Qual o impacto das eleições para as ações da Petrobras? Para UBS BB, efeito pode ser bem menor do que se imagina

Preocupação do investidor é grande mas, ao realizarem estudo com base nas últimas eleições, analistas não veem correlação clara entre desempenho e o pleito

Lara Rizério

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – Há relação entre eleições e o desempenho das ações da Petrobras (PETR3;PETR4)? Em meio a algumas casas de análise destacando o risco eleitoral como um fator para ficar distanciado dos ativos da companhia, o UBS BB destacou em relatório que não há uma correlação clara entre o desempenho dos ativos e a eleição, que poderia por si só representar um problema para a ação à medida que o próximo ano se aproxima.

O banco cita que boa parte das conversas que teve com investidores nas duas últimas semanas sobre a companhia teve, em algum momento, menção ao pleito do ano que vem, sendo essa uma das maiores preocupações dos investidores para o desempenho da ação no período e no início de 2023.

A volatilidade nos períodos muito próximos à eleição pode aumentar mas, olhando de uma forma mais ampla, o impacto pode ser bem menor do que a princípio possa parecer, avalia estudo do banco.

Para os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos, a princípio, parece ser consenso que as eleições no Brasil impactam as ações e há razões pelas quais isso seria o caso, incluindo possíveis mudanças nas condições macro e no acionista controlador da empresa, gestão e estratégia.

Dito isso, os analistas fizeram um estudo sobre o desempenho dos ativos em períodos eleitorais, cerca de 180 dias pré e  pós-eleição, e concluíram que, ao olhar para um período de tempo mais amplo, não há uma correlação clara. “Ainda assim, notamos que o pesado fluxo de notícias pode apresentar alguns desafios para a empresa em períodos específicos”, avaliam.

Os analistas apontam reconhecer que existem questões para a companhia; contudo, veem a relação entre risco e retorno como atrativa.

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Isso porque as ações estão sendo negociadas a um múltiplo de EV/Ebitda (valor da firma sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) historicamente baixo e com um dividend yield (dividendo sobre valor da ação) de potenciais 25% para 2021 e para 2022.

“Temos sinalizado continuamente que não esperamos nenhuma interferência na política de preços da Petrobras e vemos a empresa gerando resultados sólidos como foi destacado no resultado do terceiro trimestre de 2021, particularmente porque brent e câmbio continuam apoiando o case”, apontam os analistas.

O UBS tem recomendação de compra para os ativos PETR3 e PETR4 com preço-alvo de R$ 31 (potencial de valorização respectivo de 10% e 14%) e de US$ 12,40 para os ADRs (recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) para os ativos PBR e PBR/A.

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Os analistas trataram os dados de desempenho de ações dos pares (Chevron, Eni, Equinor, Galp, Shell e Exxon Mobil) e do petróleo brent, de forma a buscar outros padrões de descolamento da petroleira em relação às outras companhias do setor.

Nos quatro pleitos antes de 2014, não houve indicativo de causa e efeito, ainda que nos 50 dias que antecederam a votação a volatilidade dos papéis tenha subido na comparação setorial. Em 2014, “a correlação é quebrada entre os dois turnos eleitorais, mas, fora isso, a tendência da companhia e dos pares está alinhada”, apontou a equipe de análise.

Em 2018, por sua vez, houve um forte descolamento da performance antes das eleições mas, de acordo com os analistas, parece ser motivado por outros fatores que não as eleições.

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“Vale a pena notar que a eleição de 2018 já foi uma eleição muito mais polarizada, um cenário que poderia ser repetido em 2022. À primeira vista, pode-se dizer que o desempenho da Petrobras em 2018 foi desvinculado de pares. Isso é verdade, mas argumentamos que o processo não se deve à eleição em si. No final de maio, o país passou por uma significativa greve de caminhoneiros e a Petrobras anunciou um congelamento de preços, além de ver seu CEO se demitindo”, apontam os analistas.

Além disso, ao fazer uma análise para as quatro eleições consolidadas anteriores a 2014 (2010, 2006, 2002, 1998), os analistas apontaram ainda estar claro que a Petrobras historicamente tendeu para baixo antes do dia das eleições e recuperou após as eleições. “Contudo, a Petrobras não se deslocou claramente de seus pares na maior parte do período”, avaliam.

Dito isso, nas quatro eleições antes de 2014, no curtíssimo prazo, antes do dia das eleições (cerca de 50 dias), a Petrobras se descolou dos pares e os preços do brent, sugerindo alguma preocupação maior do mercado conforme o dia das eleições se aproxima, mas logo se recupera para voltar à tendência de menor descolamento no dia pós-eleitoral.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.