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SÃO PAULO – O Ibovespa perdeu força durante a tarde desta terça-feira (6) e encerrou o dia próximo da estabilidade depois de adiamento da votação dos vetos da presidente Dilma Rousseff para amanhã às 11h30 (horário de Brasília) e de projeções mais pessimistas do FMI (Fundo Monetário Internacional) para a economia brasileira.
Apesar do dia terminar no zero a zero para o Ibovespa, diversas ações dentro do índice registraram forte oscilação, com 8 dos 64 papéis subindo mais de 4% enquanto 8 ações caíram mais de 3%. Entre os destaques ficaram as ações da Petrobras, que seguiram em forte alta após os cortes de investimentos e gastos operacionais programados para 2015 e 2016.
Na mesma toada, as siderúrgicas deram continuidade à forte alta dos últimos dias, em meio a expectativas sobre desinvestimentos para aliviar suas dívidas. Nos destaques do setor, as ações da CSN, que subiram mais de 7%, em meio a rumores sobre interesse de investidores estrangeiros pelo Terminal de Contêineres (Tecon), em Sepetiba, conforme apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
Entre os destaques positivos, chamou atenção também os papéis da Gol (GOLL4, R$ 3,93, +4,80%), que ficou entre as maiores altas do dia, acumulando assim ganhos de 14,58% nos últimos 7 pregões. A companhia tem seguido o movimento do dólar e pode estar encontrando certo alívio com a volta da moeda para o nível de R$ 3,80. Vale destacar que metade dos custos da companhia estão atrelados a moeda norte-americana.
Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:
Petrobras (PETR3, R$ 9,89, +5,21%; PETR4, R$ 8,19, +4,73%)
As ações da Petrobras subiram pela quinta vez em seis pregões. Ontem, a estatal anunciou redução de US$ 18 bilhões, ou 16%, na previsão de gastos operacionais e investimentos para este e o próximo ano, devido à queda nos preços de petróleo e à desvalorização do real frente ao dólar. Com os ganhos de hoje, os papéis acumulam alta de 26,88% em 6 pregões.
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A previsão de investimentos para este ano foi reduzida de US$ 28 bilhões para US$ 25 bilhões, e para 2016 de US$ 27 bilhões para US$ 19 bilhões. Já os gastos operacionais foram reduzidos de US$ 30 bilhões para US$ 29 bilhões este ano, e de US$ 27 bilhões para US$ 21 bilhões em 2016, informou a estatal em fato relevante.
Segundo o analista Flávio Conde, da consultoria WhatsCall, os cortes de investimentos e gastos para 2015 e 2016 foram expressivos, uma vez que a estatal deve gerar um Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 80 bilhões no ano que vem, mas as reduções podem ser apenas um ajuste do câmbio como escrito no item investimentos. Se isto foi feito, o ajuste seria nulo, comenta. Já sobre a manutenção dos desinvestimentos, ele disse que não deve impactar não preços das ações.
O corte vem menos de quatro meses após a estatal ter anunciado o seu Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 com redução de 40% nos investimentos previstos no plano anterior. Na ocasião, a empresa disse que fatores de riscos poderiam impactar adversamente as projeções.
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Vale (VALE3, R$ 18,31, +0,94%; VALE5, R$ 14,92, +1,57%)
As ações da Vale voltaram para o campo positivo após “susto” durante a manhã com projeções mais pessimistas do FMI (Fundo Monetário Internacional) para a economia brasileira, que apontou para retração de 3% este ano, contra recuo de 1,5% em estimativa feita em julho. Acompanharam o movimento os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 8,95, +1,13%), holding que detém participação na Vale.
Apesar do movimento positivo, o preço do minério de ferro ficou estável nesta terça-feira no mercado à vista da China, em US$ 54 a tonelada seca, de acordo com dados do The Steel Index. Esse valor segue a referência do insumo com teor de concentração de 62% negociado no Porto de Tianjin, na China.
Além disso, ontem o Barclays cortou o preço-alvo dos ADRs (American Depositary Receipts) da Vale, de US$ 4,40 para US$ 4,00, mantendo a recomendação em underweight (desempenho abaixo da média).
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Exportadoras
As ações das empresas voltadas à exportação caíram forte hoje com o movimento de baixa do dólar, que fechou o dia cotado a R$ 3,84, com queda de 1,48%. Entre as maiores perdas do Ibovespa, as ações da empresa de papel e celulose Fibria (FIBR3, R$ 52,53, -3,70%), Suzano (SUZB5, R$ 18,08, -3,32%) e o frigorífico JBS (JBSS3, R$ 16,20, -3,57%), todos favorecidos quando o ambiente é de valorização da moeda americana.
Siderúrgicas
As ações das siderúrgicas seguiram o movimento da véspera e subiram forte nesta sessão, com destaque para CSN (CSNA3, R$ 4,44, +8,56%), que avançou mais do que as demais Usiminas (USIM5, R$ 3,32, +0,61%) e Gerdau (GGBR4, R$ 6,01, +0,84%). O movimento ocorre enquanto crescem expectativas de que o setor siderúrgico anuncie desinvestimentos para aliviar a dívida. Em três pregões, as ações da CSN já disparam 18%.
