Petrobras: rumor de corte de preços de combustível abala ação, mas seria sem sentido?

Analistas apontam que baixa de preços não seria injustificada dada a paridade de preços internacionais

Equipe InfoMoney

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As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) tiveram queda expressiva na última quarta-feira (18), fechando com baixa de 1,73% para as ON e de 2,4% para PN. O movimento ocorreu em meio à fraqueza dos preços do petróleo no exterior, mas também com os agentes financeiros começando a mensurar os riscos de a estatal anunciar um corte nos preços dos combustíveis.

Na véspera, o Broadcast informou que a Petrobras estaria considerando reduzir os preços da gasolina e do diesel para refletir a recente queda nos mercados internacionais, impulsionada por preocupações econômicas globais que fizeram com que os preços do petróleo e dos derivados caíssem drasticamente. A publicação sugeriu que os cortes potenciais seriam de cerca de 6% para a gasolina e 8% para o diesel.

Com isso, os papéis registraram queda na quarta-feira, em uma sessão já movimentada por conta das expectativas pelo Copom e Fomc.

Na tarde de ontem, antes mesmo do fechamento, a Petrobras informou que as informações sobre redução nos preços dos combustíveis não procediam, esclarecendo que ajustes nos preços são parte de suas operações regulares e ocorrem conforme necessário. Segundo a companhia, quando há mudanças nos preços, a atualização da tabela de preços é comunicada de imediato aos clientes através dos canais oficiais. A Petrobras afirmou que não há uma decisão sobre redução de preços.

Apesar da queda das ações na véspera em meio às notícias de corte de combustíveis, analistas de mercado apontam que um corte dos preços não seria injustificado.

A Genial Investimentos ressalta, citando o seu rastreador semanal de preços, que a gasolina e o diesel estariam operando com prêmios de 3-9%, respectivamente. Sendo assim, cortes na magnitude rumorada estão dentro do limite do razoável e não deveriam ser alvo de grande polêmica – desde que fiquem dentro desses patamares.

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“Sendo assim, caso esses cortes se materializem, nossa leitura é neutra para as ações da Petrobras”, avalia a casa de research. A casa tem recomendação de manutenção para os ativos PETR4, com preço-alvo de R$ 47.


Também na visão do BTG Pactual uma redução dos preços de combustíveis não seria injustificado. “De fato, os preços da Petrobras têm estado acima da paridade de importação (IPP) nas últimas três semanas, com base em nossas estimativas”, avalia o banco, ressaltando que, na sua última avaliação, os preços da gasolina e do diesel estão atualmente 1% e 8% acima da IPP.

Os analistas lembram também que a melhor maneira de avaliar a estratégia comercial da Petrobras é olhar a faixa de preço entre o IPP (o custo alternativo para os consumidores) e o EPP (paridade de exportação, que também é um indicador do custo de oportunidade da Petrobras).

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Observando a média móvel dos últimos 12 meses, a empresa tem operado consistentemente dentro dessa faixa, tanto para a gasolina quanto para o diesel. “Portanto, embora se possa argumentar que há espaço para melhorias na estratégia comercial da Petrobras, não acreditamos que a política de preços tenha resultado em perdas financeiras (talvez algumas oportunidades perdidas) e tem sido eficaz para atingir o objetivo mais amplo de reduzir a volatilidade dos preços no país”, avaliam os analistas do banco.

Distribuidoras

O BTG também aponta que uma das principais conclusões quando a Petrobras ajusta os preços é sempre o impacto sobre os distribuidores de combustível sob sua cobertura, ou seja, a Vibra (VBBR3), a Ipiranga da Ultrapar (UGPA3) e a Raízen (RAIZ4).

Embora um corte de preços possa levar a algumas perdas de estoque no curto prazo, acreditamos que isso reforça nossa visão de que os distribuidores menores enfrentam desafios crescentes de originação.

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Nesse cenário competitivo, em que as janelas de importação estão abrindo e fechando com frequência e a visibilidade do ajuste de preços é baixa, torna-se difícil para os players menores, com menos experiência em negociação e preços, executar uma estratégia comercial eficaz.

Enquanto essa dinâmica persistir, a proposta de valor das empresas incumbentes para seus revendedores aumentará, permitindo que elas mantenham as margens em níveis mais altos. A questão continua sendo se os três principais players se estabilizarão (ou recuperarão a participação de mercado) após 12 meses desafiadores, o que o banco vê como provável. O BTG tem recomendação de compra para Petrobras, e a VBBR3 continua sendo sua Top Pick (preferida) no setor de distribuição de combustíveis.