Petrobras (PETR4): UBS faz duplo rebaixamento, recomenda venda e corta preço-alvo em 53%; ação chega a cair 5%, mas ameniza

Banco reduz recomendação com base em visão sobre preços dos combustíveis, investimentos e despesas gerais

Lara Rizério

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Seguindo o maior ceticismo do mercado com relação à Petrobras (PETR3;PETR4), os analistas do UBS BB fizeram um duplo rebaixamento para as ações PN da companhia, de compra para venda, em relatório chamado “a fênix de volta para o seu ninho”.

Os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos também cortaram o preço-alvo para os ativos em 53%, passando de R$ 47 para R$ 22, tendo em vista a visão de uma mudança próxima na direção da empresa. Este preço-alvo, levando em conta o ajuste de dividendos (ação ficou ex-dividendo nesta terça-feira, 22), corresponde a uma queda de 6,5% frente o último fechamento.

As ações da companhia registraram uma sessão de queda durante toda esta terça, também com os investidores saindo do ativo após ser negociado ex-direito ao provento, mas fecharam longe das mínimas do dia. Na mínima, os ativos PETR3 caíram 5,51% e os PETR4 tiveram baixa de 5,19%. Porém, os ativos PETR3 fecharam em leve alta de 0,15%, a R$ 27,06, enquanto os ativos PETR4 caíram 0,81%, a R$ 23,33.

Vale ressaltar que o dia foi positivo para o petróleo, com o brent para janeiro fechando em alta de 0,84%, a US$ 88,36 o barril. A Arábia Saudita, principal exportadora, disse que a Opep+ estava mantendo os cortes na produção e poderia tomar novas medidas para equilibrar o mercado, após rumores da véspera sobre um possível aumento de produção.

A equipe de análise do UBS BB lembra ter iniciado a cobertura para a ação da Petrobras com um tom positivo em 2016, mantendo uma visão favorável durante a maior parte desse período, com base em uma tese de três etapas: 1) uma mudança de dívida com operações melhoradas e desinvestimentos (com a dívida bruta caindo de mais de US$ 120 bilhões para US$ 54 bilhões); 2) pagamentos de dividendos significativos (mais de US$ 47 bilhões desde o início de 2021); e 3) uma reavaliação potencialmente positiva de seus múltiplos. “Seis anos se passaram e agora acreditamos que essas fases estão em um caminho de reversão”, com os próximos anos parecendo mais sombrios, avaliam os analistas.

Três pontos transformacionais estão levando o banco a reduzir a recomendação: preços dos combustíveis, investimentos e despesas gerais. “Nada disso está claro por enquanto; no entanto, os comentários da equipe de transição [do novo governo, de Luiz Inácio Lula da Silva] fornecem alguns insights e, olhando para o passado da Petrobras, nos tornamos substancialmente mais cautelosos”, destacam Carvalho,  Enfeldt e Vasconcellos.

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Sobre os preços dos combustíveis, não há definição da nova política de preços da empresa, e os analistas projetam compressão da margem de refino. Também acham que um risco importante está em investimentos mais altos. “Investimentos mais altos e um impulso para a diversificação em energias renováveis ​​e transição energética exigiriam que a Petrobras se tornasse ‘maior’ e essa sobrecarga torna-se uma preocupação”, avalia.

Além disso, isso significaria dividendos menores para os acionistas, com os analistas modelando que a Petrobras pode pagar um payout (dividendo em relação ao lucro) de 25%, o mínimo estabelecido por lei.

O novo preço-alvo é formado principalmente pelo impacto negativo de R$ 10 com a visão de compressão da margem de refino, além de um impacto negativo de R$ 6 de aumento de custos (podendo retornar a níveis vistos antes de 2019), além de R$ 6 negativos com a visão mais negativa sobre exploração e produção, com economia mais fraca proveniente de uma maior participação de PSA na produção.

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Cabe ressaltar que, além do UBS BB, o Itaú BBA também reforçou visão cautelosa para a Petrobras, mas mantém recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) com preço-alvo de R$ 38 para PETR4.

“Acreditamos que uma possível mudança na política de preços da empresa pode resultar em impactos materiais (especialmente se uma proposta de política de preços baseada no custo de produção avançar). Considerando a falta de clareza quanto ao futuro da política de preços da empresa, acreditamos que isso é um grande risco para a história de investimento da Petrobras. Reiteramos nossa recomendação de marketperform para a ação, enquanto aguardamos mais clareza sobre o futuro da empresa, especialmente no que diz respeito as diretrizes para política de preços e alocação de capital”, aponta.

O Bradesco BBI mencionou em breve nota que as ações da companhia negociam ex-dividendo hoje. Os dividendos totais anunciados somaram R$ 3,35 por ativo, significando que o reajuste das ações deveria ser de 11% para as ações ON e 12,51% para as ações PN.

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Para os analistas, é improvável que os investidores reinvestam a maior parte dos dividendos recebidos, devido aos riscos percebidos mais altos para o case de investimento nos próximos 12 meses.

A visão vai em linha com a análise de outros especialistas consultados pelo InfoMoney , que não aconselham reinvestir os valores em novas ações da Petrobras.

Flávio Conde, da Levante, aconselha ao investidor aplicar os dividendos recebidos da Petrobras na Eletrobras (ELET6) para reduzir o risco estatal da carteira e também a exposição ao preço do petróleo.

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Na VG Research, a orientação aos clientes também é de reinvestir os dividendos em outras empresas. Segundo Luan Alves, há opções melhores e que não tenham ultrapassado o preço-teto de segurança.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.