estratégia da empresa de alocação ideal de capital para os acionistas, ao mesmo tempo em que examina continuamente o mercado em busca de oportunidades. “O anúncio é consistente com a estratégia da companhia de dividir a remuneração aos acionistas entre juros sobre capital próprio e dividendos, destacando o atual desconto nas ações e resultando em um sólido rendimento de 7%”, comentam analistas.

Mudança de chave?

Para o BTG Pactual, por muito tempo, a petroleira foi percebida como uma tese de investimento fortemente baseada no potencial de crescimento inorgânico através de fusões e aquisições (M&As). No entanto, com o provável fim dos desinvestimentos em campos maduros pela Petrobras (PETR4) e uma abordagem muito cautelosa da gestão e do Conselho de Administração em relação às fusões no setor, acredita que a empresa gradualmente se tornará uma companhia com retornos crescentes para os acionistas .

“O fato de que o capex da RECV também está se normalizando suporta essa visão, pois a geração de fluxo de caixa para os acionistas deve começar a crescer mais rapidamente a partir de agora. Ainda não descartamos alguns gargalos operacionais que podem limitar um crescimento mais rápido da produção nos campos da RECV no futuro próximo, mas acreditamos que os investidores têm uma visão favorável em relação os pagamentos mais altos”, apontou o banco, destacando esperar uma reação positiva do mercado, que ocorreu. As ações subiam cerca de 3% nesta sexta.

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“O pagamento anunciado na quarta-feira é um adiantamento dos resultados de 2024, sugerindo alta confiança da equipe de gestão em relação aos números anuais. Não descartamos a possibilidade de pagamentos ainda maiores no futuro”, avalia, tendo recomendação de compra para a ação.