Petrobras reverte prejuízo e registra lucro líquido de R$ 42,855 bilhões no 2º trimestre de 2021, bem acima do esperado

A média das projeções dos analistas apontava para um lucro líquido de R$ 30,67 bilhões, segundo dados compilados pela Refinitiv.

Rodrigo Tolotti Lara Rizério

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3; PETR4) registrou lucro líquido de R$ 42,855 bilhões no segundo trimestre de 2021, revertendo o prejuízo de R$ 2,71 bilhões registrado no mesmo período do ano passado. Com relação aos primeiros três meses deste ano, quando o lucro líquido foi de R$ 1,167 bilhão, a alta foi de 3.572,2%.

A companhia aponta que o número refletiu maiores margens de derivados, maiores volumes de vendas de óleo e derivados no mercado interno e de exportações, ganhos cambiais devido à valorização do real frente ao dólar e ganhos de participações em investimentos, principalmente devido à reversão de impairment da BR Distribuidora (BRDT3), refletindo a precificação da oferta pública de ações.

O número foi bem acima do esperado pelo mercado. A média das projeções dos analistas apontava para um lucro líquido de R$ 30,67 bilhões, segundo dados compilados pela Refinitiv.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ficou em R$ 61,93 bilhões, o que representa avanço de 147,9% na comparação anual. Na comparação trimestral, a alta foi de 26,5%. O número também ficou acima da projeção Refinitiv, que era de R$ 54,7 bilhões.

Segundo a companhia, o número reflete: (a) a valorização dos preços do Brent, (b) as maiores margens de derivados, (c) aumento do volume de vendas no mercado interno e das exportações e (d) ganho complementar com a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS.

O Ebitda ajustado recorrente, por sua vez, atingiu R$ 60,033 bilhões, em alta de 239,1% na base anual e de 25,7% na comparação com o primeiro trimestre deste ano.

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A receita líquida no segundo trimestre de 2021 somou R$ 110,7 bilhões. O número foi 117,5% superior na comparação anual e 28,5% acima na comparação com os primeiros três meses de 2021.

O resultado ocorre principalmente devido à valorização de 13% nos preços do brent e ao aumento do volume de vendas de derivados no mercado interno e das exportações.

No segundo trimestre de 2021, a receita com exportações foi de R$ 33,6 bilhões, 47,2% superior ao primeiro trimestre, refletindo o aumento nos preços do brent e o maior volume exportado, fruto da maior realização de estoques em andamento do primeiro trimestre de 2021 e da menor carga processada nas refinarias devido às paradas programadas para o trimestre.

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A receita de derivados no mercado interno atingiu R$ 63,8 bilhões, aumento de 22,6% na comparação trimestral, refletindo os maiores preços praticados e o crescimento de 5,5% do volume de vendas, principalmente de diesel e gasolina.

A receita com gás natural foi de R$ 7,0 bilhão (23,4% superior na base trimestral) devido à maior demanda do mercado não
termelétrico e à atualização trimestral dos contratos de venda. “Em termos da composição da receita no mercado interno, o diesel e a gasolina continuaram sendo os principais produtos, respondendo juntos por 73% da receita nacional de vendas de derivados de petróleo no segundo trimestre de 2021”, apontou a companhia.

No período, o custo dos produtos vendidos aumentou 27,4% quando comparado ao primeiro trimestre de 2021, devido principalmente ao maior volume de vendas e à maior participação do óleo e derivados importados no mix de vendas. Além disso, a valorização dos preços do Brent contribuiu para os maiores gastos com participações governamentais e importações.

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As despesas com vendas foram 10,5% superiores ao primeiro trimestre, devido ao aumento dos gastos logísticos atrelados às exportações, em razão dos maiores volumes exportados, com destaque para o petróleo.

As despesas gerais e administrativas diminuíram 8,4% devido à maior recuperação de gastos junto aos parceiros e
menores gastos com serviços de terceiros. As outras despesas operacionais atingiram R$ 478 milhões no segundo trimestre, 68,8% menor que nos primeiros três meses de 2021, devido ao ganho complementar com a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS de R$ 2,5 bilhões e maior resultado com operações de parcerias de exploração e produção, compensado parcialmente por perdas com contingências.

