Petrobras: preocupação com preços dos combustíveis foi exagerada? BBA avalia que sim

Banco comenta que contexto da exposição da Petrobras aos mercados internacionais mudou significativamente nos últimos anos

Felipe Moreira

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Muitos investidores ainda carregam antigos receios de uma época (cerca de uma década atrás) em que a prática de definição de preços domésticos de combustíveis, desvinculada da referência de paridade de importação, impactou significativamente os resultados da Petrobras (PETR4). Assim, as manchetes sobre defasagem dos preços de combustíveis em relação ao mercado internacional acabam por gerar temor para os acionistas da estatal.

Porém, o Itaú BBA vê um excesso de preocupação com relação a esse tema. Os analistas apontam que não é a política da empresa há quase dois anos comparar os preços domésticos da Petrobras apenas com a paridade de importação. Além disso, na avaliação do banco, ao longo da última década, o contexto da exposição da Petrobras aos mercados internacionais mudou significativamente, levando o banco a acreditar que talvez “tenhamos nos preocupado excessivamente com os preços domésticos dos combustíveis”.

O BBA disse que recebeu positivamente a decisão da empresa anunciada em 31 de janeiro de ajustar os preços do diesel e acredita que isso reforçou a autonomia da Petrobras nesse tema. No entanto, o BBA acredita que a abordagem usual e simplista de associar um descompasso entre os preços domésticos de diesel e gasolina à paridade de importação como um alerta para a governança da empresa deve ser reconsiderada.

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Nesse contexto, analistas citam oito pontos cruciais a serem considerados ao avaliar o impacto do posicionamento da Petrobras em relação aos preços domésticos na tese de investimento.

1- O banco avalia que diferentemente de dez anos atrás, a estatal agora tem uma exposição positiva aos preços do petróleo, como toda empresa do setor deveria ter.

2- Como uma companhia integrada, a Petrobras toma decisões buscando a melhor solução para a empresa como um todo, e não para operações isoladas.

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3- A proteção natural entre as operações de upstream (exploração e produção) e downstream (refino) ajuda a mitigar riscos associados à volatilidade dos preços do petróleo.

4- O banco recomenda não se concentrar apenas nas manchetes, pois considerar apenas o desconto em relação à paridade de importação é insuficiente.

5- Não importa se os preços não mudam ao longo de um ano, desde que sigam a política adotada.

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6- “Talvez também tenhamos nos preocupado demais com o risco de desabastecimento: os dados mostram que não houve interrupções nas importações totais de diesel durante períodos de descompasso de preços”, comenta.

7- Se houver uma necessidade clara de ajuste, a Petrobras o fará, dizem os analistas. O banco comenta que embora frequentemente surjam preocupações em relação à política de preços da estatal sempre que os preços internacionais ou a taxa de câmbio apresentam alta volatilidade, é importante reconhecer que a empresa tem realizado os ajustes necessários sempre que houve uma indicação clara para tais mudanças nos últimos anos.

8- Os diretores da Petrobras devem cumprir as políticas e regulamentos dentro do arcabouço de governança da companhia, que orienta a correta execução da política de preços. De acordo com as diretrizes da Petrobras para a precificação de combustíveis no mercado doméstico, a Diretoria Executiva deve buscar maximizar a geração de valor para a companhia, sempre praticando preços competitivos.

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O Itaú manteve recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 49.