Segundo apurou o Broadcast, existe grande interesse de investidores estrangeiros pelo Terminal de Contêineres (Tecon), em Sepetiba. A venda desse ativo da CSN deverá estrear a lista de desinvestimentos da empresa, que busca reduzir o seu endividamento, e ajudar a companhia a levantar R$ 1 bilhão com a venda integral do Tecon até o fim do ano, segundo fontes.
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Cia Hering (HGTX3, R$ 16,05, +5,59%)
As ações da Cia Hering subiram pelo terceiro pregão seguido, período em que acumulam valorização de 15%. Na última sexta-feira, a companhia informou que terá um efeito positivo de R$ 53,5 milhões em seu balanço do terceiro trimestre, na linha de imposto de renda, após liquidação de euronotes da companhia.
Apesar dessa recente disparada, o movimento ascendente dos papéis vêm desde 4 de agosto, quando fecharam no menor patamar desde maio de 2010. De lá para cá, as ações já dispararam 44,3%, indo em busca ao patamar perdido em 7 de maio deste ano (em R$ 18,49), na divulgação do resultado do primeiro trimestre, que veio muito abaixo das projeções dos analistas.
Educacionais
A Anima (ANIM3, R$ 10,64, +4,42%) informou que o número de alunos matriculados no segundo semestre de 2015 caiu 2,3% na comparação anual, para 82.000 alunos. A baixa foi puxada principalmente pelo Pronatec, cujo número de matrículas caiu 61,3%, para 2,1 mil. Segundo o BTG Pactual, o número ficou abaixo do previsto e não deve ser uma boa proxy para os demais nomes do setor listados na Bolsa, sendo Kroton (KROT3, R$ 8,96, +1,70%), Estácio (ESTC3, R$ 14,83, -7,02%) e Ser Educacional (SEER3, R$ 8,40, -6,67%).
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Eletropaulo
Uma disputa judicial entre a estatal Eletrobras (ELET3, R$ 5,58, -3,63; ELET6, R$ 9,70, -0,10%) e a AES Eletropaulo (ELPL4, R$ 10,75, +1,03%) em torno de uma dívida de cerca de R$ 1,7 bilhão poderá representar “um aumento significativo” na dívida da distribuidora de energia paulista, afirmou relatório da agência de classificação de risco Moody’s divulgado nesta terça-feira.
“Estimamos que, se a empresa perder a causa, o pagamento subsequente levará a dívida líquida atual da empresa de R$ 5,5 bilhões de a R$ 7,2 bilhões a partir de 30 de junho de 2015”, afirmou a Moody’s.
Alpargatas (ALPA4, R$ 8,15, +10,73%)
O Estadão informou ontem que o grupo Camargo Corrêa está analisando oportunidades estratégicas, que podem alterar a composição do controle da Alpargatas, dona da Havaianas. Nesses últimos dois dias, os papéis subiram 20%; mas considerando desde o dia 28 de setembro, as ações dispararam 30,7%.
Fundos de investimentos como Carlyle e KKR estão entre os interessados no negócio, segundo fontes, mas não existe nenhum acordo fechado. A Camargo Corrêa também pode se desfazer de uma fatia minoritária na CPFL Energia (CPFE3, R$ 14,90, -1,00%). As ações também podem reagir positivamente à entrada de um novo sócio.
Oi (OIBR4, R$ 3,39, +3,99%)
As ações da Oi deram continuidade à forte alta da véspera, quando subiram mais de 8%. A Oi comunicou que vai converter 66,84% de suas ações preferenciais em ordinárias. A companhia estima que em 9 de outubro os papéis preferenciais existentes na carteira de conversão serão convertidos em ordinários nas contas de custódia dos acionistas solicitantes mantidas na BM&FBovespa ou no Banco do Brasil; e a partir de 13 de outubro as ordinárias resultantes da conversão poderão ser negociadas na BM&FBovespa.
Segundo o Itaú BBA, é mais um acontecimento no plano da Oi para melhorar a governança corporativa. “A conversão de ações transfere liquidez às ações ON, que implica uma melhor governança e traz a Oi para mais perto de atender a regra ‘uma ação, um voto’ exigida pelo Novo Mercado”, disseram os analistas.
Totvs e Bematech
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou sem restrições a compra da Bematech (BEMA3, R$ 10,40, +2,87%) pela maior companhia brasileira de software corporativo, a Totvs (TOTS3, R$ 30,89, -1,66%), segundo parecer publicado nesta terça-feira. A operação foi anunciada em 14 de agosto, em uma transação em dinheiro e ações que embutiu ágio de cerca de 60% sobre o valor dos papéis da Bematech na bolsa no encerramento da semana do anúncio.
O Cade concluiu que a operação “não levanta maiores preocupações em termos concorrenciais no Brasil”, uma vez que a participação de mercado resultante da combinação das atividades de Totvs e Bematech, tanto no mercado nacional de softwares de e-commerce como no de inteligência de mercado, é inferior a 20%.
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