O resultado financeiro do segundo trimestre foi positivo em R$ 10,8 bilhões comparado à despesa de R$ 30,7 bilhões do primeiro trimestre de 2021. Este resultado reflete os ganhos cambiais, sem efeito caixa, relacionados à valorização do real de 12,2% em relação ao dólar e a atualização monetária referente ao ganho complementar da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS.

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No trimestre, a gestão dos passivos resultou em maior despesa com ágio de recompra de R$ 2,5 bilhão e custo de transação
de R$ 1,3 bilhão refletindo à melhora do nosso risco de crédito e maior volume de recompra, afirmou a companhia.

“Encerramos o segundo trimestre de 2021 com uma exposição cambial de R$ 167,8 bilhões comparado a R$ 198,6 bilhões no primeiro trimestre, destacando-se a menor exposição passiva em dólar”, apontou a estatal.

Investimentos e endividamento

No trimestre, os investimentos totalizaram US$ 2,4 bilhões, 23,6% acima na base anual.

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Os investimentos no segmento de Exploração e Produção totalizaram US$ 1,9 bilhão, sendo aproximadamente
60% em crescimento. Os investimentos concentraram-se principalmente: (i) no desenvolvimento da produção em águas
ultra-profundas do pólo pré-sal da Bacia de Santos (US$ 0,9 bilhão); (ii) investimentos exploratórios no pré e pós-sal
(US$ 0,2 bilhão) e (iii) desenvolvimento de novos projetos em águas profundas (US$ 0,1 bilhão).

No segmento de Refino, Transporte e Comercialização os investimentos totalizaram US$ 254 milhões no trimestre, sendo
aproximadamente 27% investimentos em crescimento. Já no segmento Gás e Energia os investimentos totalizaram US$
94 milhões no 2T21, sendo aproximadamente 58% investimentos em crescimento.

Os recursos gerados pelas atividades operacionais foram 41% superiores ao primeiro trimestre de 2021, alcançado R$ 56,6 bilhões. O fluxo de caixa livre foi de R$ 48,6 bilhões.

Este nível de geração de caixa, juntamente com a entrada de recursos dos desinvestimentos de R$ 1,7 bilhão e caixa e
equivalentes de caixa, foram utilizados: (a) para pagar dívidas antecipadamente e amortizar o principal e juros devidos
no período (R$ 55,7 bilhões) e (b) para amortizar passivos de arrendamento (R$ 7,5 bilhões), reduzindo a dívida bruta para R$ 318,6 bilhões (US$ 63,7 bilhões); e (c) para realizar investimentos de R$ 7,9 bilhões.

“Não obstante o foco em reduzir o endividamento, o elevado nível de geração de caixa permitiu à companhia aprovar a antecipação do pagamento de remuneração ao acionista referente ao exercício de 2021 no montante de R$ 31,6 bilhões (US$ 6 bilhões)”, destacou.

A estatal informou que, no trimestre, liquidou diversos empréstimos e financiamentos, no valor de R$ 55,7 bilhões, destacando-se: (a) o pré-pagamento de R$ 14 bilhões de empréstimos no mercado bancário nacional e internacional; (b) a recompra de R$ 29 bilhões de títulos no mercado de capitais internacional, com o pagamento de ágio no valor de R$ 3,5 bilhões; e (c) pré-pagamento total das linhas com agências de crédito à exportação, no montante de R$ 1,8 bilhão.

A companhia emitiu R$ 7,3 bilhões em títulos no mercado de capitais internacional, com prazo de vencimento em 2051
e conseguiu a menor taxa de retorno (yield) de uma emissão na história da Petrobras para um título de 30 anos, apontou.

“A geração de caixa e contínua gestão da dívida têm permitido a redução da dívida bruta, que alcançou US$ 64 bilhões
em 30 de junho de 2021, 10,3% inferior a 31 de março de 2021 e abaixo da meta estabelecida para o ano de 2021,
principalmente em função de pré-pagamento de dívidas”, destacou.

A relação entre dívida Bruta e o Ebitda ajustado diminuiu de 2,47 vezes em 31 de março de 2021 para 1,78 vez em 30 de junho de 2021.

A dívida líquida reduziu 8,8%, atingindo US$ 53,3 bilhões. A relação entre dívida líquida e o Ebitda ajustado diminuiu de 2,03 vezes em 31 de março de 2021 para 1,49 vez  em 30 de junho de 2021, a melhor marca registrada desde o terceiro trimestre de 2011, quando os arrendamentos ainda não faziam parte do endividamento, apontou a empresa.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.