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Uma grande dúvida paira quando o assunto é a trajetória dos preços do petróleo no mercado, com forças dissonantes levando à volatilidade da commodity. Por um lado, está o debate da transição da matriz energética que ameaça a demanda, assim como a potencial desaceleração de importantes economias do mundo, com potencial de derrubar os preços. Por outro, notícias sobre possíveis cortes de produção da Opep+ e possível reabertura da China, com potencial de levar os preços para cima.
Ricardo Kazan, gestor de commodities da Legacy Capital, assim como diversos especialistas na commodity, estão otimistas. Kazan até brinca: “estamos otimistas porque não tem [petróleo no mercado]. Esse é o primeiro ponto”.
Mesmo que o preço ainda não esteja subindo, o gestor destacou, em entrevista ao episódio #174 do Stock Pickers, que é uma questão de tempo. Segundo Kazan, o ministro de energia da Arábia Saudita, importante produtor de petróleo, disse na última reunião da Opep+ que, trabalhando nesse mercado há 40 anos, nunca tinha visto um cenário tão apertado como o de hoje. Assim, o petróleo não deve se manter no atual patamar.
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As atuais cifras, com o brent abaixo de US$ 90 o barril, não elucidam ao mercado o cenário real de:
- Baixos níveis de estoque;
- Falta de capacidade ociosa;
- Encerramento da venda de reserva estratégica pelos EUA e uma possível recompra de reservas;
- Riscos geopolíticos em iminência, com a Rússia sendo um dos maiores produtores de petróleo no mundo e
- China em processo de reabertura.
Sobre a reserva estratégica pelos EUA, Kazan destaca que o país saiu de 700 milhões de barris de reserva estratégica e hoje estão na casa de 400 milhões de barris, o que ajudou a “amortecer” a alta de preços.
Já em relação às questões geopolíticas, Kazan vê como um dos pontos mais confusos e ainda distantes de alguma resolução. No próximo dia 5 entram em vigor as sanções que a Europa colocou na Rússia em meados de abril, quando começou a guerra, que afirmam que o continente não poderá mais importar petróleo russo pelo mar.
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Além disso, os EUA se juntaram ao continente europeu na tentativa de implementar um teto de preço que o petróleo russo deva ser vendido para diversos países.
“Existe um oligopólio no serviço de seguro, resseguro e navegação de petróleo no mundo que acontece entre Europa e Inglaterra. Então essas sanções dizem que se você não comprar petróleo Russo por x valor, você não terá acesso a seguro, resseguro e navegação”.
Enquanto isso, as medidas zero Covid no país parecem estar próximas do fim. “A China estava fora do mercado há dois anos, consumindo de 1 a 2 milhões de barris por dia e agora está voltando ao mercado. Quem é que vai ofertar esse petróleo?”, indaga o gestor.
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Commodities não foram os únicos assuntos postos à mesa. Entre outros destaques, esteve o cenário macroeconômico dos EUA e o impacto para os mercados.
Pedro Jobim, economista chefe e sócio fundador da Legacy Capital, trouxe diversos pontos a respeito do país. Um deles foi sobre a tese que há tempos se falava muito: forças desinflacionárias mais estruturais nos EUA (como inteligência artificial, envelhecimento populacional, e economia compartilhada) ainda têm alguma relevância no quadro de inflação?
Para Jobim, não se deve esperar que essas forças se sobreponham e sejam desinflacionárias. Ele afirma ainda que “devemos nos acostumar com uma inflação mais elevada no mundo desenvolvido”.
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Inclusive, o economista vê o envelhecimento da população exercendo o papel contrário, ou seja, sendo na verdade um processo inflacionário. “Você tem menos pessoas trabalhando e acaba retirando o poder produtivo dentro da economia”, complementa.
Para conhecer mais teses e posições da casa dentro do contexto econômico global não deixe de assistir a íntegra do episódio #174 disponível em no vídeo acima ou em áudio clicando aqui.