Mercado de petróleo volta atenções para Opep; como reunião deve afetar a commodity?

Opep se reúne no domingo (2) para decidir sobre a sua política de produção

Felipe Moreira

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A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) se reunirá no próximo domingo (2) para decidir o que fazer com o fornecimento do grupo e os cortes voluntários que expiram. A expectativa do Santander é pela extensão dos cortes voluntários de 2,2 milhões de barris por dia (bpd) para além de junho, o que deve apoiar os preços do petróleo.

O banco espera que a OPEP+ estenda as suas restrições voluntárias à produção até ao segundo semestre de 2024, especialmente tendo em conta a procura recente e ligeiramente mais fraca da China, o aumento da produção de países não-OPEP+ (ou seja, Guiana e Canadá), e uma vez que uma reversão poderá ter um efeito significativo no preços spot do petróleo, dadas as expectativas do mercado. Como resultado, analistas esperam que a rolagem da produção sustente os preços do Brent em cerca de US$ 80 o barril.

Na opinião do Santander, a esperada suboferta de petróleo bruto para o segundo semestre deste ano pode continuar a apoiar os preços do petróleo, desde que a demanda se comporte de acordo com as projeções da organização (crescimento da demanda de 1,85 milhões bpd no 4T24 contra 2T24), o que apoia a visão positiva do banco sobre as empresas de E&P da América Latina , especialmente 3R (RRRP3).

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Com relação a capacidade de utilização e margens das refinarias, a Opep espera que as entradas nas refinarias atinjam uma média de 82,5 milhões bpd no 2T24, devido à menor manutenção e sazonalidade (ou seja, viagens no Hemisfério Norte e procura de geração de energia no Médio Oriente). Já as margens de refino continuaram em tendência de queda em abril, devido à recuperação nas taxas de processamento das refinarias e à maior produção de produtos que pesou sobre os preços dos produtos petrolíferos, especialmente nafta e diesel.

Com relação às ações das petrolíferas na América Latina, o Santander acredita que fatores micro estão pesando sobre elas (por exemplo, mudanças na gestão da Petrobras, atrasos na emissão de licenças ambientais para o PRIO (PRIO3) e discussões sobre a fusão da 3R/Enauta) e levaram a um recente desempenho inferior das ações em geral.

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Analistas do Santander acreditam que uma dinâmica positiva para o preço do petróleo poderá trazer ainda mais otimismo ao setor, com a PRIO e a Vista provavelmente a se beneficiarem ao máximo dos preços mais elevados do petróleo.

No geral, o Santander disse preferir o 3R/Enauta (ENAT3) (seguido pelo PRIO), com uma perspectiva positiva para a nova companhia, apesar das discussões de lock-up e overhang. Também disse gostar da PetroRecôncavo (RECV3) pelo seu rendimento de dividendos de 7% para 2024, mas vê poucos catalisadores. Na América Latina, prefere a YPF à Petrobras (esperamos um rendimento normalizado de dividendos de um dígito em 2025 para a Petrobras em comparação com o crescimento da produção de xisto e a racionalização de investimentos na YPF).

O Bradesco BBI, por sua vez, acredita que a OPEP+ provavelmente olhará para além do terceiro trimestre de 2024 (3T24) e evitará transmitir a volatilidade ao prolongar os cortes atuais com alguns ajustes nas quotas, com Iraque e o Cazaquistão potencialmente compensando a falta de conformidade anterior. “A maior parte do mercado espera isso”, destaca o banco.

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Segundo o BBI, qualquer reversão antes do final do 3T24 poderá fazer com que os preços do Brent caiam temporariamente abaixo de US$ 80 por barril, com recuperação a partir de então. Uma extensão da cota de aproximadamente 34 milhões de bpd até o 3T24 poderia levar os preços a US$ 90 por barril ou até mais.