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O novo plano de negócios de 5 anos da Petrobras (PETR4) não foi uma surpresa para os investidores, já que a maioria das mudanças (como a curva de capex, ou investimentos, mais estável, o novo teto mais alto para a dívida bruta, a posição mínima de caixa reduzida e a revisão para cima da projeção de produção para 2025) já eram amplamente esperadas pelo mercado – além de, claro, a grande expectativa para os dividendos.
No entanto, o principal destaque da teleconferência, na avaliação do Bradesco BBI, foi a decisão da estatal de retornar ao negócio de etanol. Com isso, o mercado agora especula sobre qual parceiro a empresa poderá escolher.
A Petrobras aprovou US$ 2,2 bilhões em investimentos para o segmento de etanol em seu plano de cinco anos e planeja alcançar uma capacidade anual de produção de 2 bilhões de litros. Nesse contexto, o BBI destaca uma lista de possíveis players do setor que poderiam ser alvos de parceria pela Petrobras: Raízen (RAIZ4), Inpasa, FS, Atvos, BP e São Martinho (SMTO3).
No caso da São Martinho, segundo o BBI, a empresa opera um polo de produção de etanol no estado de Goiás, que anteriormente fazia parte de uma joint venture com a Petrobrás Biocombustíveis, mas sua capacidade estimada de produção de etanol de aproximadamente 620 milhões de litros pode ser relativamente pequena para o que a Petrobras pretende alcançar.
“Obviamente, existem diversas variáveis que podem afetar a avaliação do ativo com o qual a Petrobras está considerando fazer parceria, como se ele se concentra na produção de milho ou cana-de-açúcar, se inclui ativos produtores de açúcar e se será proprietária de parte de sua área cultivável. Mas, se servir de referência, atualmente vemos as ações da São Martinho negociando a um EV (valor da firma) de US$ 1,04 por litro de produção equivalente de etanol”, explica o BBI, em relatório.
Sob a ótica qualitativa, o interesse da Petrobras sugere que o etanol continuará ganhando relevância no ciclo termodinâmico, que representa o funcionamento de motores de combustão, transmitindo uma mensagem subjacente positiva sobre o potencial de longo prazo do etanol no país.
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Em relação à potencial parceria no mercado de etanol, o BBI ressalta buscar compreender melhor os retornos prospectivos para avaliar os possíveis impactos para a Petrobras. O banco tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 48 para os ativos PETR4.
O Goldman Sachs, por sua vez, lembra que a Petrobras enfatizou que a nova diretriz de capex é realista e viável do ponto de vista de execução, ao mesmo tempo em que apontou que não planeja manter caixa significativamente acima do novo nível mínimo de referência.
Sobre a potencial parceria no mercado de etanol, analistas do Goldman Sachs afirmaram que irão analisar mais detalhadamente os retornos prospectivos para avaliar os possíveis impactos para a Petrobras.
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O Goldman Sachs reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 43,40 por ação preferencial.
Já o BTG Pactual avalia que o sentimento geral é de alívio após discussão sobre o plano estratégico da estatal.
De acordo com o BTG, o desempenho das ações na última sexta-feira (alta de 4%) refletiu o efeito da redução da percepção de risco de uma curva de investimentos que não compromete a capacidade da estatal de sustentar pagamentos robustos de dividendos no futuro. Isso, aliado ao anúncio de dividendos extraordinários de US$ 3,4 bilhões, ou R$ 20 bilhões (com rendimento, ou yield, de 4%), foi a cereja do bolo para uma empresa que havia declarado mais de US$ 15 bilhões no acumulado do ano.
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Além do processo de redução de risco, com a ação negociando com um desconto de 20% no múltiplo Valor da Firma (EV)/Ebitda e oferecendo um prêmio de 4 pontos percentuais no yield total para acionistas (dividendos + recompras), o BTG acredita que ainda há espaço para uma boa performance da ação. Com isso, o banco manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 52.
O UBS BB reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 51 para a Petrobras, com um atrativo rendimento de dividendos de 16% para 2025, enquanto a empresa está no caminho para aumentar sua produção em quase 300 mil barris de petróleo por dia (alta de 14%) nos próximos 24 meses em relação ao 3T24. O Plano de Negócios 2025-29 foi um gatilho para reforçar a visão positiva do banco, pois cria uma ponte para que os investidores sigam com a ação.
A equipe de research do UBS BB disse que sua preocupação anterior era que 2025 seria um ano desafiador, com crescimento limitado da produção e menor potencial de dividendos até que se recuperasse a um nível mais alto em 2026. No entanto, o Plano de Negócios trouxe capex mais baixo para 2025 e antecipou alguns volumes que eram esperados apenas para 2026, além de desbloquear um potencial extraordinário de dividendos.
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O UBS BB também afirma estar mais confiante no alinhamento de que o governo espera que os dividendos da Petrobras contribuam de maneira mais significativa para o equilíbrio fiscal, e, portanto, a empresa pode maximizar os dividendos quando possível, com a estatal contribuindo com mais de R$ 30 bilhões em dividendos para o governo por ano (incluindo a participação do BNDES).
Segundo cálculos do UBS BB, a Petrobras poderia distribuir até 20% de rendimento no próximo ano, embora o banco não considere isso sustentável e espere que a empresa mantenha o ritmo de 16%.