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A Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou nesta sexta-feira (17) que aplicará reajustes nos seus preços de venda dos combustíveis para as distribuidoras, após quase cem dias de congelamento dos valores da gasolina nas refinarias e de quase 40 dias do diesel. Os aumentos valem a partir deste sábado (18).
No caso da gasolina, o reajuste foi de 5,18%, enquanto para o diesel atingiu 14,26%. A estatal manteve os preços do GLP (gás de cozinha). Em nota, a Petrobras reiterou seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado.
Também destacou que tem evitado o repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais do petróleo e da taxa de câmbio.
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No fechamento, as ações da petroleira desabaram: os papéis ONs recuaram 7,25%, cotados a R$ 29,93; e os PNs caíam 6,09%, a R$ 27,31.
Mesmo com o reajuste, as ações da companhia sofrem uma tempestade perfeita, acompanhando as perdas do Ibovespa, de menos 2,91%, que se ajustou à desvalorização das ADRs da véspera, quando a B3 esteve fechada, em meio ao cenário de alta dos juros.
Além disso, analistas apontam que o reajuste de hoje não compensa totalmente a defasagem entre os preços praticados no exterior e no território nacional, e pode desencadear ameaças de intervenção na empresa e a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Conselho de Administração da estatal petrolífera.
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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), elevou ainda mais o tom das críticas à empresa, ameaçando elevar a taxação sobre o lucro da empresa.
No mais, as cotações do petróleo no mercado internacional recuaram, com o barril do tipo Brent, referência para a Petrobras, caindo 5,28%, para US$ 113,48.
A autorização para o reajuste foi referendada ontem pelo Conselho de Administração da petroleira.
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Petrobras reajusta diesel e gasolina
Com os reajustes anunciados hoje, após 99 dias, o preço médio de venda de gasolina da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. O último ajuste ocorreu em 11 de março.
“Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,81, em média, para R$ 2,96 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,15 por litro”, afirmou a petroleira, em comunicado.
Para o diesel, após 39 dias, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro. O último ajuste ocorreu em 10/05.
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O impacto do reajuste no preço do diesel é mais relevante. A parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 4,42, em média, para R$ 5,05 a cada litro vendido na bomba, resultando em uma variação de R$ 0,63 por litro.
Dados da Associação Brasileira dos Importadores e Combustíveis (Abicom) mostravam que há defasagem média de -21% no óleo diesel e de -13% para a gasolina, no relatório desta sexta-feira, que não contemplava o anúncio de hoje da Petrobras.
Preço final
Ainda no comunicado, a Petrobras reforça que os preços de venda da estatal para as distribuidoras, tendo como referência os preços de mercado, são apenas uma parcela dos preços que chegam ao consumidor final.
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“Para formação do preço na bomba ainda são adicionadas parcelas da mistura obrigatória de etanol anidro e biodiesel à gasolina A e ao diesel A produzidos nas refinarias, custos e margens de distribuição e revenda, e tributos federais e estaduais. No caso do diesel, atualmente, a tributação limita-se ao ICMS, imposto estadual, uma vez que os tributos federais PIS/Pasep e Cofins tiveram suas alíquotas zeradas a partir de 11/03 até 31/12/2022”, afirmou a petroleira.
Reações
Na iminência do aumento do preço dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) afirmou, nas redes sociais, hoje mais cedo, que a medida poderia “mergulhar o Brasil num caos“. O Presidente relembrou ainda o impacto da greve dos caminhoneiros em 2018 e as consequências para a economia e a população dos reajuste.
– A Petrobrás pode mergulhar o Brasil num caos. Seus presidente, diretores e conselheiros bem sabem do que aconteceu com a greve dos caminhoneiros em 2018, e as consequências nefastas para a economia do Brasil e a vida do nosso povo.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) June 17, 2022
Após a confirmação do reajuste, Bolsonaro classificou, em entrevista ao Meio Dia RN, o novo reajuste como uma “traição”, acrescentando que discute com Lira a criação de uma CPI.
