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A Petrobras (PETR3;PETR4) deve trazer nesta quinta-feira (11), após o fechamento do mercado, um resultado do primeiro trimestre de 2023 sem grandes surpresas. Uma vez que a companhia já divulgou sua prévia operacional, facilitando o cálculo dos analistas, o destaque fica mais uma vez para os dividendos a serem anunciados.
De acordo com a Refinitiv, a projeção é que a petroleira trará uma receita líquida de R$ 135,4 bilhões, um lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 66,1 bilhões e um lucro líquido de R$ 31,9 bilhões.
A estatal informou, no dia quatro de maio, que fechou o primeiro trimestre do ano com uma produção média comercial de 2,35 milhões de barris diários de óleo ou equivalente (boe, petróleo e gás natural), queda de 4,5% na comparação com um ano atrás. Em relação ao trimestre anterior, houve alta de 1,2%, impulsionada pelo avanço contínuo da plataforma P-71 na área do pré-sal de Santos.
As vendas de combustíveis caíram 5,5% sequencialmente, principalmente devido à menor sazonalidade da demanda e aos impactos da venda da Refinaria Isaac Sabbá (REMAN), em Manaus (AM). As importações de combustíveis (gasolina e diesel) diminuíram na base trimestral, de 173 mil para 109 mil barris por dia, também por conta da sazonalidade.
Além disso, as exportações líquidas de petróleo bruto aumentaram significativamente para de 431 mil barris por dia para 529 mil, devido ao menor consumo de combustível, bem como ao acúmulo de estoque no segmento downstream devido a paradas importantes.
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O preço do petróleo, contudo, recuou na base trimestral. O barril Brent saiu da casa dos US$ 85 no final de dezembro para algo mais próximo dos US$ 70 em março.
O Bradesco BBI destacou que não houve grandes surpresas no resultado operacional e que as tendências do balanço devem ser impulsionadas principalmente pelos cortes no preço do diesel.
Para o resultado, o banco brasileiro estima que a estatal registrará um Ebitda de R$ 65 bilhões (US$ 12,6 bilhões), uma queda de 13% no trimestre devido aos cortes nos preços dos combustíveis. O BBI projeta um lucro líquido de R$ 39 bilhões, ajudado por um impacto não caixa da valorização do real no período.
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O Morgan Stanley foi na mesma linha, falando que a surpresa na prévia ficou apenas com as exportações líquidas.
Mesmo com o volume de vendas de gás natural ficando moderadamente abaixo do seu modelo, a contribuição da maior exportação, para o banco americano, deve proporcionar um aumento no Ebitda do segmento de downstream (refino)
“Aumentamos nossa estimativa de Ebitda em 6%, para US$ 13,5 bilhões. Prevemos um fluxo de caixa livre de US$ 8,5 bilhões após os juros, ou US$ 9,4 bilhões antes dos juros e de acordo com a fórmula da empresa sobre a política de dividendos”, apontou o Morgan Stanley.
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O Credit Suisse aponta que os dados de produção dão um viés positivo para a próxima publicação de resultados.
“O maior destaque ficou para a queda de 190 mil barris por dia de estoques, indicando uma venda maior do que a produção no trimestre, o que geralmente indica resultado forte à frente”, aponta.
O banco suíço prevê um Ebitda de US$ 14,1 bilhões, recuo de 2% no trimestre e 6% no ano), explicado, novamente, por um preço de petróleo mais baixo. Os analistas também projetam uma forte geração de caixa, da ordem de US$ 6,4 bilhões.
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Destaque do balanço da Petrobras fica para dividendos
Com expectativa de números operacionais fortes, mas sem grandes mudanças de tendências, os olhos se voltam para a tão esperada quanto temida mudança na política de dividendos da estatal.
O Credit espera que a Petrobras continuará com sua política de dividendos, que pode se traduzir em pagamentos de US$ 4,3 bilhões. “Estamos com uma visão mais otimista nessa frente de dividendos e uma possível manutenção dos pagamentos”, avaliam.
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Pelo resultado ter sido, já em grande parte, calculado, analistas estão mais atentos ao que a Petrobras trará na frente de proventos.
De acordo com o Itaú BBA, se a empresa decidir manter a política de pagamentos trimestrais vista em seus últimos resultados, isso implicará em um provento de cerca de R$ 2,50 por ação. Isso vai representar um yield (provento em relação ao dividendo) de cerca de 11%, somando US$ 6 bilhões.
Para o Bradesco BBI, o fluxo de caixa será sólido e o mercado precisará voltar a ficar atento aos dividendos. “Com base na política atual, acreditamos que a Petrobras pode anunciar US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões em dividendos. No entanto, será vital saber se a Petrobras anunciará uma nova política de dividendos antes da divulgação de seus resultados em 11 de maio”, apontam os analistas.
Na avaliação do Goldman Sachs, acontecimentos recentes (caso da manutenção integral dos dividendos no quarto trimestre) aumentam a chance da Petrobras anunciar um dividendo em linha com a sua política de pagamento atual (60% do fluxo de caixa menos capex), o que resultaria em um provento de cerca de US$ 4,7 bilhões.
“Debatemos extensivamente o potencial de distribuição de dividendos com investidores nos últimos meses e concluímos que o consenso é uma distribuição de cerca de 40% do lucro líquido. Também ouvimos expectativas mais construtivas, incluindo a possibilidade de manter a política de dividendos existente. Não ouvimos novos comentários da empresa desde que a nova diretoria assumiu e o novo Conselho foi eleito, o que gera muita incerteza sobre o próximo anúncio de dividendos”, pondera o Morgan Stanley.
O JP Morgan, por fim, aguarda US$ 4,1 bilhões em dividendos.
“Os dividendos têm sido um dos fatores mais importantes para os investidores quando se trata da Petrobras”, afirmaram Rodolfo Angele e equipe.
Outro destaque, que pode impactar os proventos, fica também para os investimentos (Capex) que a petroleira realizará. O novo governo vem sinalizando que a companhia investirá mais na transição energética. As especulações de que a Petrobras possa adquirir uma fatia da Braskem (BRKM5) e/ou da Vibra (VBBR3) também seguem rondando os mercados em meio às mudanças do escopo da estatal.
O UBS BB, por conta desses riscos, manteve um tom cauteloso para as ações em relatório divulgado nesta semana.
“Recentemente, vários relatos da mídia detalharam as intenções de membros do governo de que a Petrobras poderia, por meio de fusões e aquisições, aumentar a presença do governo em setores-chave, incluindo Distribuição de Combustíveis (Vibra), Energia (Eletrobras) e Petroquímica (Braskem). Acreditamos que tais aquisições seriam negativas para a Petrobras”, escreveram.