“Conversei agora há pouco com o Arthur Lira, a ideia nossa é propor uma CPI para investigar presidente da Petrobras, seus diretores e conselho”, disse. “Queremos saber se há algo errado nessa conduta deles”, completou.
Também após o anúncio, o presidente da Câmara reagiu pelo Twitter, afirmando que o presidente da Petrobras tem que renunciar “imediatamente”.
“Não por vontade pessoal minha, mas porque não representa o acionista majoritário da empresa – o Brasil – e, pior, trabalha sistematicamente contra o povo brasileiro na pior crise do país.”
Ele só representa a si mesmo e o que faz deixará um legado de destruição para a empresa, para o país e para o povo. Saia!!! Pois sua gestão é um ato de terrorismo corporativo.
— Arthur Lira (@ArthurLira_) June 17, 2022
Já em entrevista à GloboNews, Lira afirmou que reunirá o colégio de líderes para discutir a política de preços da Petrobras e tentar reverter o lucro da estatal para a população.
Segundo ele, há “toda possibilidade” de uma eventual taxação de lucros da Petrobras, ressaltando que medida similar está para ser implementada nos EUA.
Lira acrescentou que a nova alta é uma retaliação do presidente da Petrobras, Mauro Coelho, pela sua demissão. Coelho foi demitido no mês passado e será substituído por Caio Mario Paes de Andrade, indicado para o posto.
“Ele (Coelho) já poderia ter entregue seu cargo. Está postergando sua saída como forma de talvez massacrar, pela sua demissão”, disse Lira.
O presidente da Câmara afirmou ainda que reunirá o colégio de líderes para discutir a política de preços da Petrobras e tentar reverter o lucro da estatal para a população.
Mercado
Em análise, o Credit Suisse afirmou que o anúncio é positivo para a empresa, mas ressalvou que “pode aumentar a pressão política”. “A alta reduz o desconto da paridade importação, que agora é de -10% para o diesel (R$ 0,60/litro) e de -14% para a gasolina (-R$ 0,60/litro).
O Morgan Stanley avalia que, após os aumentos, a gasolina ainda terá um “desconto significativo” de 18% em relação à paridade internacional (versus 23% atualmente), enquanto poderá fechar “principalmente a lacuna atual para o diesel”, de aproximadamente 17% para 5% desconto.
“Do ponto de vista dos fundamentos, a alta de hoje (dos preços) foi um movimento positivo, pois a empresa continua investindo em esforços para acompanhar benchmarks internacionais. No entanto, a magnitude do reajuste do preço da gasolina poderia ter sido muito maior, a nosso ver”, acrescentou.
Os analistas destacaram que o reajuste pode aumentar o nível de ruído em torno do debate sobre combustíveis no Brasil, que tem sido central na campanha pré-eleitoral de todos os candidatos.
“Nossa preocupação é que o governo possa intensificar suas tentativas de intervir na política da empresa para mostrar à população o compromisso de combater a inflação antes das eleições”, escreveu.
Falta de sensibilidade
O consultor Adriano Pires, que chegou a ser indicado neste ano para o posto de CEO da petroleira, disse que a Petrobras fez a coisa certa do ponto de vista técnico, “mas está faltando sensibilidade à empresa do ponto de vista político e social por conta do momento que o mundo está passando”.
“Qualquer empresa privada e de economia mista sabe que não tem que levar a gestão a ferro e fogo. Tem que ter sensibilidade política, por que não aumentar depois ou aumenta menos? Falta à Petrobras essa sensibilidade…”, disse Pires, citando o “mega esforço” e a “briga” com governadores para reduzir o ICMS.
“Aí vem a Petrobras numa canetada e estraga a festa!?”, afirmou ele, acrescentando que o governo também deveria ter tomado ações prévias para evitar impactos para os consumidores.
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)
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